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Curso de Engenharia Química do Calama atende à demanda industrial de Rondônia com inovação e sustentabilidade

Publicado: Terça, 24 de Setembro de 2024, 13h20 | Última atualização em Terça, 24 de Setembro de 2024, 13h21 | Acessos: 315

Dia do Eng. QuímicoImplantado no ano de 2023, o Curso de Bacharelado em Engenharia Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Calama, atende a um desafio estratégico da região na formação de profissionais para satisfazer o potencial na área de recursos naturais que inclui minérios, petróleo, gás e biomassa.

O Coordenador do Curso, Rafael Nascimento, falou a respeito da estrutura do curso no último dia 20 de setembro, dia que homenageia esses profissionais, e os acadêmicos e professores reuniram-se para comemorar e mostrar as potencialidades da área. Rafael Nascimento disse que Rondônia está em crescimento industrial, principalmente em setores como o de alimentos, bebidas, produtos químicos e energia. Essas áreas demandam profissionais capacitados em processos industriais e químico-tecnológicos, o que torna o curso de Engenharia Química essencial para o desenvolvimento regional.

Ele explica ainda que a localização estratégica de Porto Velho, próxima a centros de exploração de recursos naturais e a fronteiras internacionais, favorece a formação de engenheiros químicos que possam atuar em um mercado globalizado. Confira a entrevista com o Professor Rafael:

 

  1. Quais foram os principais desafios enfrentados na implementação da Engenharia Química e como vocês os superaram?

A implementação de um curso novo, como o de Engenharia Química, no IFRO, Campus Porto Velho Calama, enfrentou desafios relacionados principalmente à infraestrutura e corpo docente especializado. A infraestrutura laboratorial foi um grande desafio inicial, pois é essencial para a formação prática dos engenheiros químicos. Isso foi superado gradualmente com investimentos em módulos didáticos e equipamentos modernos, além de parcerias com outras instituições. Outro obstáculo foi a contratação de professores com titulação e experiência específicas para o curso, o que exigiu um planejamento minucioso e realização de concursos públicos. O curso já conta com três Engenheiros Químicos e, recentemente, houve a convocação de mais 1, relativo ao concurso público de 2024.

  1. Como o curso se articula com as demandas do setor industrial local? Existem parcerias com empresas da região para estágios e projetos?

O curso de Engenharia Química do IFRO busca se articular diretamente com as necessidades da indústria local. Essa conexão é feita através da oferta de estágios e visitas técnicas em empresas da região, permitindo aos alunos aplicarem seus conhecimentos em situações reais. O IFRO tem firmado parcerias com empresas dos setores de alimentos, bebidas, biotecnologia e química, o que não só garante a experiência prática dos estudantes, mas também a troca de conhecimento e tecnologia entre o instituto e o setor produtivo. Além disso, há projetos de pesquisa aplicada, que visam solucionar problemas técnicos e inovar processos produtivos, integrando o conhecimento acadêmico com as necessidades das empresas da região.

  1. A matriz curricular do curso foi elaborada pensando em formar profissionais completos. Quais as principais competências que os alunos adquirem ao longo da graduação?

O Curso de Engenharia Química possui uma formação generalista e especificamente a matriz curricular desse curso foi projetada para formar profissionais completos e preparados para enfrentar os desafios da indústria e da pesquisa. Ao longo da graduação, os alunos adquirem diversas competências fundamentais para o desempenho eficaz na área, como: Competências Técnicas e Científicas, Habilidades de Análise e Solução de Problemas, Competências em Gestão e Liderança, Competências Sociais e Éticas, Inovação e Empreendedorismo, Aprendizado Contínuo e Adaptabilidade. Essas competências são desenvolvidas ao longo de uma formação multidisciplinar, com uma combinação de disciplinas básicas de matemática, física, química, biologia, além de disciplinas técnicas, práticas laboratoriais, estágios supervisionados e projetos integradores. Isso garante que os alunos estejam prontos para atuar em diversas indústrias, como petroquímica, farmacêutica, de alimentos, energia e meio ambiente.

  1. O curso oferece alguma ênfase em áreas específicas da Engenharia Química? Por exemplo, processos industriais, biotecnologia ou sustentabilidade?

