Instituto Federal de Rondônia

Campus Porto Velho Zona Norte exibe curta-metragem premiado na Semana da Consciência Negra

 O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Zona Norte, realizou em novembro a Semana da Consciência Negra, com atividades diversas, trazendo à tona questões referentes à cultura afro-brasileira e à vivência das pessoas negras no Brasil. Incluído na programação, foi exibido o filme “Ela mora logo ali”, que vem sendo reconhecido nacionalmente, e no elenco tem Marcela Bonfim e Agrael de Jesus participando como atrizes.

Foi o primeiro evento organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI), criado recentemente no Campus Porto Velho Zona Norte, tendo uma programação voltada a diversas atividades alusivas ao tema. Durante todos os dias da Semana, ficaram expostas as fotografias da fotógrafa Marcela Bonfim, na mostra “Amazônia Negra”.  Na Biblioteca foram exibidas em local de destaque obras literárias de autoras e autores e negros. E os visitantes tiveram a oportunidade de “degustar” uma curiosa “Feijoada Literária”, que consistia em uma panela de barro com inúmeros rolinhos de papel, com frases e pensamentos de personagens importantes da cultura negra.

No evento também foi realizada uma roda de conversa com mulheres negras prestando relatos de sua história de vida e posicionamento quanto a questão da negritude, racismo e preconceito. Estiveram presentes no debate a Professora do IFRO Campus Calama, Alyne Lourenço, a cabeleireira Ana Maura Ramos (Mãe Afro e Cacheados), a fotógrafa e atriz, Marcela Bonfim, e a arqueóloga Alyne Mayra Rufino, Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de Rondônia (IPHAN-RO).

O evento contou com a presença da Coordenadora do Departamento de Inclusão e Diversidade do IFRO, Shyrley de Almeida Alves, e de estudantes e professores da Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral Brasília.

Para Marcela Bonfim, “participar de debates sobre a questão do negro é fundamental. Acho extremamente importante por conta dos dias de hoje. Estamos com a luta aberta, o campo aberto, já foi muito mais fechado, hoje esse campo está se abrindo. Então ter esses debates é fundamental, ainda mais num lugar como o IFRO, onde ele se torna ainda mais significativo”. Conforme Marcela, o Instituto Federal “é um lugar onde se abriga a juventude, que é um lugar do ser humano, do indivíduo muito especial, onde a formação se constrói, dentro desse aspecto da juventude. As reconstruções as reformulações, toda absorção de conteúdo vem nessa etapa da vida. Onde a gente recebe muita informação e onde a gente está processando, onde a gente está desconstruindo, onde a gente está emergindo para outras questões, principalmente quando se trata da racialidade brasileira”.

“Ela mora logo ali”

Dentro da programação também foi exibido o curta-metragem “Ela mora logo ali”, que ganhou ao todo 35 prêmios em diversos festivais nacionais, dentre eles três Kikitos, no Festival de Cinema de Gramado, que é considerado o Oscar brasileiro. As premiações (Kikitos) foram: Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Roteiro (por Fabiano Barros e Rafael Rogante) e Melhor Atriz para Agrael de Jesus.

O filme conta a história de uma humilde vendedora ambulante de bananas fritas, de uma cidade da região amazônica, que tem sua rotina alterada ao conhecer uma jovem leitora no ônibus, no caminho de volta para casa. A partir desse momento, a vendedora inicia uma nova jornada de descobertas, sonhos e o desafio de encontrar o livro preferido de seu filho. Após a exibição do filme foi realizado um debate com a presença da atriz Agrael de Jesus. Houve intensa participação do público presente, com perguntas, depoimentos e comentários. 

A organizadora do evento Ariádne Joseane Félix explica que “ter esse filme e a presença de Agrael de Jesus foi muito significativo, porque pudemos dialogar sobre as dificuldades da mulher negra em nossa sociedade. Mas para além das dificuldades, foi possível elevar esse papel, o papel da mulher negra, mãe atípica, trabalhadora, que enfrenta a vida com muita garra e com muita dignidade. Foi emocionante, significativo e um tributo à contribuição de negras e negros para a constituição do Brasil”. 

Na avaliação de Agrael de Jesus, “estar presente na exibição do filme ‘Ela mora logo ali’, para mim é uma honra, um privilégio. Eu me sinto lisonjeada pelo convite para estar junto nesse evento maravilhoso. Por tudo isso, me sinto feliz pelo momento instrutivo. Participar do debate com os estudantes é sempre prazeroso. As perguntas e indagações nos faz refletir e nos traz muita aprendizagem. Trocar ideias com jovens é sempre muito bom”.

Conforme a atriz, “quando fazemos um trabalho artístico, desejamos e esperamos que as pessoas gostem. O trabalho dos diretores Fabiano Barros e Rafael Rogante foi essencial. Agradeço aos dois por confiarem em mim essa personagem tão rica, forte e destemida. Observar o desenrolar da história de Nininha com seu filho, suas lutas, batalhas, sacrifícios e a cabeça sempre de erguida, com esperança e resiliência, provoca em muitos a sensação do ‘lutar sempre’ para alcançar seus objetivos, o pensamento de ‘se ela consegue eu também consigo’, isso é muito gratificante e satisfatório”.

“Trabalhar o filme didaticamente nas escolas, a princípio não era nosso objetivo. Mas de repente as escolas começaram a solicitar. E isso é muito bom e gratificante. Saber que o filme incentiva a leitura e o retorno aos bancos escolares", alerta para não se desistir nunca. "Mais uma vez agradeço ao convite dessa oportunidade e nos colocamos à disposição do IFRO”, conclui Agrael de Jesus.