Professor surdo ministra aula de acústica para alunos de Arquitetura e Urbanismo do Campus Vilhena
A turma do sexto período do curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Vilhena, participou, no dia 09 de agosto, de uma aula especial sobre acústica com o professor surdo Henrique Gomes Matter.
A atividade foi complementar à disciplina de Acústica, ministrada pelas professoras Ariane Zambon e Regina Morão, que convidaram o professor a oferecer a aula com o objetivo de ensinar aos discentes, de forma visual, como o som se propaga. Henrique é egresso do curso de Licenciatura em Matemática do Campus Vilhena e atualmente é aluno da Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, também do campus, e aplicou os experimentos de onda e som desenvolvidos e adotados durante seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
A aula também foi acompanhada pelo professor de Física, Melquisedeque Lima, orientador de Henrique neste trabalho. Com o auxílio de intérprete, Henrique explicou que o som se propaga em ondas e que, portanto, o surdo consegue percebê-lo, embora não o ouça. A partir dos experimentos, demonstrou à turma as vibrações e as frequências sonoras de forma visual, evidenciando como o som interage com o ambiente e os objetos.
As professoras da disciplina intercalaram observações relacionadas à arquitetura, à criação e construção de espaços e à aplicabilidade dos conceitos para o conforto ambiental. A acadêmica Lígia Almodovar disse que a aula proporcionou um conhecimento diferente: “foi importante porque eu pude agregar novos aprendizados. Eu consegui perceber o som de outras formas que eu nem imaginava”.
Segundo Ariane Zambon, a participação do professor Henrique foi fundamental porque explorou a mudança de sentidos para abordar conceitos físicos importantes da disciplina. E complementou: “o Henrique conseguiu explorar um sentido que ele não tem e proporcionar conhecimento aos alunos ouvintes, que têm uma percepção do som completamente diferente da dele. Essa experiência que os alunos tiveram é única porque envolve muitas questões, para além dos conceitos teóricos. Eles puderam ter a vivência com a inclusão, com a Libras, e conhecer uma experiência de vida diferente do que estão habituados”.
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