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Cultura artesanal do açaí em Guajará-Mirim é documentada em projeto integrado de fotografia e vídeo

Publicado: Terça, 23 de Março de 2021, 11h13 | Última atualização em Terça, 23 de Março de 2021, 11h14 | Acessos: 122558

A proposta é a de gerar um olhar de reflexão sobre as centenárias práticas de relação entre o homem e a floresta, como também levar informações sobre um produto brasileiro que é consumido internacionalmente

Servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) têm projeto aprovado no âmbito estadual. Selecionado na modalidade de Artes Integradas na primeira edição do Projeto “Pacaás Novos”, para a difusão de mostras culturais em diferentes linguagens e segmentos, o projeto fotográfico com inclusão de vídeo “Açaí, Pérola Negra” foi amparado pelo Fundo Estadual de Cultura, por meio da Lei Aldir Blanc, que financiou projetos de diferentes características para serem apresentados em mostras e plataformas digitais neste período de pandemia da covid-19. 

Foto por Saulo de Sousa

Também na seleção, pesquisadores do Núcleo de Estudos Históricos e Literários (NEHLI)/Campus Porto Velho Calama estão realizando cinco projetos de pesquisa, desenvolvimento e divulgação cultural, com propostas aprovadas em editais de fomento à cultura, da Superintendência Estadual da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel) do Governo de Rondônia. A proposição dos servidores demonstra que IFRO enquanto instituição educacional fomenta seu corpo acadêmico a atuar, por meio de editais internos e externos, em extensão com a sociedade.

Neste novo projeto, idealizado pelo professor de Língua Portuguesa do Campus Porto Velho Calama, Joilson Mendes Arruda, a documentação audiovisual da cultura artesanal do açaí foi realizada em parceria com o professor do Campus Porto Velho Calama, Saulo de Sousa. “É uma narrativa sobre o universo dos catadores de açaí, uma prática que pode deixar de existir em um futuro não tão distante”, informa o folder do projeto.

Estão sendo produzidos dois documentários de curta-metragem, com cerca de 20 minutos, e uma seleção fotográfica. A iniciativa se enquadra também na divulgação virtual de produtos de matéria-prima orgânica ou de base agroecológica desenvolvidos por trabalhadores manuais, utilizados para alimentação, como também para confecção de peças artesanais com produtos nativos, relacionada no edital da Sejucel, que apoiou 60 projetos culturais.

O professor Joilson conta que quando foi morar em Guajará-Mirim para lecionar no IFRO, ainda em 2017, não conhecia a cidade e passou, então, a visitar alguns locais para poder se integrar à região. Certo dia, ele diz que o Senhor Silvino, coletor de açaí, esteve na escola para tratar de um assunto relativo à sua filha que ali estudava.  “Conversando, ele falou sobre o trabalho dele. Eu lhe perguntei sobre a Lagoa Azul, que é um lugar atrativo da cidade e ele se dispôs a me levar lá. No sábado seguinte, fomos eu e outros professores conhecer a Lagoa Azul e também a uma cachoeira da região. Durante essa trilha, antes de chegar à cachoeira, surgiu um senhor com um saco de açaí nas costas. Foi quando o senhor Silvino disse que aquele senhor trabalhava com ele na coleta do açaí e explicou mais ou menos como era o trabalho deles. Explicou que iam para a floresta muito cedo fazer a coleta, a debulha e depois de debulhar, juntar e ensacar. Eu achei aquilo muito interessante e tive a ideia de revelar essa história, esse trabalho. Muita gente consome o açaí, mas não sabe de onde ele vem e como se processa o fruto”, explicou.Foto por Joilson Arruda

Ele informa que o documentário não tem a pretensão de ensinar, porém de mostrar o processo de cultivo e colheita, “com a nossa visão, a nossa interpretação daquela cena, a nossa interpretação sobre um trabalho que é pouco conhecido. Pouca gente sabe o trabalho que dá para fazer e eu achei interessante mostrar isso”, afirma.

Joilson diz ainda que para essa jornada imaginou que a fotografia seria uma boa linguagem. “Foi quando convidei o Saulo que é mais experiente nessa área com a fotografia, porque eu estou iniciando”, acrescenta. Posteriormente, eles participaram do projeto apresentado pelo produtor Renato Negrão, que “é curador, profissional, fotógrafo e também dirigiu nosso trabalho. Isso foi o que possibilitou fazer esse documentário com a qualidade que ele foi feito”, enfatiza.

O professor Saulo de Sousa destaca a experiência de poder “documentar este processo de perto e vivenciar as etapas dessa relação em que se dá o extrativismo do açaí. Entender de perto a relação dos coletores com o fruto e entender sua economia, que se vê em certa altura ameaçada, dado o avanço de zonas desflorestadas na região. Acredito que o registro visual da cultura do açaí e de sua importância local contribui em parte para sua manutenção e, por consequência, a manutenção da floresta", reforça o professor.

Joilson pontua que, além das exposições virtuais, também gostariam de publicar um livro, mas isso, contudo, se for possível conseguir patrocínio para tal. Segundo ele, o projeto está sendo finalizado. A captação de imagens e as entrevistas já foram feitas e os dois documentários estão em fase de edição. O lançamento dos vídeos e a abertura da exposição virtual das fotos serão feitos no mês de abril, em data ainda a ser definida. Após o lançamento, o conteúdo ficará exposto de maneira permanente no site do curador Renato Negrão.

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