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Estudantes do Campus Calama destacam crescimento pessoal neste 8 de março

Publicado: Quarta, 08 de Março de 2023, 08h50 | Última atualização em Quarta, 08 de Março de 2023, 08h52 | Acessos: 30047

Letícia Arantxa e AnaInstituto marca transformação por meio da pesquisa em ciência e tecnologia

Um mundo de transformação mediado pela escola. São três estudantes adolescentes, mulheres, com 17 anos, que falam sobre a transformação por que passam nessa etapa de suas vidas e refletem sobre o papel social e o crescimento pessoal a partir da vivência escolar. Mesmo atuando em diferentes áreas, elas enfatizam as novas descobertas e o crescimento pessoal por meio dos projetos de pesquisa e o contato com a ciência, desenvolvendo competências que possam ampliar horizontes e tragam benefícios para uma formação acadêmica e profissional de excelência. Na passagem desse dia 8 de março, elas destacam a trajetória que vivenciam no Campus Porto Velho Calama do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO).

Letícia Demétrio Nogueira, 17 anos, aluna do 3º ano de Edificações matutino, acha positiva sua experiência enquanto mulher e estudante do ensino médio. “Sempre fui muito dedicada aos meus estudos, desde pequena, porém, quando você entra no IFRO parece que os seus horizontes aumentam muito”, conta, afirmando que estudava onde não se podia fazer muita coisa. Mesmo assim, sempre participava dos projetos que tinham na escola. “Só que ao chegar no IFRO me tornei outra pessoa. Eu acho que também pelo regime ser diferente. Então, quando eu passei a estudar aqui no IFRO, eu me tornei outra pessoa, não só pela liberdade maior, mas também pela postura que tem que se ter aqui no IFRO”, destaca.

Ao falar sobre as experiências que influenciam em sua formação, Letícia diz que mesmo no ensino técnico “aqui dentro a gente aprende como se fosse uma faculdade, aprendemos a fazer relatórios técnicos, fazer artigos, fazer pesquisa, participar de projetos de pesquisas, então, é um aprendizado, é uma carga que a gente tem no ensino médio que é uma experiência como se estivéssemos numa faculdade praticamente. É uma carga grande, por exemplo, porque só iriamos aprender metodologia na faculdade”, afirma.

No momento, Letícia participa de um projeto ligado à tecnologia e o objetivo é desenvolver um sistema de descontaminação para as salas de aula. “A ideia surgiu no pós-pandemia [de covid-19], é uma área multidisciplinar, mas que tem enfoque na saúde. Nesse projeto, intitulado ‘Pós-pandemia: uso da tecnologia para prevenção de infecções virais em sala de aula’ eu trabalho dentro da minha área de Edificações. Por exemplo, eu preciso desenhar as plantas testes, as plantas modelos que vão receber o sistema de descontaminação. Preciso desenvolver o projeto arquitetônico e também o projeto elétrico. O projeto iniciou em setembro do ano passado e vai terminar agora em agosto deste ano”, informa. Na execução desse projeto, a aluna se relaciona com alunos de outras áreas, como da área de Química e a coordenação da professora Gisele, de Biologia. “Eu acho extremamente importante esse nosso projeto. A gente viu, por exemplo, durante a pandemia, uma defasagem enorme na educação brasileira. Mesmo que as escolas tenham se remodelado com uma metodologia para conseguir chegar aos alunos, a gente sabe que não chegou à sua totalidade. Então, imagina, por exemplo, se tem outra pandemia e a gente precisar deixar de vir para a aula presencial, quantas pessoas poderão ficar prejudicadas? Esse nosso projeto vai ajudar muito nessa questão. Ele não é só um projeto. Ele tem um impacto social enorme, tanto para os professores, para os alunos, quanto para as pessoas que trabalham aqui no campus, que trabalham no ambiente escolar”, enfatiza.

Letícia sente que tem na escola as mesmas oportunidades que os garotos têm e não sente discriminação de nenhuma forma. “Nunca, que eu me lembre, sofri alguma discriminação por parte das pessoas da administração. Acho incrível que aqui dentro a gente tenha tantas meninas pesquisadoras. Eu acho extremamente importante isso e como eu disse antes, na minha antiga escola não tinha esse incentivo com a pesquisa, e aqui no IFRO temos um incentivo enorme à pesquisa. Então para mim, como mulher, que infelizmente tenho menos oportunidades que os homens, uma oportunidade dessa de estar trabalhando num projeto, numa instituição que valoriza tanto a pesquisa e a ciência, é extremamente importante. Me interesso muito por essa área da ciência e é uma das áreas que eu pretendo seguir futuramente ao terminar o ensino médio”, comenta.

