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Servidora lança livro sobre a cheia de 2014 do Rio Madeira durante Conect 2024

Publicado: Sexta, 29 de Novembro de 2024, 16h46 | Última atualização em Sexta, 29 de Novembro de 2024, 17h02 | Acessos: 233

Livro Lançamento 6O livro “A cheia histórica do Rio Madeira e a espetacularização dos discursos” foi lançado na terça-feira, 26, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Zona Norte. A atividade fez parte das ações de comunicação dentro do Congresso de Estratégica, Comunicação e Tecnologia (Conect 2024), que neste ano tem o tema "Os desafios da transformação digital e sustentabilidade para a comunicação e gestão pública".

A obra é uma publicação da jornalista do IFRO, Rosália Aparecida da Silva, e sua orientadora no Mestrado em Letras na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Nair Ferreira Gurgel do Amaral. O principal objetivo foi verificar como a espetacularização produziu sentidos na mídia impressa da época, além de investigar as ideologias presentes nos discursos em relação à elevação das águas, discutindo as condições de produção do discurso e dos sentidos.

“Publicar um livro baseado em uma pesquisa de mestrado transcende o simples compartilhamento de conhecimento. Ainda mais tendo estudado algo que atravessa nossa vida diária como é o Rio Madeira, tão próximo de nós na cidade de Porto Velho, e que corre por tantas outras comunidades. E estudar o que está em sua volta, como é o caso dos discursos, é também uma reflexão profunda sobre como recebemos e interpretamos informações, considerando as nuances de discursos e interesses que os permeiam. É questionar quem fala, por que fala e o que realmente está sendo dito, para além da camada superficial da informação. Como este livro demonstra, até mesmo um rio não flui sem ser influenciado por interesses e disputas sociais”, ressaltou Rosália.

Presente no lançamento, o autor do prefácio, o Jornalista José Gadelha da Silva Junior, comenta que “este livro, sem dúvida, nos dá a oportunidade de pensarmos sobre o fenômeno da comunicação e o papel da mídia na construção de discursos acerca de acontecimentos que afetam a vida de toda a sociedade e, neste caso, Rosália e Nair se debruçam sobre a questão da cheia histórica do rio Madeira de 2014, que ainda hoje traz reflexos. Sem dúvida, estamos diante de um trabalho de pesquisa de enorme relevância social, cultural e política, porque tensiona aquilo que muitas vezes recebemos (e assimilamos) como verdades absolutas, quando bem sabemos que tudo o que vemos, lemos e ouvimos tem sempre como horizonte o olhar e a perspectiva de pessoas ou instituições. E isso não se discute no cotidiano das redações, portanto, este é um livro de cabeceira para todo jornalista e pessoas curiosas que queiram avançar no conhecimento”.

É importante fazer o adendo, dizem as autoras, de que “este trabalho não tem o interesse na língua ou no texto puramente, mas no discurso”. Como trabalho inscrito na Análise do Discurso, o grande desafio foi buscar inventariar as realidades postas naquele ano de 2014 que nem sempre eram tão visíveis quanto acreditavam. Pois, se pelas teorias existentes um dia o sujeito foi consciente de si, a Análise do Discurso colaborou para colocar esse conhecimento à prova, debatendo a relação entre o inconsciente e o sujeito ativo na enunciação, o que contribui para desvelar muitos dos implícitos da língua.

Os discursos produzidos sobre a Cheia do Rio Madeira no ano de 2014 ressoaram tal qual a subida histórica das águas. O desafio enfrentado entre a linguagem técnica e a busca por popularização da ciência é uma constante por quem atua na área, nos vários órgãos de pesquisa e produção de novos conhecimentos. Jornalismo e ciência são áreas não isentas do mundo e posicionamentos que as rodeiam, mas nem por isso deixam de ser essenciais à vida atual.

Segundo as autoras, “foi assim que o estudo procurou analisar os diferentes discursos que circularam por ocasião da enchente histórica que assolou as comunidades ribeirinhas, principalmente no município de Porto Velho/RO, no ano de 2014”. Afinal, assim como um rio transporta mais que águas (ele carrega diversos sedimentos junto a ele, e no caso do rio estudado, muita madeira), imaginemos, então, as historicidades que estão ao lado de um período de transbordamento.

A estrutura redacional do livro compreende: “Metodologia para atravessar o rio”, “O palco é o Rio Madeira”, “Um porto teórico e conceitual”, “Hora do sobrevoo sobre o rio: análises e resultados”, pois, mesmo o discurso não sendo transparente, é possível estudá-lo e melhor compreendê-lo.

Fizeram parte daquele momento diversas falas, diversas defesas, teses e contrateses defendidas. Uma das maiores ligações feitas à cheia estava amparada na recente construção de Usinas Hidrelétricas no Rio Madeira, debate iniciado logo na entrada do ano 2000, quando se avançou na proposta e atual consolidação das Usinas de Jirau e de Santo Antônio, em Porto Velho (RO). Por outro lado, nem todos os discursos tiveram convergência de sentido, havendo concordâncias e discordâncias dentre todos os interesses ali presentes.

Quem bebeu da água deste rio, sabe o que é construir historicidades. A cultura midiática e midiatizada traz em seu bojo a mediação entre realidade e leitores, uma vez que aquilo que os textos da mídia oferecem não é a realidade, mas uma construção que permite ao leitor produzir formas simbólicas de representação da sua relação com a realidade concreta.

No dia 30 de março de 2014, o Rio Madeira atingiu o maior pico registrado historicamente: 19,74 metros. Até então, a cota máxima havia chegado a 17,52 metros no ano de 1997. No livro, Rosália e Nair mostram a espetacularização e a midiatização, o rio e o imaginário. O corpus de análise foi composto por documentos governamentais (Defesas Civis/Bombeiros, SIPAM, Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal); e Matérias da mídia (consulta ao arquivo do Jornal Diário da Amazônia). Foram 1.076 diferentes arquivos textuais (verbais e não-verbais), formados por diferentes gêneros do discurso jornalístico. Foi escolhido como representação da mídia o Jornal Diário da Amazônia, único veículo de comunicação impressa em circulação diária, na época, na capital.

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