Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

IFRO segue orientações de pesquisadores sobre atual situação climática

Publicado: Sexta, 06 de Setembro de 2024, 15h38 | Última atualização em Terça, 10 de Setembro de 2024, 20h08

Devido à elevada concentração de fumaça e de partículas decorrentes das queimadas, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) publicou portaria que suspende, temporariamente, as atividades de ensino, pesquisa, extensão e administrativas que sejam realizadas ao ar livre. A notícia pode ser lida aqui.

Segundo o Reitor Moisés Rosa, “estamos atravessando um período de alta poluição do ar. Para minimizar os impactos em nossa saúde, o IFRO vem realizando ações a fim de assegurar que todos tenham qualidade de vida na instituição. Com a colaboração de profissionais do Censipam e de pesquisadores, cientistas e profissionais da saúde, publicamos documentos recomendando ações que protegem dos efeitos da fumaça. Segundo esses especialistas, locais fechados e refrigerados protegem mais do que áreas externas, por isso suspendemos momentaneamente as atividades realizadas ao ar livre”.

A situação crítica da qualidade do ar será monitorada periodicamente pela gestão institucional enquanto durar o estado de emergência em Rondônia. “A nossa gestão está mapeando cotidianamente a situação para, com dados precisos e científicos, tomar decisões adequadas. Com o apoio e o cuidado de todos, nós vamos passar por este momento difícil. Muito obrigado a todos vocês, continuamos juntos para melhorar ainda mais a nossa instituição”, explica o Reitor.

Na avaliação do Diretor-Geral do Campus Porto Velho Zona Norte, Jeferson Cardoso da Silva, “diante da crescente e constante onda de poluição provocada pelas queimadas que afeta nosso estado, especialmente a capital Porto Velho, e após intensas discussões com a equipe gestora do IFRO, decidiu-se a partir de evidências científicas implementar um plano de contingência para a instituição. Tal medida é crucial para mitigar os impactos do contato com o material particulado fino que se encontra em suspensão atualmente na atmosfera do estado. A fim de proteger a saúde de nossos estudantes e servidores, o plano envolverá ações imediatas para enfrentar e reduzir os efeitos da poluição”.

 

Decisão colegiada

Reunidos virtualmente, gestores da Reitoria e dos campi do IFRO ouviram em um primeiro momento o apoio técnico de servidores do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) – o  Analista de Ciência e Tecnologia Carlos Biasi e o servidor do Ministério do Trabalho Rafael Wagenmacher, que atua no desenvolvimento de sistemas do fogo  do Censipam – e, em um segundo momento, profissionais de saúde e cientistas do IFRO e do Instituto Karolinska (Universidade Estatal Pública Sueca).

Neste segundo momento, participou o Pneumologista Vinicius Silva Barros, que demonstrou que “por conta das queimadas, estamos passando um período difícil com a poluição atmosférica atingindo níveis recorde. Desse modo, são necessárias medidas coletivas e individuais que atenuem os danos da poluição à saúde de toda a população e proporcione alguma segurança para o desenvolvimento das atividades cotidianas. Seguimos atentos e vigilantes já que estamos apenas no começo desses dias cinzentos”.

A Professora do IFRO Campus Porto Velho Calama, Nathália Araújo, esteve presente e é uma das colaboradoras nas ações no sentido de minimizar os efeitos da poluição causada pela fumaça. “Através do projeto de pesquisa ‘Queima de biomassa na mesorregião amazônica Madeira-Guaporé: efeitos sobre a saúde humana’ (aprovado no edital Universal CNPq 2023) e de parceria estabelecida com o Instituto Karolinska (Suécia), instalamos três sensores (Purple Air) para avaliar a qualidade do ar em termos de concentração de material particulado (MP). Os sensores foram instalados nos campi do IFRO Guajará-Mirim e Calama e na Resex Rio Ouro Preto (também no município de Guajará-Mirim)”.

Ainda segundo a docente, “nossos dados preliminares apontam que durante o mês de agosto os níveis de MP 2,5 se mantiveram muito acima do considerado aceitável tanto pela OMS (máximo de 15 ug/m3), como pelo CONAMA (máximo de 60 ug/m3). O sensor instalado no Campus Calama registrou que apenas quatro dias do mês de agosto tiveram concentrações de MP 2,5 menor do que o limite máximo considerável aceitável pelo CONAMA. Além disso, tivemos um pico de poluição com cerca 350 ug/m3 no dia 28 de agosto. Já o sensor instalado no Campus Guajará-Mirim, registrou um pico de poluição de cerca de 700 ug/m3 de MP 2,5 no dia 27 de agosto e apenas seis dias do mês de agosto estiveram com níveis menores que o estabelecido pelo CONAMA”.

