Instituto Federal de Rondônia

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Campus Calama discute biomas brasileiros e reúne mais de 600 alunos de 1º e 2º anos do ensino médio na programação

Cerca de 600 alunos de 1º e 2º anos de cursos técnicos integrados ao ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Calama, se envolveram diretamente na programação desenvolvida na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). Com uma programação diversificada que reuniu a discussão sobre os biomas brasileiros, foi realizada no período de 09 a 12 de dezembro.

Inserido na abertura da SNCT, o evento Conexão, Legado e Movimento, envolveu docentes e especialistas das mais variadas áreas na discussão de quatro painéis sobre Moradia Digna; Mudanças Climáticas; Práticas Integradoras e Êxitos Acadêmicos, proporcionando a troca de informações sobre pesquisas e projetos desenvolvidos durante o ano, com temas que unem ciência, tecnologia e educação à sociedade.

De acordo com o Chefe do Departamento de Pesquisa (Depesp), Willians Pereira, “a Semana de Ciência e Tecnologia é um ponto para a gente divulgar a ciência dentro da instituição. Esse ano tem um tema voltado para os biomas do Brasil e tem algumas coisas que nós fizemos diferente para que a semana acontecesse. Uma coisa foi a inserção das práticas integradoras dentro da SNCT, que é algo novo. Atualmente temos a curricularização das práticas integradoras, que a ideia é integrar a pesquisa, o ensino e a extensão dentro do currículo dos alunos. Então, os projetos que foram desenvolvidos ao longo do ano foram apresentados dentro da SNCT”.

Segundo Willians, isso ajudou a popularização da ciência porque teve o envolvimento de praticamente 600 alunos dos 1º e 2º anos. Conhecimento que agora faz parte do currículo deles e essa é uma fase da avaliação deles em sala de aula, pontua o professor. Todos fizeram a exposição dos projetos que foram construídos em sala de aula. Os projetos tratam desde o levantamento sistemático e bibliográfico, até o desenvolvimento de protótipos.

“O pessoal da Eletrotécnica estava desenvolvendo a parte de automação residencial; o pessoal da Química estava desenvolvendo repelentes para conter o mosquito da dengue; a área de Informática também tinha aplicações como a compostagem doméstica; tivemos diferentes oficinas, especialmente para a indústria 4.0; discutindo temas atuais como a inteligência artificial, internet das coisas; a integração da manufatura com corte a laser; entre outros temas que são de relevância na transformação do mundo digital”, elenca o Chefe do Depesp.

O professor anunciou ainda um seminário de pesquisa, com previsão de apresentação de 39 projetos contemplados com recursos da instituição, taxa de bancada e bolsa para os alunos, envolvendo alunos do ensino médio e dos cursos de graduação. E destacou a produção de sabonetes pediátricos na área de Química e a construção de aplicativo para celular relativo à compostagem doméstica, desenvolvido por alunos da Informática. Willian destacou ainda o evento ‘Conexão Legado e Movimento’ inserido na Semana e que possibilitou a apresentação das pesquisas e discussão entre todos os docentes da instituição.

A Professora de Química, Márcia Bay, explica que os alunos estão demonstrando tudo o que foi feito durante o ano nos laboratórios. Destacou o trabalho sobre os cosméticos veganos e outro de fotoproteção. Ela falou da importância da troca de informações entre as equipes, “pois essa é a hora em que todos apresentam seus trabalhos para que sejam conhecidos e é claro que ficamos surpresos com as produções dos grupos de alunos”, destacando a linha completa de cosméticos desenvolvida com produtos vegetais do bioma amazônico, entre eles, sabonetes, desodorante, esfoliante e hidratantes.

“Tudo isso poderá ser desenvolvido no futuro pelos próprios alunos”, destaca a professora, afirmando que as apresentações trazem grande contribuição para o conhecimento de toda a comunidade acadêmica.

Letícia de Souza e Silva, do Curso Técnico em Informática, apresentou o projeto de compostagem doméstica, no qual o grupo desenvolve um aplicativo para celular que indica a redução de emissão de gases poluentes do efeito estufa. “É um projeto sustentável que ainda vai trazer dicas de tratos sustentáveis, podendo registrar a composteira para acompanhar o resultado da compostagem”. O projeto conta com orientação das Professoras Camila Serrão e Gabriela Toda.

Gustavo Neves, do 2º ano de Informática, participa do grupo que desenvolve um almanaque didático, segundo ele trata-se de “um material educacional que ensina os conteúdos da UML (Linguagem Unificada de Modelagem) de uma forma mais descomplicada. Ela é um conjunto de diversas linguagens visuais que a gente pode se planejar e se comunicar melhor como funciona o planejamento de nosso software e nossa programação, e a gente pode visualizar”, diz. O almanaque explica esses processos de uma forma mais acessível, em forma de história em quadrinhos.

