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Afrosaberes promove Ciência, Palavra e Cultura pela Consciência Negra em Colorado do Oeste

Publicado: Segunda, 29 de Dezembro de 2025, 13h21 | Última atualização em Segunda, 29 de Dezembro de 2025, 13h21 | Acessos: 188

Capa evento Afrosaberes NEABI ColoradoO Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Colorado do Oeste, viveu um momento de forte encontro entre memória, reflexão e arte. O evento “Afrosaberes: Ciência, Palavra e Cultura pela Consciência Negra” foi no dia 19 de novembro, organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do campus (Neabi/COL) em parceria com a Direção de Ensino. A ação marcou oficialmente o início das atividades do Núcleo no Campus Colorado e integrou a programação do Dia da Consciência Negra.

Conforme os organizadores, celebrar o Dia da Consciência Negra no âmbito institucional é importante porque fortalece o compromisso do IFRO com uma educação que reconhece, valoriza e discute a contribuição histórica, cultural e científica da população negra no Brasil. A data abre espaço para reflexões necessárias sobre racismo, desigualdades e construção de políticas institucionais mais inclusivas. Além disso, aproxima a comunidade acadêmica de temas que impactam diretamente a realidade social dos estudantes, promove respeito, amplia repertórios culturais e reforça o papel do IFRO como agente de transformação social na região.

Logo na abertura, a apresentação do Neabi à comunidade acadêmica reforçou a importância da iniciativa. Implantado no final de setembro, o Núcleo é coordenado pela Professora Thaíze Ferreira da Luz, com o Professor João Renato Amorim Feitosa como Vice-Coordenador e o Técnico em Tecnologia da Informação Vinícius da Silva Paes como Secretário. A proposta de atuação — baseada em formação, pesquisa, diálogo e enfrentamento ao racismo — ganhou vida ao longo das atividades do dia.

A palestra da Professora Rosa Maria Silva Gonçalves, do Campus Vilhena, abriu a programação e estabeleceu o tom do evento. Ao abordar narrativas femininas sobre memórias traumáticas da Guerra Civil Angolana, presentes nas obras Sabor de Maboque, de Dulce Braga, e Essa Dama Bate Bué, de Yara Nakahanda Monteiro, a convidada destacou a potência da literatura africana como ferramenta de resistência e de reconstrução de memórias silenciadas.

O impacto da discussão reverberou entre os participantes. Para Jeniffer Rayane da Silva Santos, o momento foi transformador: “A palestra me fez enxergar a literatura como um ato de resistência, especialmente quando escrita por mulheres negras”, disse.

Integrante do Mulheres na Ciência, Jeniffer participou da roda de conversa que se seguiu à palestra, compartilhando experiências ao lado das Professoras Rayane Pinho Bezerra, Érica Jaqueline Pizapio Teixeira, Maria Eduarda da Silva Pereira de Almeida, Rosa Maria Silva Gonçalves e da estudante Rosa Moraes Putaré Poquiviqui.

Sobre essa troca, ela relata: “a roda de conversa me tocou profundamente, especialmente por eu fazer parte do Mulheres na Ciência. Senti como se cada história ali reafirmasse a importância do nosso trabalho”.

O evento também foi marcado por depoimentos que ressaltam a urgência desse tipo de ação no ambiente escolar. Para a estudante Maria Emília C. Ferreira, atividades como o Afrosaberes ampliam a consciência coletiva sobre diversidade e enfrentamento às desigualdades: “Atividades como o Afrosaberes são cruciais para fomentar o debate sobre recortes sociais como cor e gênero no ambiente acadêmico. Tais discussões são vitais não apenas para a luta e identificação de grupos minorizados, mas também para o desenvolvimento da empatia de toda a comunidade”, enfatizou.

A segunda parte da programação foi dedicada às expressões artísticas e culturais. A exposição de obras do artista holandês Jan-Frits Obers e o painel de cartazes antirracistas produzidos por estudantes do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio revelaram o envolvimento da comunidade escolar na construção de um olhar crítico sobre a realidade. Os cartazes foram produzidos em atividades conduzidas pela Professora Thaíze da Luz, em História, e pela Professora Maria Eduarda da Silva Pereira de Almeida, em Artes.

Para Ana Clara da Silva Lopes, o alcance do evento ultrapassa a celebração de uma data, representando um passo fundamental no fortalecimento da educação para as relações étnico-raciais dentro do IFRO: “esse evento foi uma organização muito importante para o NEABI do Campus Colorado do Oeste, visto que promoveu reconhecimento e valorização das culturas afro-brasileiras, tendo como intuito a conscientização sobre racismo e discriminação étnico-racial no ambiente escolar e na sociedade”.

Ela destaca, ainda, o impacto da visibilidade conferida às trajetórias femininas negras presentes no evento dizendo que “tendo trazido também personalidades negras femininas, contribuiu para a visibilidade das mulheres cientistas, mostrando seus trabalhos e batalhas diárias dentro de um estado absurdamente machista e racista”.

O encerramento ficou por conta da apresentação musical do projeto Ritmo da Transformação, coordenado pelo Professor Nélio Raniel, com participação do egresso Eduardo Oliveira, que emocionou o público ao interpretar “Eu Sou”.

No conjunto, o Afrosaberes deixou uma marca de reflexão e pertencimento entre estudantes, servidores e visitantes. Como resume Jeniffer Rayane: “Foi um dia de reflexão, acolhimento, aprendizado e conexão com histórias que importam” e completou afirmando ter se sentido “orgulhosa por fazer parte de algo que promove mudanças e que valoriza histórias”.

Pela avaliação da organizadora do evento, “o Neabi Colorado do Oeste afirma sua presença como um espaço que provoca deslocamentos: convida a olhar de novo, a escutar o que foi silenciado e a reconhecer a força que sustenta cada história negra no IFRO. Seu compromisso com a Consciência Negra nasce do encontro entre estudantes, servidores e comunidade que não aceitam repetir velhos roteiros — preferem reinventá-los. É um Núcleo que cultiva perguntas, movimenta afetos e transforma o campus em lugar de memória viva, aprendizado crítico e futuro possível”.

 

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