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Docente de Vilhena ministra conferência na Universidade de Ottawa durante estágio internacional

Publicado: Terça, 09 de Dezembro de 2025, 17h46 | Última atualização em Terça, 09 de Dezembro de 2025, 17h47 | Acessos: 21

Osvaldo Vilhena Canadá 8Uma aprendizagem pessoal e profissional. Assim foi a experiência do Professor de Filosofia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Vilhena, Osvaldo da Cunha Neto. Ele participou em 27 de novembro de evento acadêmico na Universidade de Ottawa, no Canadá, onde apresentou uma conferência para docentes e estudantes do Departamento de Estudos Antigos e Ciência das Religiões. A atividade integrou seu período de licença-capacitação.

Durante o estágio de imersão acadêmica, o professor acompanhou o curso de Introdução ao Grego Antigo, ministrado em francês pelo Professor Dominique Côté, que também é seu coorientador de doutorado. A imersão contribuiu para o aprimoramento de habilidades linguísticas, metodológicas e de pesquisa — competências que, segundo o docente, retornam diretamente para as práticas de ensino no IFRO, enriquecendo aulas, grupos de estudo e iniciativas de internacionalização.

A apresentação da conferência e o diálogo com pesquisadores canadenses abriram perspectivas para futuras parcerias institucionais. Havendo interesse da instituição em aprofundar relações com o IFRO. “A Universidade de Ottawa, a Faculdade de Artes e o Departamento de Estudos Antigos e Ciências das Religiões certamente têm interesse em desenvolver relações com o Instituto Federal de Rondônia (IFRO), em pesquisa, em mobilidade docente ou em troca de ideias pedagógicas”, reforça o Professor Dominique Côté.

O docente conta ainda que a principal contribuição ao diálogo acadêmico foi apresentar o resultado das pesquisas de seu orientando no âmbito de uma conferência organizada por um departamento universitário, para colegas professores, estudantes da faculdade e ao público em geral. “Além disso, o fez em francês, em uma das duas línguas oficiais da Universidade de Ottawa e do Canadá”, acrescenta Côté.

A oportunidade de formação extra faz parte do período de afastamento do servidor do IFRO na Licença para Capacitação. Direito concedido no interesse da Administração a servidores públicos federais a cada cinco anos de efetivo trabalho no serviço público. A possibilidade de permanecer por até três meses de licença remunerada é voltada para estudos e capacitação profissional. Pode ser usufruído em participação de atividades de desenvolvimento profissional (cursos, treinamentos, pós-graduações etc.) que beneficiem o serviço público e o próprio servidor, visando a aprimorar suas competências e a eficiência da administração.

Oportunidade de capacitação

A entrevista abaixo foi realizada pela CCEV (Coordenação de Comunicação e Eventos do Campus Vilhena). Nas respostas o Professor Osvaldo detalha a organização da licença-capacitação, as contribuições acadêmicas do período no Canadá, os aprendizados pessoais e profissionais e a relevância da internacionalização para o ensino público federal.

Como você organizou seu período de licença-capacitação e quais eram seus objetivos?

Organizei meu período de licença-capacitação com planejamento antecipado, articulando questões logísticas profissionais, documentais e pessoais. No IFRO Campus Vilhena, contei com apoio irrestrito da Direção-Geral e da Direção de Ensino.

Um ponto crucial foi a redistribuição das minhas aulas. Para que o Professor de Filosofia, Alvino, pudesse assumir integralmente a disciplina durante meu afastamento, adiantei a oferta da disciplina para algumas turmas no semestre anterior, em acordo com ele.

Todo esse esforço e a colaboração dos colegas viabilizaram a oportunidade de um período dedicado à formação continuada. Meus objetivos centrais eram buscar uma renovação pessoal e profissional – um processo que considero vital para qualquer profissional – e aprofundar conhecimentos específicos que pudessem enriquecer minha atuação docente e pesquisa.

Como surgiu a oportunidade de realizar parte dessa capacitação no Canadá? Como ocorreu o convite para acompanhar o curso de Introdução ao Grego Antigo na Universidade de Ottawa?

A oportunidade de realizar parte da capacitação no Canadá surgiu organicamente do meu vínculo acadêmico com o Professor Dominique Côté, meu coorientador de doutorado e diretor do Departamento de Estudos Antigos e Ciência das Religiões da Universidade de Ottawa.

Durante o planejamento da minha Licença-Capacitação, comentei com ele sobre meu período dedicado à formação. Foi então que, em um gesto de generosidade acadêmica e fortalecimento da nossa colaboração, o Prof. Côté fez o convite pessoal para que eu acompanhasse, como ouvinte e em regime de imersão, a sua turma do curso de Introdução ao Grego Antigo, ministrado em francês.

Esse convite específico para o curso foi, portanto, a peça central que estruturou a realização desta etapa da capacitação no Canadá, transformando-a em um verdadeiro estágio de imersão acadêmica. Posteriormente, a partir desse mesmo diálogo, recebi o honroso convite para apresentar uma conferência ao seu departamento.

Quais aspectos desse curso contribuíram para sua formação acadêmica e profissional?

Primeiramente, o curso funcionou como uma excelente ferramenta de manutenção e prática ativa de duas línguas fundamentais para minha formação: o Grego Antigo e o Francês. Conhecer uma língua é diferente de dominá-la ativamente; sem uso regular, a proficiência se perde. Ter aulas três vezes por semana me obrigou a um contato disciplinado e frequente com ambas, o que é vital para qualquer pesquisador que trabalha com fontes primárias e literatura acadêmica internacional.