“Durante reunião com a equipe de gestores do IFRO, realizada no último dia 2 de setembro, foi possível apresentar o projeto, discutir nossos resultados preliminares e as ações que podem ser adotadas para minimizar os impactos da poluição do ar. Entre essas ações destacamos: aumentar a ingestão de água e líquidos; reduzir ao máximo o tempo de exposição; manter portas e as janelas fechadas; evitar atividades e exercícios ao ar livre; e adotar o uso máscaras do tipo N95/PFF2”, completou a docente. Ela ainda passou o site para acompanhar os dados em tempo real: https://map.purpleair.com/1/mPM25/a10/p604800/cC0#11/-8.7392/-63.8548

Em resumo, na reunião do dia 29/8, foi discutida a grave situação das queimadas e da fumaça em Rondônia, com apresentações técnicas de especialistas do Censipam sobre a qualidade do ar e a possibilidade de mitigação diante de possíveis impactos na saúde. Foram propostas ações como a compra de máscaras, a instalação de umidificadores nas salas de aula e a suspensão de atividades físicas ao ar livre, além de uma nova reunião com um profissional de saúde para orientações adicionais. Os pesquisadores do Censipam fizeram apresentações técnicas, incluindo a plataforma de monitoramento de queimadas e a situação climática atual, em que se falou da gravidade da fumaça na região. A discussão apontou a densidade da fumaça, qualidade do ar e previsões climáticas desfavoráveis para o mês de setembro. Questões que colocam em riscos à saúde devido à alta concentração de partículas no ar.

Também neste encontro os diretores dos campi relataram a situação local, as medidas tomadas e as preocupações com a saúde dos alunos e servidores. E foi indicado ser convidado um profissional de saúde para uma reunião para fornecer orientações técnicas sobre os impactos da fumaça na saúde.

Já na reunião de 2 de setembro, em que Natália e Marcos Felipe discutiram um projeto financiado pelo CNPQ e pelo Instituto Carolina Suécia, foi concretizada a proposta de criação de um plano de contingência. O grupo envolvendo diretores, enfermeiros e membros da comissão de saúde foi criado para definir ações específicas e proteger a comunidade acadêmica. Ficando encaminhado que uma decisão futura sobre a suspensão total das atividades presenciais poderia ser tomada após uma reflexão mais aprofundada e consulta aos profissionais de saúde.

 

Consequências sociais em outros âmbitos

Entre as diversas consequências que o período seco e de queimadas traz para a região está a relatada pelos alunos que representavam o IFRO em outro estado e precisaram se deslocar. Estudante do Curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio do Campus Calama, Gean Cespedes relata que “na saída de Porto Velho para Brasília (Brasília foi a conexão na ida e volta), por causa da fumaça que já estava muito presente em minha cidade, mas a pior parte foi com toda certeza na volta, em que nosso voo foi cancelado. O problema de verdade foi a incerteza de quando voltaríamos para Porto Velho tendo até mesmo uma proposta de viagem de ônibus, apesar dos problemas ocasionados pela fumaça a companhia aérea prestou toda a assistência”. Ele relembra que a demora diante do cancelamento do voo: “outros voos já tinham sido cancelados o que ocasionou em um congestionamento de pessoas na parte de alocação nos hotéis. Nosso voo foi remarcado para o dia seguinte e embarcamos com medo da fumaça ser a causa de nossa volta para Brasília ou até mesmo de uma tragédia. Quando chegamos em Porto Velho todos os passageiros bateram palmas, pois  nos sentimos aliviados”.

Apesar do imprevisto, o aluno diz ter guardado boas memórias da participação no evento. Ele foi um dos 20 estudantes que representaram o Campus Calama no XIV Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação (Connepi), realizado em Belém (PA), de 27 a 29 de agosto. Além Gean, a acadêmica de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), Emily de Lima Ereira Nobre, fala que “ter o voo cancelado diversas vezes por causa da fumaça densa que cobria o estado foi extremamente frustrante e angustiante”.

“A cada nova tentativa de decolagem, a frustração e a ansiedade só aumentavam, mas a prioridade à segurança dos passageiros era sempre evidente. Após várias tentativas e atrasos, o voo finalmente aconteceu, trazendo um misto de alívio e compreensão sobre a força da natureza e a necessidade de adaptação diante dessas situações. Quando o avião pousou com segurança, o clima dentro da aeronave mudou completamente – todos comemoraram e aplaudiram tripulação, levantando o ânimo dos passageiros, criando um momento de alívio e união após tanto nervosismo”, demonstra a discente.

Fim do conteúdo da página
Consentimento para o uso de cookies
Este site armazena cookies em seu computador. Os cookies são usados para coletar informações sobre como você interage com nosso site e nos permite lembrar de você. Usamos essas informações para melhorar e personalizar sua experiência de navegação e para análises e métricas sobre nossos visitantes. Se você recusar, suas informações não serão rastreadas quando você visitar este site. Um único cookie será usado em seu navegador para lembrar sua preferência de não ser rastreado.