Para o Professor de Química, Luiz Fernando Lira Souto, a SNCT é uma oportunidade que o IFRO tem para mostrar o que faz em termos de ciência, inovação e tecnologia, uma oportunidade ímpar para a comunidade acadêmica na troca de experiências e de perspectivas futuras que possam auxiliar e formalizar parcerias entre eles. Dentre os trabalhos que estão sendo apresentados, Luiz Fernando destaca a pesquisa sobre a matéria orgânica que é descartada no ambiente, como as sementes do açaí e o curauá. “Temos ainda a pretensão de verificar outras espécies e outros resíduos de espécies amazônicas. Um processo que já está bastante avançado é o do biofertilizante, já com pretensões de patentear e registrar a marca e, possivelmente, no próximo ano divulgar e levar ao mercado”, informou.

O docente destacou ainda um grupo de Química formado recentemente, o Quemac (Química de Materiais e Catálises), com a intenção de pesquisar a biodiversidade da região e apostar na biotecnologia, com boa perspectiva para os próximos anos.

O Professor de Administração, Alberto Pérsio Alves Everton, disse sentir-se muito feliz por fazer parte da SNCT, “uma oportunidade que nós temos de aprender com a produção dos alunos desenvolvida durante o ano, assistindo o esforço de cada aluno, de cada equipe para apresentar o seu tema”.

Com a equipe de Controle e Automação, Alberto disse que foi feita uma pesquisa econômica sobre preços de produtos e o comportamento dos consumidores, que foi realizada em três regiões da cidade – zonas sul e leste e centro – sobre produtos e serviços oferecidos nessas regiões. “O levantamento é de fundamental importância para a economia para que a gente possa observar o mercado, as empresas e o comportamento econômico das pessoas nessas áreas”, observou, apontando que a pesquisa aferiu preços de aluguéis, produtos e de salários.

Um plano de comunicação para a instituição também foi discutido durante a SNCT em oficina apresentada pelo Coordenador de Comunicação do Campus Calama, Vitor Viana, resultado de sua pesquisa de mestrado, que estudou o Plano de Comunicação integrado ao Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFRO.

Na opinião do servidor Marcelo Fernandes, do Depesp, a elaboração estratégica de um plano de comunicação é muito importante e ele espera que nas próximas edições do PDI, o plano possa ser construído com a participação de todas as áreas. “É uma forma de facilitar para que toda a sociedade conheça as ações do instituto”, declarou.

Segundo Vitor, é “muito importante ouvir a opinião de nossos parceiros sobre as lacunas que eles encontram no processo da comunicação, entender suas necessidades e futuramente construir junto uma proposta que atenda às necessidades e fortaleça nossa instituição”, declarou.

Para a Técnica Educacional Fernanda Dias da Silva, a oficina foi esclarecedora em muitos pontos apresentados que são passíveis de discussão, “e o bom é que se propõe a uma solução para aparar as lacunas e mitigar as intercorrências que a gente tem na comunicação, uma forma de melhorar a divulgação de nossas ações entre nós e o público que a gente atende”.

Ponte de palito suporta 202 quilos

Os alunos do Técnico Integrado ao Ensino Médio em Edificações encerraram as demonstrações de pesquisas durante a SNCT. Com a apresentação da competição de pesos em pontes de palitos de madeira que são construídas pelos grupos, verificaram a ponte que resiste à maior carga. Orientados pelo engenheiro civil e professor do Curso Técnico em Edificações, Frédi Rodrigues Ramos da Silva, que explicou ser essa a sexta competição realizada. Ele disse que normalmente o evento é feito no Dia do Técnico em Edificações, contudo, nesse ano, resolveu-se fazer durante a SNCT.

Conforme Frédi, para a competição, os alunos conseguem aplicar conteúdos que veem no dia a dia do curso. Os alunos devem pensar na estrutura e como podem realizar a construção. “É um evento lúdico onde os alunos conseguem se distrair e se divertir, além de levar na memória as boas relações que alcançam durante a participação”, diz o professor.

O grupo vencedor, denominado Twiter X, foi formado pelas alunas do terceiro ano vespertino – Alice Vitória da Silva Gusmão; Geovana Ágata Paiva Lima; Ana Carolina Galvão; Vitória Elisa Monteiro Coutinho; Ludmila Batista dos Santos e Milena Prestes Batista.

“É muito marcante para nós, um grupo só de mulheres, sair com o prêmio de primeiro lugar”, destacou Alice Vitória. Elas disseram que já estavam esperando porque no ano passado ficaram em segundo lugar. Esse ano capricharam e se esforçaram para chegar à final e trouxeram a ponte que suportou o peso de 202 kg. Alice disse que o resultado foi muito gratificante. Também destacaram o apoio da Professora Melissa para o sucesso do empreendimento. A maioria delas pretende cursar Engenharia Civil no Campus Calama.

Além das apresentações das pesquisas, a SNCT 2024 também contou com a oficina “Patrimônio em cores: ação e criatividade”, organizada pelos Professores Telma Martins e Deny Ardaia e a programação do Festival de Cultura, Identidade e Educação Ambiental, com a apresentação das bandas Quilomboclada e Caiariver, e da cantora Márcia Aguiar.