Representantes de Ji-Paraná têm trabalho aprovado no ENNEABI tratando da vida e obra de bibliotecária e escritora do Campus Calama
Uma proposta do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Ji-Paraná, foi aprovada no VII Encontro Nacional dos NEABIs da Rede Federal (ENNEAB). O estudo envolve história e a produção literária da Bibliotecária/Documentalista do Campus Calama, Cledenice Blackman. O trabalho é das alunas Kaemilli de Oliveira Fagundes (3º do Curso Técnico em Química) e Raylayne Pereira da Silva (3º do Curso Técnico em Informática), sob a orientação Professora de História, Monica do Carmo Apolinario de Oliveira.
O acesso inicial às obras de Cledenice foi a partir de matéria publicada no Portal Institucional: Bibliotecas do IFRO recebem doação de exemplares do livro “Do mar do Caribe à beira do Madeira II: A diáspora afro-antilhana para o Brasil”. Raylayne e Kaemilli procuraram a Professora Mônica para fazer uma pesquisa sobre a escritora rondoniense, negra, e que fazia parte da própria instituição. Na submissão feita ao evento nacional, o estudo ficou com o título “A voz ancestral da escritora negra rondoniense Cledenice Blackman”, e agora será apresentado e publicado no ENNEAB deste ano.
“É importante destacar que as matérias publicadas no site do IFRO servem também como motriz, de ponte e elo para despertar novas pesquisas”, avalia Cleidenice. A servidora está concorrendo nacionalmente ao “Prêmio Jabuti 2023”, considerado o maior prêmio da área no Brasil. Agora, os livros recebidos e aceitos pela Equipe Prêmio Jabuti foram encaminhados para o corpo de jurados. Em breve será divulgado o resultado da apuração, quando serão revelados os pré-finalistas de cada categoria. O livro concorre na categoria Ciências Humanas.
“Do mar do Caribe à beira do Madeira II: A diáspora afro-antilhana para o Brasil” (2022), escrito pela Bibliotecária/Documentalista do Campus Porto Velho Calama, já é uma material cultural premiado na esfera estadual. O livro foi contemplado pela Lei Aldir Blanc através do Edital 31/2021/SEJUCEL-CODEC, 2ª Edição Marechal Rondon Prêmio de Produção Literária, Fonográfica e Digital para Difusão de Expressões Culturais, Eixo – I Publicação de Livros e Revistas Culturais – Categoria A – Publicação de livros inéditos – Individual. Como contrapartida, no ano de 2022, Cledenice Blackman fez doação de 18 livros para o IFRO, sendo 3 exemplares para as Bibliotecas dos Campi Velho Zona Norte e Calama e 2 exemplares para as Bibliotecas dos Campi Guajará-Mirim, Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Vilhena e Colorado do Oeste.
A obra é resultado da pesquisa durante o Doutorado em Educação feita pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Marília, por meio do termo de cooperação técnica entre a Unesp e o IFRO, que resultou na primeira turma de Doutorado em Educação Interinstitucional (Dinter). Cledenice defendeu sua tese de doutorado em 10 de dezembro de 2020, por videoconferência, intitulada “A mulher afro-antilhana de Porto Velho e sua anterioridade na educação”. Ela explica que o título do novo livro é “Do mar do Caribe à beira do Madeira II: A diáspora afro-antilhana para o Brasil” e que é consequência de parte desse processo de doutoramento.
Cledenice Blackman e Mônica Apolinario são egressas do primeiro Dinter UNESP/IFRO (2018), o que facilitou a comunicação após contato das alunas. Segundo Raylayne Pereira da Silva, “a aprovação do estudo no ENNEABI é relevante, pois reflete a importância da produção acadêmica e literária de mulheres negras, como marca de pertencimento étnico e como mecanismo de ação política e resistência aos silenciamentos e marginalizações históricas. E mais especial, por se tratar de uma escritora rondoniense, que representa nosso estado”.
Para Kaemilli de Oliveira Fagundes, pesquisas como a que estão realizando “representa uma oportunidade de evidenciar a produção literária de Rondônia, e destacar a contribuição de Cledenice Blackmam, enquanto mulher preta que ocupa lugar de destaque no meio literário rondoniense. Mas o estudo de sua obra é um caminho para desconstruir ‘verdades’ cristalizadas pela misoginia e pelo racismo”.
Exercendo também a função de Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena (NEABI/IFRO/Ji-Paraná), a Professora Mônica do Carmo Apolinário de Oliveira relata que “a escrita da autora rondoniense Cledenice Blackman é relevante histórica e culturalmente, pois se constitui de temáticas de valorização da história negra antilhana em Porto Velho (RO). Comprometida com uma abordagem histórica emancipatória e de alteridade, segmentos de memória ancestral de tradição e cultura afro-antilhana que postulam o passado histórico e as experiências vividas por homens e mulheres pretas nas paragens amazônicas do Rio Madeira”.
“A voz literária de Cledenice Blackman é destituída de submissão, ela se apropria da escrita para (re)contar o eventos histórico-culturais dos negros antilhanos em Rondônia. Sua escrita deixa como espólio uma lição preciosa: é fundamental dar visibilidade aos sujeitos, descortinar, fazer emergir suas vivências e experiências com o conhecimento, evidenciar suas produções e dar a elas a valoração humana que alarga a consciência”, conclui a docente.
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