Como foi dito, o Curso de Engenharia Química é um curso generalista, e isso é uma grande vantagem, pois possibilita aos alunos desenvolverem uma ampla gama de conhecimentos e habilidades que os tornam versáteis e adaptáveis ao mercado de trabalho. Essa formação permite que eles atuem em diversas áreas, desde processos industriais até biotecnologia e sustentabilidade. Além disso, a abordagem generalista capacita os graduados a resolverem problemas complexos, integrar diferentes disciplinas e colaborar eficazmente em equipes multidisciplinares. Entretanto, existem sim alguns pilares (tópicos) do curso que necessitam de mais ênfase, como processos industriais, sustentabilidade, adiciono também otimização, simulação e controle de processos. Ao dar mais ênfase a esses pilares, o curso não apenas enriquece a formação dos alunos, mas também os prepara de maneira mais eficaz para enfrentar os desafios do mercado, contribuir para a inovação e promover o desenvolvimento sustentável na indústria. Essa abordagem garante que os graduados sejam profissionais bem preparados e valorizados, prontos para liderar mudanças significativas em suas respectivas áreas de atuação.

A turma da Engenharia Química

  1. Como o curso aborda a questão da inovação e da pesquisa? Existem projetos de pesquisa em andamento que envolvem os alunos?

No Curso de Engenharia Química, as questões da inovação e da pesquisa costumam ser abordadas através de várias iniciativas, que incluem atividades de iniciação científica, desenvolvimento de projetos e participação em pesquisas aplicadas. Destaco que o IFRO possui um Departamento de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação muito atuante e é responsável por articular as atividades de pesquisa com o ensino. O Departamento constantemente promove editais a fim de contemplar projetos e engajar alunos na pesquisa científica. Atualmente, o Curso de Engenharia Química conta com um grupo de pesquisa, o GETAM (Grupo de Pesquisa em Engenharia e Tecnologia Aplicada ao processamento de Produtos Naturais da Amazônia), que já está registrado na instituição e também no CNPq e promove os projetos de pesquisa e vincula os alunos. Além disso, os alunos muitas vezes têm a oportunidade de apresentar seus resultados em congressos e seminários científicos, contribuindo para a troca de conhecimentos e o avanço na área de engenharia química. Recentemente, seis alunos da Engenharia Química apresentaram suas pesquisas no Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação (Connepi). Isso é um demonstrativo de como o curso se preocupa e incentiva a pesquisa e inovação e como esses aspectos estão enraizados na formação do Engenheiro Químico aqui no Campus Porto Velho Calama.

  1. Qual a sua visão sobre o mercado de trabalho para engenheiros químicos na região e no Brasil? Quais as áreas com maior demanda?

O mercado de trabalho para Engenharia Química é extremamente promissor, principalmente aqui no estado de Rondônia. O curso ofertado aqui no Campus Calama é o primeiro do estado e, portanto, já é possível vislumbrar as possibilidades e as oportunidades que os alunos e futuros alunos encontrarão. Em Rondônia, o mercado de trabalho para engenheiros químicos está alinhado com as atividades econômicas predominantes do estado, que incluem os setores de Agroindústria, Extrativismo Mineral, Tratamento de Resíduos e Saneamento. Na Agroindústria, eles podem otimizar processos de produção de alimentos e biocombustíveis, implementando práticas sustentáveis. No Extrativismo Mineral, a atuação se dá na extração e beneficiamento de minérios, além da recuperação ambiental de áreas degradadas. No Tratamento de Resíduos, os profissionais desenvolvem processos para reciclagem e tratamento de efluentes, contribuindo para a economia circular. Com a crescente demanda por práticas sustentáveis e inovação tecnológica, os engenheiros químicos estarão bem posicionados para liderar mudanças significativas e contribuir para o desenvolvimento econômico e social de Rondônia. São várias as possibilidades no mercado de trabalho e aqui citamos somente algumas.

  1. Como o curso prepara os alunos para os desafios do mercado de trabalho, como a automação, a digitalização e a sustentabilidade?

