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Campus Ji-Paraná sediou o curso Magistério Intercultural

Publicado: Quinta, 06 de Fevereiro de 2020, 09h12 | Última atualização em Quinta, 06 de Fevereiro de 2020, 09h12 | Acessos: 53142

Formatura Magistério Intercultural 4

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Ji-Paraná, sediou de 6 a 31 de janeiro o Magistério Intercultural. O curso de nível médio profissionalizante foi criado pela Secretaria de Educação do Estado do Mato Grosso (SEDUC/MT), por meio das escolas indígenas, para atender a demanda de formação dos professores indígenas das aldeias. O curso é orientado pela Coordenadoria Indígena na SEDUC/Cuiabá/MT e executado pelas respectivas escolas.

A primeira etapa da formação iniciou em 2013, com base no propósito de que as aulas seriam presenciais e intermediárias. O currículo é reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso e os alunos certificados pela própria escola. Enfrentados os diferentes desafios, a escola recorreu a diversos parceiros no decorrer do processo de formação. Em Ji-Paraná, os cursistas tiveram aulas em 2016 no Centro de Formação da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em 2017 na Universidade Federal de Rondônia (UNIR/Ji-Paraná/RO) e a última etapa aconteceu nesse mês de janeiro no IFRO/Campus Ji-Paraná/RO.

Segundo a diretora da escola, Sandra Mara Gonçalves, e a técnica de ensino da Funai (Fundação Nacional do Índio), Lígia Neiva, que assessorou a escola na coordenação do curso, “a parceria com o IFRO foi imprescindível, inclusive pela flexibilidade de horários e dias, pois a carga horária diária do curso era de 12 horas, período em que os alunos permaneciam diuturnamente no campus, incluindo os finais de semana. Além de permitir a presença de crianças no pátio e no ambiente escolar, uma vez que para assegurar a condição para as mulheres se manterem nos estudos, a escola precisa lidar com esta especificidade, do contrário as mesmas se autoexcluíriam por não poder se distanciar dos filhos menores de cinco anos”.

Dos 52 alunos, 18 são mulheres, um avanço significativo conforme a diretora Sandra Mara, “visto não ser cultural a mulher indígena deixar sua casa para quaisquer situação fora do ambiente familiar”. Outro marco importante, segundo Lígia Neiva, foi consolidar ações relativas aos territórios etnoeducacionais, que visam em um dos seus principais objetivos a implementação, a avaliação e o enraizamento da Política de Educação Escolar Indígena, considerando a territorialidade das etnias, participação indígena e a articulação entre os órgãos públicos. Iniciativa tomada pelo Magistério Intercultural na acolhida aos 12 estudantes da etnia Gavião, da terra indígena Igarapé Lourdes – Rondônia, mesmo sendo executado por ente federativo do Estado de Mato Grosso.

Ainda segundo a representante da Funai, outras demandas podem ser pactuadas entre as secretarias de estado e município para implementação nos TEEs (Territórios Etnoeducacionais) por meio do PAR (Plano de Ações Articuladas). As orientações a este respeito estão expostas no Decreto 6.861, de 2009, que dispõe sobre a Educação Escolar Indígena, define sua organização em territórios etnoeducacionais e dá outras providências. 

O cacique geral do povo Zoró, Panderewup Zoró, e os diretores da APIZ (Associação do Povo Indígena Zoró), no período que estiveram acompanhando o curso, buscaram juntamente com a Funai estreitar o diálogo com o IFRO. Eles apresentaram suas demandas, incluindo a possibilidade de abertura de cursos de extensão na área de enfermagem. Atualmente, somam 32 aldeias distribuídas em todo território, distância de até 350 km para chegarem à cidade para atendimentos emergencial.

Além disso, também almejam formações nas áreas de informática e floresta, pois, segundo a APIZ e a Funai, os Zoró são protagonistas na gestão territorial, tendo como referência regional o trabalho com a castanha-do-Brasil, desde a cadeia produtiva local até o mercado consumidor, buscando sempre parceiros que possibilitam o pagamento de preço justo e o mercado solidário. Dessa maneira, acreditam que a parceria com o IFRO pode potencializar e qualificar ainda mais esse processo.

Para a Diretora-Geral do Campus Ji-Paraná, Letícia Carvalho Pivetta, o IFRO se localiza na Amazônia legal, sendo necessária a integração sociocultural com as populações tradicionais da região. A troca de conhecimentos pode possibilitar desenvolvimento que permita a subsitência das populações indígenas, bem como a preservação do meio ambiente, via práticas sustentáveis. “A parceria com a Funai proporciona uma troca enriquecedora de conhecimentos para ambos os lados, temos muito a aprender com as populações indígenas e, também, temos algo a ensinar”, ressalta.

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