Letícia pretende ser Engenheira Aeroespacial, mas diz ser complicada essa expectativa porque o curso não tem em Rondônia e para estudar fora é um gasto enorme. “Eu não tenho esse dinheiro e também a nota de corte do Enem é muito alta, até mais alta que Medicina. Esse curso tem no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Brasília e acredito que tenha também noutros estados, porém, gostaria muito de fazer na UNB. Só que está bem fora da minha realidade esse curso, mesmo assim é o que eu sonho, porque eu quero muito trabalhar nessa área científica”.

Para as colegas, Letícia deixa a mensagem de não desistir da ciência e também para que nunca desistam de seus sonhos, “porque mesmo que para nós mulheres seja mais difícil, por conta do sistema patriarcal em que vivemos, a gente tem muita força para conseguir conquistar os nossos sonhos. Claro que dentro da realidade de cada uma, das possibilidades de cada uma, fica mais complicado para algumas meninas, mas a gente não deve desistir e perseguir as possibilidades, principalmente aqui no IFRO, que é uma instituição que valoriza a ciência e a pesquisa. Quando você tem dentro de si esse sentimento de querer se dedicar e você está dentro de um ambiente que te facilita esse acesso, isso é muito bom. Quero dizer que eu amadureci de uma forma tremenda aqui no IFRO”, finaliza.

 

Espaço de oportunidades

Assim como Letícia, Arantxa Tanwing Saavedra tem 17 anos e atualmente está no terceiro ano de Química matutino. Ela diz que é “uma honra poder estar falando como uma imagem de mulher, politicamente, estudante e tudo o mais, porquê dentro do Instituto eu sinto que me desenvolvi ainda mais como cidadã e como mulher”. Ela conta que o IFRO lhe deu oportunidades, “voz e visibilidade não só para mim como mulher, mas como pessoa. Então, eu sempre serei muito grata por tudo. Eu consigo ver a minha evolução durante esses três anos, claro que foi por causa dos projetos, por causa do reconhecimento e por conta do meu esforço para chegar até aqui, mostrando como a mulher é desafiada diariamente na sociedade, sendo desvalorizada criticamente e tudo o mais. Dentro do Instituto sempre me senti muito bem acolhida, nunca me senti menosprezada pelo meu gênero”. E acrescenta: “Sempre serei muito grata por tudo isso. Como eu falei, sinto uma evolução durante esses três anos, as pessoas me respeitam aqui, eu cresci, amadureci, eu espero que tudo que eu esteja aprendendo aqui, eu leve para o resto da minha vida, como pessoa, como mulher”.

Arantxa conta que entrou no IFRO já na pandemia, porém, o seu primeiro projeto foi ela mesma que traçou. “Foi uma iniciativa minha e eu procurei entrar na área que eu tinha mais conhecimento, que era a área de inclusão. Foi ali que eu conheci a pedagoga Lívia Catarina Telles, do Núcleo de Atendimento de Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne). Meu primeiro projeto se chama ‘Dia Nacional da Pessoa com Deficiência – uma luta honrosa’, foi maravilhoso. Foi projetado inicialmente para a participação de setenta pessoas no ambiente virtual, mas virou um evento que tinha gente de Ji-Paraná, foram mais de cem pessoas dentro do Google Meet. Foi uma experiência que eu sempre vou levar comigo”, afirma.

Ela diz que vai sempre valorizar a professora Lívia. “Eu vou sempre valorizá-la, porque ela sempre esteve ao meu lado. Se eu cresci foi juntamente com a Lívia. Eu lembro que a gente fez o projeto à noite no Meet e no dia seguinte me chamaram para falar na TV, para falar como foi o projeto e eu nunca vou esquecer que meu primeiro projeto eu já estava sendo reconhecida pela mídia. Aquilo foi apenas o meu primeiro passo para começar a me desenvolver ainda mais”.