O Curso de Engenharia Química do IFRO prepara os alunos, integrando essas temáticas de maneira transversal em sua matriz curricular. Em relação à automação, os estudantes têm contato com disciplinas voltadas para o controle de processos e automação industrial, onde aprendem a utilizar sensores, sistemas de controle e atuadores para otimizar processos químicos industriais. Além disso, o uso de softwares de simulação, como “MATLAB e Aspen”, é amplamente incentivado, permitindo que os alunos desenvolvam competências em modelagem e otimização de processos automatizados. A digitalização também é abordada no curso por meio de tecnologias digitais aplicadas à engenharia. Os alunos são incentivados a usar ferramentas de simulação e softwares de gestão de processos industriais que permitem o monitoramento em tempo real e a análise de dados. Isso inclui o aprendizado sobre Indústria 4.0, em que  a integração de dados, inteligência artificial e internet das coisas (IoT) estão cada vez mais presentes no ambiente industrial. A sustentabilidade é outro foco central do curso, abordada em disciplinas específicas que tratam de processos industriais sustentáveis, gestão ambiental e tecnologias de tratamento de resíduos. Os alunos são preparados para projetar e operar sistemas que minimizam o impacto ambiental, promovendo o uso eficiente de recursos e a redução de emissões. Há uma ênfase crescente em química verde, biotecnologia e energias renováveis, áreas nas quais os engenheiros químicos desempenham papéis cruciais na transição para um futuro mais sustentável. Assim, o curso oferece uma formação equilibrada que conecta as demandas industriais contemporâneas com a necessidade de soluções tecnológicas inovadoras e sustentáveis, preparando os futuros engenheiros químicos para atuarem em um mercado de trabalho cada vez mais digitalizado, automatizado e focado em sustentabilidade.

  1. Quais as perspectivas para o Curso de Engenharia Química no IFRO Campus Porto Velho Calama? Há planos para expansão ou novas áreas de atuação?

As perspectivas são as melhores possíveis, considerando a necessidade crescente por profissionais qualificados na área. O curso tem se destacado por sua grade curricular atualizada e a qualidade do ensino, o que atrai estudantes interessados em atuar em setores como petroquímica, farmacêutico, alimentício e ambiental. No momento, não há planos para a expansão do curso, mas futuramente é algo que irá acontecer naturalmente. Talvez uma pós-graduação, mestrado, quem sabe? No presente, nosso foco é estruturar o curso, formar parcerias com indústrias locais, realização de estágios supervisionados e projetos de pesquisa aplicada, que podem abrir novas áreas de atuação. Além disso, a busca por recursos e investimentos em laboratórios e infraestrutura também está entre as prioridades, visando oferecer uma formação ainda mais completa e integrada às necessidades do setor.

  1. Qual a importância da Engenharia Química para o desenvolvimento sustentável da região?

A Engenharia Química é de extrema importância para o desenvolvimento sustentável da região, uma vez que possui uma rica biodiversidade e recursos naturais abundantes. A atuação dos engenheiros químicos pode impactar positivamente diversos setores na região. Vou citar uma contribuição. Por exemplo, a Engenharia Química pode contribuir para o tratamento e reaproveitamento de recursos hídricos, uma necessidade crítica na Região Norte, onde o acesso à água tratada é um desafio. Processos químicos eficientes podem ser desenvolvidos para despoluição de rios e lagos, ajudando a preservar os ecossistemas aquáticos e a saúde das comunidades. A implementação de tecnologias verdes e processos industriais menos poluentes também são essenciais. A região enfrenta desafios ambientais devido à exploração de recursos, e os engenheiros químicos podem desenvolver métodos para reduzir a geração de resíduos e a emissão de poluentes, promovendo uma indústria mais sustentável. Por fim, destaco que a pesquisa e a inovação na Engenharia Química podem levar ao desenvolvimento de novos materiais e produtos que respeitem a biodiversidade, incentivando práticas agrícolas sustentáveis e a valorização de produtos locais. Assim, a Engenharia Química não só impulsiona a economia de Rondônia e da Região Norte, mas também promove a conservação ambiental e o bem-estar das comunidades.

  1. Qual a mensagem gostaria de deixar para os futuros alunos de Engenharia Química?

Aos futuros alunos de Engenharia Química, minha mensagem é de incentivo e otimismo. Vocês estão prestes a ingressar em uma área cheia de desafios, mas também repleta de oportunidades. A Engenharia Química é uma profissão que impacta diretamente a vida das pessoas e o desenvolvimento sustentável da sociedade. Sejam curiosos, comprometidos e resilientes, pois o aprendizado constante e a busca por soluções inovadoras serão seus maiores aliados. Vocês estarão em uma posição privilegiada para transformar ideias em realidade, contribuindo para a indústria, o meio ambiente e a inovação tecnológica. Aproveitem ao máximo cada oportunidade durante o curso, valorizem o conhecimento e o trabalho em equipe, e lembrem-se de que o mercado precisa de engenheiros comprometidos não apenas com resultados, mas com um futuro mais sustentável e eficiente.

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