NEABI/JIPA participa da IX Assembleia da Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR)
O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do IFRO Campus Ji-Paraná (Neabi/Jipa) esteve presente na IX Assembleia Geral das Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR), realizada entre 11 e 15 de setembro, na Aldeia Paygap, dos Karo Arara. Essa aldeia está situada na Terra Indígena Igarapé Lourdes, onde vivem tanto o povo Karo Arara quanto o povo Ikólóéhj Gavião, no município de Ji-Paraná. A participação contou com a presença da Vice-Coordenadora do Núcleo, Lediane Fani Felzke, e os estudantes Vinícius Inácio de Cristo e Maria Eduarda Yamamoto Tome.
O tema da assembleia foi “Reconstrução e Resistência” e reuniu mais de cem mulheres de várias etnias de Rondônia, além da participação de instituições parceiras, como o IFRO, para a promoção de um ambiente de diálogo e reivindicações empenhado na construção de políticas públicas para os povos indígenas do estado.
O evento contou com a presença de autoridades federais, como a Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara; a Presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana; a Diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Lúcia Alberta Andrade; Geovana Cruz Madulão, da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), que representou o Secretário Weiber Tapeba; e a Coordenadora de Políticas para Mulheres do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Luma Lídia Kamaiurá.
Em suas considerações, a Ministra Sônia Guajajara destacou a evolução do protagonismo feminino indígena no Governo Federal: “Estamos celebrando a presença de mulheres em cargos de liderança, como na presidência da Funai, no parlamento brasileiro, nas coordenações do DSEI e nas coordenações regionais. Esses avanços são conquistas históricas para o movimento indígena e marcarão um legado para as futuras gerações”. As dirigentes indígenas apoiaram o diálogo e a construção de soluções e puderam verificar in loco as necessidades e adversidades vivenciadas pelas mulheres indígenas de Rondônia.
Segundo a Professora Lediane Felzke, no âmbito institucional, o Neabi/Jipa tem enorme satisfação em acompanhar a atuação da Vice-Secretária da AGIR, Maristela Arara, que também é aluna do IFRO Campus Ji-Paraná e membro do Neabi/Jipa na luta pelo reconhecimento de direitos e valorização da cultura indígena. Na assembleia, Maristela destacou a importância da organização das mulheres indígenas: “Estamos aqui para demonstrar nossa organização e garantir que nossas vozes sejam ouvidas. Buscamos soluções que respeitem nossos direitos e necessidades”.
Para a estudante do Curso Técnico em Informática, Maria Eduarda Yamamoto, “a Assembleia da AGIR foi extremamente importante, pois com ela foi possível ressaltar problemas que os povos indígenas sofrem há um bom tempo. A oportunidade de participar desse momento permitiu ampliar minha visão em relação aos problemas enfrentados pelos povos indígenas. Além disso, o evento foi marcado por apresentações de canto e danças tradicionais lindíssimas e de grande valor cultural”.
No que tange ao IFRO, foram demandadas melhorias no acesso e na permanência dos estudantes indígenas, cursos de interesse das comunidades, como é o caso do curso de Enfermagem, maior controle do acesso por cotas raciais para evitar fraudes, entre outros pontos. “A presença do IFRO, por meio do Neabi, Campus Ji-Paraná, foi crucial para que nossa instituição se aproxime de forma mais efetiva dos povos indígenas e, deste modo, cumpra seu papel de diálogo com as realidades locais e regionais”, destacaram os participantes representantes do Núcleo.
Temas discutidos
Durante a IX Assembleia Geral das Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR), foram debatidos temas como a demarcação de territórios: avanços e desafios na delimitação e proteção das terras indígenas; violência doméstica: estratégias para enfrentar e reduzir a violência dentro dos territórios; atendimento do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI): avaliação e melhorias no atendimento às comunidades; políticas de assistência: desenvolvimento de políticas para enfrentar seca, enchentes e queimadas que afetam as comunidades.
Além da proteção territorial: necessidade de mais operações de desintrusão e reforço dos limites das áreas indígenas; fiscalização e proteção: monitoramento de empreendimentos que impactam negativamente as comunidades, com apoio do Ibama e do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA); saúde e educação: melhoria no acesso a serviços de saúde e educação, adaptadas para as comunidades indígenas; e atividades produtivas e geração de renda, com destaque para a arte indígena e a necessidade de apoio para acessar o mercado.
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