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Cine Itinerante "Do mar do Caribe à beira do Madeira" chega ao IFRO Campus Porto Velho Calama nesta sexta-feira (27)

Publicado: Terça, 24 de Setembro de 2024, 00h33 | Última atualização em Quarta, 25 de Setembro de 2024, 15h32 | Acessos: 954

Cine Itinerante Do mar do Caribe

Além de mostra cinematográfica, programação contará com sarau e lançamento de livro infantojuvenil

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Calama, sedia na próxima sexta-feira (27 de setembro), o encerramento das atividades do Cine Itinerante: “Do mar do Caribe à beira do Madeira: Educação, Arte e Cultura cinematográfica em instituições de Ensino”, com mostra de filmes, sarau e lançamento de livro infantojuvenil. O evento é gratuito e aberto ao público.

“O objetivo principal deste projeto é oportunizar a sétima arte, através do cinema itinerante, para três escolas municipais onde já foram realizadas as sessões: E.M.E.I.F. Areal da Floresta, no dia 21 de junho, E.M.E.I.E.F. Pé de Murici, no dia 5 de julho, E.M.E.I.E.F. Bilíngue Porto Velho, no dia 9 de agosto, e agora o projeto chega ao Campus Porto Velho Calama do IFRO”, informa a Coordenadora do projeto, Bibliotecária/Documentalista do Campus Calma, Cledenice Blackman. 

Conforme Blackman, o projeto é institucionalizado via Edital nº 3/2024/PVCAL - CGAB/IFRO, de 23 de janeiro de 2024, Edital de Institucionalização das Ações de Extensão - Fluxo Contínuo. Contudo, foi submetido, aprovado e contemplado pelo Edital de Chamamento Público nº 001/2023/FUNCULTURAL para seleção de projetos artísticos e culturais que contemplem o desenvolvimento e a produção de obras audiovisuais no munícipio de Porto Velho-RO, no âmbito da Lei Complementar nº 195 - Lei Paulo Gustavo, de 8 e julho de 2022, do Decreto nº 11.453, de 23 de março de 2023, e do Decreto nº 11.525, de 11 de maio de 2023.

Programação

A partir das 10h15, no auditório do IFRO, Campus Porto Velho Calama (localizado na Av. Calama, 4985 - Flodoaldo Pontes Pinto), ocorrerão duas sessões do cine itinerante. Na Sessão Cine I, será exibido o Curta-Metragem/Documentário “Resistência”, do Diretor Audiovisual, Juraci Junior. Na sequência, na Sessão Cine II, a exposição do documentário “Festival do Mar do Caribe à Beira do Madeira 2022 (dia 1)”Cine Itinerante Do mar do Caribe Resistência   

Já às 18 horas, também no auditório do Campus Porto Velho Calama, ocorrerá o Sarau Cultural de Artes Integradas: Do mar do Caribe à beira do Madeira. Com a participação e presença das seguintes artistas e instituições: Alice Maria Poltronieri (poetisa); Bira Lourenço (músico); Isabelle Davis (trancista); Profª Dra Nair Gurgel (Baladeira – exposição/venda de livros e artigos regionais); Joeser e Ariana Boaventura (Coletivo Madeirista); Professor Deivis Santos (poeta, compositor, professor do IFRO); Sarah Johnson e Leonilce de Nazaré Blackman (culinária barbadiana); e  Imagem do Interior (audiovisual); Temática Editora e Cursos (exposição/venda de livros), Márcia Cordeiro, dentre outros.

A programação noturna também contará com o lançamento do livro infantojuvenil bilíngue “Do mar do Caribe à beira do Madeira: A travessia de uma família de Barbados para o Brasil/From the Caribbean sea to the Madeira’s bank: A family’s crossing from Barbados to Brazil (2024)”, de autoria da Bibliotecária/Documentalista do Campus Porto Velho Calama, Cledenice Blackman, que também é historiadora e desenvolve pesquisas na área. A tradução para o inglês foi realizada por Wany Sampaio e s ilustrações da obras pelo artista visual, Flávio Dutka. 

O livro narra a história das famílias Blackman e Goodrich, imigrantes da ilha de Barbados para o Brasil no ano de 1910 para contribuir na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (E.F.M.M.). E, consequentemente, na criação do município de Porto Velho/Rondônia. O livro é escrito em versão bilíngue (português e inglês).

