Programação do Novembro Negro amplia conscientização dos alunos no Campus Calama
Atividade será proposta para figurar no calendário oficial do campus
Com uma programação diversificada, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Neabi/IFRO), Campus Calama, discute temas como negritude, gênero e raça, durante todo este mês de novembro.
De acordo com o Professor de Língua Portuguesa, Joilson Mendes Arruda, um dos organizadores da programação, pensou-se em ampliar as atividades para todo o mês, para não ficar só no dia 20 de novembro, marcado como Dia da Consciência Negra. Segundo ele, nesse sentido, a programação iniciou-se na primeira semana de novembro, nos dias 5 e 6, com a Roda de Conversa promovida pelo Grupo de Inovação Social (GIS).
No dia 11 de novembro foi realizado o Painel “O Negro na Amazônia”, promovido pelo Sociólogo da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Sérgio Luiz de Souza, que fez uma palestra sobre quilombolas e apresentou junto com seus orientandos de mestrado uma reflexão sobre o Hip-Hop no estado de Rondônia.
Do dia 18 de novembro, prosseguindo até o dia 30, haverá no hall de entrada do Campus Calama uma exposição fotográfica sobre o tema da negritude, feita pelos alunos da Professora de Artes, Telma Cristina Martins dos Santos. Nessa semana também haverá uma batalha de rap, na cantina do campus, com a participação dos alunos dos demais campi que estão nos jogos estudantis, o JIFRO 2024.
No dia 27, haverá um desfile de moda afro, pintura corporal e apresentação musical, com ações também organizadas por alunos da Professora Telma Cristina. A programação se encerra no dia 28, com a Palestra “O negro na sociedade de classes”, com o ativista Léo Péricles, de Belo Horizonte; e a roda de conversa sobre racismo e intolerância religiosa, com a historiadora Flávia de Souza.
Joilson afirma que a intenção foi a de desenvolver durante todo o mês uma programação voltada para as questões raciais. Segundo ele, o Novembro Negro já deveria constar do calendário acadêmico como atividade do campus e isso estará sendo proposto durante os eventos que compõem a programação, para que seja, de fato, institucionalizado no calendário. De acordo com o docente, as questões raciais não vão ser superadas tão cedo. Questionado sobre como os alunos recebem e refletem sobre essas atividades, ele afirma que cada vez mais se amplia a discussão e o conhecimento sobre raça, contudo, muitos alunos ainda têm dificuldade em entender conceitos como negro, que, segundo o IBGE, são pretos e pardos. “Esses eventos e a discussão sobre os conceitos vão ampliando a identificação pessoal e como a sociedade identifica as pessoas”, reflete.
“Quando o palestrante trabalha os conceitos, trabalha a história e trabalha a legislação pertinente e aí quando ele leva a palavra para os alunos, os alunos lembram de alguma situação que passaram, que no período eles não se deram conta, mas que hoje eles percebem que sofreram racismo e muitas vezes nem sabiam, por exemplo, porque o racismo está muito imbricado na sociedade”.
Joilson ainda afirma que os eventos também permitem aos alunos refletirem sobre o papel do Neabi e o que o Núcleo faz. “Enquanto Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas, a gente está voltado, claro, para pesquisas, mas também para promoção, por assim dizer, da igualdade racial, para trazer esses debates, para que haja cada vez menos discriminação, para que haja cada vez mais reconhecimento das pautas raciais, de quem é preto e dos direitos que tem”.
O Neabi trabalha com projetos de extensão, de pesquisa e de ensino e conta também com pesquisadores externos ao campus, faz reuniões de capacitação, participa de bancas de heteroidentificação, de bancas sobre bolsas para indígenas e quilombolas; e propõe outras atividades como a Semana Indígena, entre outros eventos.
“Só a luta muda a vida”
Flávia de Souza, da pasta de Políticas para as Mulheres, que vai participar da roda de conversa sobre racismo e intolerância religiosa, a ser realizada no dia 28 de novembro, a partir das 15h, disse ser uma mulher preta, periférica e umbandista. Ela também é historiadora e professora de História, graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Mestre em Ensino por essa mesma instituição. É servidora do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) desde 2011 e atualmente está lotada no IFES Campus Aracruz.
A palestrante está no segundo mandato na diretoria da Seção Sindical IFES, atuando como coordenadora de comunicação e vai exercer seu primeiro mandato na Direção Nacional do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), à frente da Coordenação de Políticas para Mulheres. A historiadora enfatizou acreditar no trabalho coletivo e afirma que “só atuando coletivamente conseguiremos modificar nossa sociedade. Só a luta muda a vida”, afirma.
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