Arantxa conta que sempre se esforçou muito e que aos doze anos já pensava em estudar no IFRO. “Eu sempre me esforcei, porque meu foco é Medicina. Eu desejo me especializar em Neurocirurgia e a área que mais se aproximava aqui era a Química, então esse é o meu objetivo e o meu foco. Por isso, nesse ano eu vou me dedicar totalmente a isso, procurar projetos de pesquisa, artigos científicos, apresentar em congressos e tudo o mais”, conta.

 

Potencial de comunicação

Na área de Informática, Ana Beatriz Pimenta Coelho é aluna do 3º ano vespertino e também tem 17 anos. Ela diz que nessa área ainda são poucas mulheres e ela também participa da divulgação para chamar meninas para o curso. “Ser mulher aqui no campus é assim, principalmente na minha área, que a maioria é de homens. É interessante estar no meio disso fazendo a diferença, porque, querendo ou não essa nova geração que está vindo tem uma intimidade a mais com a tecnologia, mas nesse mundo da tecnologia ainda tem poucas mulheres. Eu, mais quatro amigas temos um projeto para incentivar as meninas a entrarem no curso de Informática aqui no IFRO, para termos mais mulheres participando dessa nossa área e também desse projeto. Nós fomos a uma escola e demos várias palestras, convidando as meninas para conhecer o curso. Inclusive, esse ano, tem meninas que vieram a partir dessa nossa visita”, conta.

“Nós visitamos a escola onde eu estudei, na Zona Sul. Fomos lá e fizemos as palestras – eu, a Giovana, a Amanda, a Nicole e a Adriana. Inicialmente éramos só eu e a Adriana, mas como somos todas muito próximas formamos uma equipe e fomos lá. Nós queremos continuar esse projeto durante esse ano. É muito gratificante ver alguém vir para cá a partir da nossa iniciativa dizendo ‘Eu me inspirei em vocês. Eu me inspirei nas mulheres que vocês falaram’. A gente falou da Ada Lovelace, que foi a primeira programadora da história a criar o algoritmo para funcionamento de uma máquina mecânica, ainda em 1842. Foi uma matemática e escritora inglesa. Isso é uma inspiração muito grande pra gente, né?”, diz.  

Ana conta que quando chegou no IFRO, tinha uma visão muito limitada sobre várias coisas. “A escola de onde eu vim era ótima, mas uma escola de bairro, que não tem a mesma extensão que a gente tem aqui. Cheguei aqui e me deparei com muitas coisas diferentes que podiam fazer com que a minha pequena ideia se tornasse uma ideia grande, juntando com outras pessoas. Como ainda entrei no período da pandemia, acabei me distanciando de muitas coisas fora da escola. Com uma carga muito pesada, a gente precisa focar só na escola. Cheguei aqui com esse meu jeito bem descontraído e eu não sabia que tinha tanto potencial em me comunicar. Me descobri na área da comunicação, fazendo amizade com as pessoas, e hoje eu me vejo como uma pessoa que sabe se comunicar e se relacionar com as pessoas no campus”, explica a jovem.

  Ana fez estágio nas férias no setor de Tecnologia da Informação. “Na minha área, acho que isso abriu ainda mais as portas para mim. Pude conhecer outros servidores de outras áreas. Participei do Grêmio como colaboradora, ajudei na parte financeira no ano passado. Conseguimos um DJ top para o Tropicalama. Eu participava do jornal da escola e no JIFRO a gente estava atuando. Entrevistamos pessoas do campus e também pessoas de fora daqui. Participei de jogos, joguei futsal no ano passado pelo JOER. Esse ano eu mudei de modalidade e fui para o atletismo e estou me esforçando para em maio entrar com tudo. A gente também participou de um projeto sobre a sustentabilidade no meio ambiente. A gente tinha que pesquisar como a Informática poderia auxiliar na sustentabilidade, não só na natureza, nas florestas, mas com as pessoas também”, relembra.

 Para o futuro, Ana pensa em fazer Engenharia de Software na Universidade Federal de Minas Gerais. Ela mora com a mãe que, segundo diz, “sempre trabalhou demais para nos sustentar”, então ela sempre teve a presença das avós que ajudaram a criá-la. “Minha avó e minha bisavó, que foram minhas imagens maternas, Luzia e Lindalva, que partiram ainda antes de eu entrar aqui, mas uma delas pôde me ver entrar no IFRO. Tenho muito orgulho em ter sido criada pelas duas, porque elas colaboraram muito com o meu crescimento e inclusive para eu poder estar aqui”, finaliza.

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