Mostra fotográfica sobre a 1ª Olimpíada Indígena de Ji-Paraná é apresentada na CMEI Maria Esmeralda
Para marcar a luta dos povos indígenas pela manutenção de seus territórios e pela valorização da cultura e conhecimentos indígenas, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do Instituto Federal de Rondônia, Campus Ji-Paraná (IFRO/Neabi/Jipa), vem promovendo a divulgação da mostra fotográfica: 1ª Olimpíada Indígena de Ji-Paraná. No dia 11/09, as imagens foram expostas a convite do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Maria Esmeralda Ayres de Oliveira, em Ji-Paraná.
As fotografias apresentaram as modalidades esportivas: futebol, arco e flecha, corrida com tronco, corrida com paneiro, corrida de 100 metros, arremesso de lança e cabo de guerra. Participaram da competição as etnias: Cinta Larga, Ikólóéhj Gavião, Karo Arara, Paiter Suruí, Pangyjej Zoró, Tupari, Aruá, Kampé e Makurap.
Junto ao IV Sarau, com o tema “Os povos originários da Amazônia e a sua relação com a água e demais recursos naturais”, foi realizada a mostra fotográfica para os estudantes e aberta à comunidade. Para a Diretora da CMEI, Jane Terezinha Acco, “a participação do Neabi foi de fundamental importância na conscientização da comunidade escolar sobre a valorização da cultura e conhecimentos indígenas”.
De acordo com os organizadores da mostra, a ação cultural imagética, aproveitando-se do período em que a questão indígena emerge mais fortemente no país, proporcionou reflexão sobre os povos indígenas de modo a possibilitar a superação de pensamentos equivocados e distorcidos sobre eles. A maior relevância desta ação reside no empoderamento dos povos e sabedores indígenas da região.
Além disso, é pertinente uma reflexão sobre o esporte como bem cultural e, sobretudo, como mecanismo de valorização das práticas corporais indígenas no município de Ji-Paraná. A exposição da experiência esportiva vivenciada e capturada pelas lentes fotográficas permitiu a promoção de associação entre signo e significado, conhecimento e fenômeno, por intermédio de um diálogo empático com o documento fotográfico para melhor compreensão do fenômeno esportivo entre os povos indígenas.
O lema “celebrar e não competir” esteve embutido na postura observada em cada modalidade praticada no evento esportivo, em que se evidenciou a celebração e não o rendimento. As danças, cantos e celebrações apresentadas nas olimpíadas são manifestações com significado e ancestralidade indígena. O caráter lúdico da dança e do canto constituem mecanismos de interação entre os sujeitos, mas são também bens simbólicos dessas culturas e a valoração destes bens, são coexistentes.
A 1ª Olimpíada Indígena de Ji-Paraná foi uma expressão esportiva de aprendizado, que rompe a preconcepção e a trivialidade dos conceitos esportivos que nos foram ensinados. As técnicas adotadas por cada povo em cada modalidade são resultantes de uma construção que varia de acordo com fatores socioculturais, das formas como cada comunidade indígena constrói suas vivências corporais em seus territórios. Os registros fotográficos desse evento permite um olhar para o outro. Nessa fronteira interétnica e intercultural, aprende-se sobre si e sobre os indígenas. Ocorre uma dupla admiração: nós (não indígenas) sobre eles e eles sobre nós.
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