IFRO e ICMBio celebram tradições do Povo Makurap na III Festa do Peixe
Evento na Aldeia Baía Coca, em Guajará-Mirim, promoveu diálogo intercultural, valorização de saberes ancestrais e reforçou o compromisso de instituições com os povos originários.
Em uma rica troca de saberes e vivências, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Guajará-Mirim, e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) participaram da III Festa do Peixe – Potkap Xako, realizada na Aldeia Baía Coca, Território Rio Guaporé, em Guajará-Mirim. O evento, idealizado pela comunidade local, buscou valorizar e revitalizar as tradições do povo Makurap, reunindo indígenas e não indígenas em uma celebração de diálogo e fortalecimento cultural.
A convite de Jeferson Makurap, um dos organizadores, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do IFRO Campus Guajará-Mirim marcou presença com os Professores Mariane Rodrigues Cortes, Lucas Nascimento Rocha, Levy Matheus e Marcus Morro. Com a participação, eles buscaram reforçar a missão do instituto de construir uma educação conectada com a realidade e a diversidade da região.
A programação da festa foi um mergulho profundo na cultura Makurap. O evento contou com uma mesa institucional que reuniu representantes do Ministério Público Federal, IFRO, Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e ICMBio para discutir projetos de interesse da comunidade. Em seguida, um espaço de escuta foi aberto para coletivos e associações como a Juventude Indígena de Rondônia (JIR) e a Associação de Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR), ampliando as vozes e a articulação dos povos originários.
Os participantes puderam saborear pratos típicos da culinária indígena, como carne de caça, piranha e tambaqui assado. À noite, a aldeia foi tomada por apresentações culturais, com danças tradicionais, músicas e a encenação da luta com espadas de madeira de palmeira, um símbolo da força ancestral do povo Makurap.
Para os educadores, a experiência foi uma jornada de aprendizado e responsabilidade. A Coordenadora do Neabi, Mariane Cortes, destacou a importância da vivência. “Considerando que cerca de 14% da população de Guajará-Mirim se declara indígena, é essencial aprofundar o conhecimento sobre as culturas originárias para promover um acolhimento mais sensível. Voltei dessa imersão com algumas respostas, mas com o dobro de perguntas — e é esse movimento que impulsiona a construção de ações mais significativas”, refletiu.
Conforme Levy Matheus, a primeira visita a uma aldeia foi inesquecível. “Fomos muito bem recebidos. A festa foi animada e tradicional, com danças que duraram a noite inteira”, contou. Ele descreveu o ritual em que o Cacique ‘acorda a alma’ dos dançarinos com uma chicotada simbólica e a tradição de dançar até o amanhecer, com pausas para tomar a Chicha, bebida fermentada de mandioca, destacou o docente.
Sobre os desafios enfrentados pelas comunidades, Lucas Rocha explicou ser uma longa viagem de barco da cidade até a aldeia, além de outras questões urgentes, como o desmatamento e a falta de infraestrutura. “O IFRO tem a oportunidade de apoiar esses estudantes, oferecendo educação formal sem que eles percam suas raízes. A Festa do Peixe é uma tentativa de reavivar a cultura e transmitir os saberes às novas gerações”, acrescentou.
A participação do ICMBio, representada pelo Analista Ambiental, Ítalo Rocha Freitas, reforçou o compromisso do órgão com os povos tradicionais. “Nossa equipe tem grande satisfação em participar e apoiar eventos que valorizam as culturas indígenas e contribuem para a conservação da sociobiodiversidade”. Ítalo também destacou que o evento permitiu uma compreensão mais ampla da realidade das etnias e foi uma oportunidade para apresentar a relevância do Parque Nacional da Serra da Cutia na proteção dos territórios. “Reforçamos nosso compromisso em apoiar e fortalecer a soberania e os modos de vida tradicionais dos povos indígenas da região”.
Conforme os representantes, a participação conjunta do IFRO e do ICMBio na Festa do Peixe Potkap Xako significou reconhecimento e aliança, fortalecendo a ponte entre saberes institucionais e ancestrais e celebrando a riqueza cultural que pulsa no coração da Amazônia.
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