Além do aspecto linguístico técnico, a experiência contribuiu de forma mais ampla. Intelectualmente, o desafio de acompanhar um curso avançado em uma universidade estrangeira revitaliza o pensamento e as metodologias de estudo. Socialmente, inserir-se em um novo ambiente acadêmico amplia perspectivas e redes de contato. E, emocionalmente, dedicar-se a um aprendizado tão especializado traz uma sensação de realização e plenitude profissional, que é um combustível essencial para a carreira docente e de pesquisa.

Quais foram os principais pontos abordados na sua apresentação e como o público reagiu?

Apresentei um conteúdo que durou 35 minutos para ser exposto. Usei uma apresentação no Canva, com textos e algumas imagens dos autores mencionados, entre eles, Protágoras, Platão e Aristóteles. Falei somente francês durante o encontro.

A reação do público — composto majoritariamente por docentes e pesquisadores do departamento — foi ativamente crítica e engajada, exatamente como se espera de um debate acadêmico de alto nível. Após a exposição, fui questionado de forma rigorosa e perspicaz sobre nuances interpretativas e implicações teóricas do tema.

Confesso que nem todas as perguntas eu consegui responder de forma imediata e completa — o que, na minha visão, é o sinal mais claro de um diálogo produtivo. Esse nível de interlocução não apenas validou a relevância do tema escolhido, como também abriu novas perspectivas para minha própria pesquisa, tornando a experiência profundamente enriquecedora.

Quais aprendizados pessoais e profissionais esse período proporcionou?

No plano pessoal e intelectual, foi um exercício contínuo de humildade epistemológica. Estar em um ambiente acadêmico tão exigente, como ouvinte em um curso avançado e como palestrante sob escrutínio rigoroso, reforçou a noção de que o conhecimento é um processo coletivo e inacabado. Simultaneamente, foi um teste significativo ao meu equilíbrio emocional e resiliência, gerenciando a pressão de performar em uma segunda língua e cultura acadêmica diferente. Saio com a convicção de ter me saído bem, mas também com a clara percepção de aspectos meus que seguem em desenvolvimento.

No plano profissional, a imersão proporcionou uma atualização metodológica direta, ao observar de perto as técnicas de ensino do grego e os formatos de discussão em uma universidade estrangeira.

Como essa experiência dialoga com suas pesquisas e atividades que você já desenvolvia no IFRO?

Essa experiência dialoga diretamente com minhas atividades no IFRO em dois níveis principais: o conteúdo de ensino e o estímulo ao aprendizado de línguas.

Em primeiro lugar, minha pesquisa e a conferência apresentada aprofundaram-se justamente no núcleo da filosofia antiga — especificamente, na análise da historicidade do diálogo Protágoras de Platão e na crítica socrática aos sofistas. Este é um tema de grande apelo e curiosidade entre nossos estudantes, o que me permite retornar à sala de aula com exemplos e discussões atualizadas e enriquecidas por debates acadêmicos internacionais, tornando o conteúdo mais vivo e conectado com a pesquisa de ponta.

Em segundo lugar, a experiência valida e fortalece uma iniciativa já existente no campus: o interesse dos estudantes por línguas clássicas e modernas. Ao vivenciar na prática a imersão no Grego Antigo e no Francês como ferramentas de trabalho intelectual, posso compartilhar com os grupos de estudo do IFRO — como o iniciado em 2025 — não apenas a gramática, mas a aplicação concreta e a importância dessas línguas para o acesso direto às fontes e à literatura especializada, servindo como um estímulo prático e inspirador para seus estudos.

De que forma você pretende aplicar ou compartilhar esses conhecimentos na instituição?

Quero amadurecer a ideia de aplicar o exercício de línguas estrangeiras durante as aulas e também realizar eventos em outras línguas com a parceria de outros docentes, sejam do IFRO ou de outras instituições.

Há perspectivas de novas colaborações com a Universidade de Ottawa?

Gostei muito de ter realizado aqui um ano do meu doutorado no ano de 2014 e voltar a esse ambiente me parecia algo improvável.

Realmente me parece uma excelente ideia a possibilidade de um intercâmbio entre o IFRO e a OttawaU.

Como próximo passo natural, eu me coloco à disposição para atuar como um facilitador deste processo. Posso compartilhar os contatos e a percepção da receptividade da parte canadense com a gestão e com os setores de relações internacionais do IFRO, além de colaborar na elaboração de propostas iniciais, como um convênio de cooperação ou um programa de mobilidade docente focada em disciplinas específicas. Acredito que esta experiência bem-sucedida serve como um excelente caso piloto para dar início a uma formalização.

Na sua opinião, como a licença-capacitação fortalece sua atuação docente e contribui para o ensino público federal?

A licença-capacitação é um instrumento fundamental que fortalece a atuação docente em duas dimensões: a pessoal e a institucional.

Para o docente, é um período de renovação prática do conhecimento. Mais do que confirmar um princípio, ela permite vivenciá-lo: saio da imersão com conteúdos atualizados, metodologias observadas in loco (como as do curso de grego), e repertórios didáticos ampliados. Isso se traduz diretamente em uma sala de aula mais rica, crítica e conectada com debates acadêmicos internacionais, beneficiando imediatamente os estudantes.

Para o ensino público federal, o impacto é sistêmico. Quando um professor retorna com essa bagagem, o benefício se multiplica. Ele compartilha insights com colegas, inspira estudantes com experiências concretas de internacionalização e, como no caso dessa vivência, ativa redes de colaboração que podem gerar frutos para toda a instituição, como as perspectivas com a Universidade de Ottawa.

Portanto, a licença-capacitação é um investimento de alto retorno: ela revitaliza o profissional em sua base e, ao fazê-lo, eleva a qualidade e o prestígio coletivo do ensino público, assegurando que ele continue a ser um espaço de excelência e inovação.

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