Escola Bilíngue

No dia 9 de agosto, alunos e servidores da Escola Bilíngue Porto Velho receberam sessões do Cine Itinerante. Após a exibição do documentário, ocorreu um bate-papo, com tradução em Libras. Segundo a Professora Sirleia Araújo, atualmente são atendidos sete alunos surdos na instituição. Todos os professores sabem Libras e a escola oferece para todos o ensino da Língua Brasileira de Sinais.

“As crianças ouvintes aprendem também para se comunicar com eles. Isso é de fato a inclusão, com todo mundo falando, comunicando-se em Libras. Eu avalio como algo muito relevante a vinda do cine itinerante para a nossa escola, até mesmo porque nós temos um projeto político-pedagógico que contempla ações voltadas para as questões étnico-raciais. E o projeto do Mar do Caribe à Beira do Madeira traz na sua essência toda essa história regional, inclusive abordando a questão das etnias, das famílias que migraram, que construíram a Estrada de Ferro, as famílias tradicionais aqui do nosso estado, então para eles é algo muito rico conhecer um pouco mais”, comentou.

A Professora de Libras Cleidiane da Penha, que trabalha em todas as turmas do pré ao quinto ano, aprovou a atividade na escola. “Pensaram num filme que tem a tradução, né? Todas as músicas, toda a temática que ele traz, ele se reporta em língua de sinais. Então isso é muito rico. Também trouxe as imagens, e essa questão imagética para eles é fundamental. E teve a exposição do livro infantil, e que pode se pensar até num futuro próximo em fazer a tradução para a língua de sinais, uma vez que é uma língua própria, que tem uma própria gramática, diferente da língua portuguesa”, sugeriu.  Escola Bilingue 5

Para a Professora Ruth Prudêncio da Silva Fortes Alves, que atua no pré-II matutino, a atividade proporcionou o conhecimento sobre a regionalidade de onde os alunos vivem.  “Eles vão perguntar muito depois, porque são bem curiosos. Então vai gerar discussão entre eles, e isso é ótimo, né?”, comentou.

Na visão da pequena Ana Valentina, o que mais chamou a atenção foi o trecho em que a atriz Negra Mari está em cena. A garota disse que iria contar para o pai a avó sobre o que aprendeu assistindo ao documentário e nos livros apresentados por Cledenice Blackman ao final da atividade.

A Vice-Diretora da escola, Itamar Braga, aprovou a atividade dizendo ser muito importante repassar para a comunidade estudantil os conhecimentos sobre os vários povos que vieram para Porto Velho ajudar na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. “Para que os alunos cresçam sabendo da cultura local, da cidade onde eles nasceram, onde eles vivem, e esse estímulo para o conhecimento da cultura local”, complementou.

Raízes do Projeto

Sarau Do mar do CaribeCledenice, autora do projeto, explica que ele nasceu na universidade (Unir), no bacharelado em História, e se estendeu por todas as fases e sua trajetória acadêmica: nos dois mestrados e no doutorado em Educação, que trouxe a cartografia da mulher afro-antilhana e sua descendência no contexto educacional e social de Rondônia. “Outras questões inéditas vieram à tona, como a de identidade, pertencimento e viver amazônida da população negra advinda do Caribe inglês, que antes das minhas investigações eram estudados como sendo os “barbadianos”, ou seja, de maneira universalizada, sendo que a comunidade de imigrantes das Antilhas inglesas era de diversas partes do Caribe inglês: Barbados, Granada, Trinind e Tobago, São Vicente, Jamaica, Guiana Inglesa e outras”, comenta.

O trabalho de Blackman também levou ao centro do debate temas como: preconceito reproduzido em produções bibliográficas. “Havia um pensamento universal/eurocêntrico nas/sobre as produções bibliográficas, consequentemente, a partir da perspectiva decolonial, consegui romper com a desmistificação historiográfica e paradigmas cristalizados há mais de 100 anos sobre o olhar do imigrante do Caribe inglês que vinha para Amazônia em busca de melhores condições sociais/econômicas e em Porto Velho muitos foram introduzidos nos serviços da construção da E.F.M.M. (1907/1912)”, explica.

Segundo Cledenice, a partir desse movimento de pesquisa, surgiram várias produções envoltas na temática, como o Festival do mar do Caribe à beira do Madeira, o Cine Itinerante, além de produções literárias decoloniais. “Desse modo, o afro-antilhano/ribeirinho e seus descendentes têm seu local de guarda cultural de artes integradas ressignificadas”, conclui.

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