Instituto Federal de Rondônia

IFRO participa do Encontro Nacional dos NEABIs da Rede Federal de Educação em Macapá/AP

Entre os dias 3 e 6 de junho de 2025 ocorreu, no Instituto Federal do Amapá – IFAP, Campus Macapá, o “VIII ENNEABI - Encontro Nacional de Neabs, Neabis e Grupos Correlatos da Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia”. O evento teve como objetivo fomentar discussões sobre temáticas negras, indígenas e étnico-raciais nas instituições de ensino, além de fortalecer o cumprimento das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tratam da obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino.

O VIII ENNEABI contou com a participação de servidores de Institutos Federais e Universidades de todo o Brasil, estudantes da Rede e movimentos sociais. Para representar o IFRO no evento, contou-se com a participação dos docentes Thaíze Ferreira da Luz (Campus Colorado do Oeste), Rosa Maria da Silva Gonçalves (Campus Vilhena), Ana Caroline Carvalho Miranda e Gabriel Tenório dos Santos (Campus Cacoal), Diego Luís da Silva Alves (Campus São Miguel do Guaporé), Mônica Apolinário (DEID/PROEN) e da estudante Kerollyn Custódio Cardoso (Campus Ji-Paraná).  Ao longo dos três dias, foram realizadas palestras, minicursos, oficinas, sessões temáticas, apresentações de pôsteres, fóruns, como também uma vasta programação cultural com os ritmos, cores e sabores da Amazônia Brasileira.

A estudante do curso de Engenharia Florestal do Campus Ji-Paraná, Kerollyn Custódio, apresentou os resultados parciais de sua pesquisa, que resultaram em duas análises apresentadas no evento: “A percepção de estudantes do IFRO Campus Ji-Paraná sobre religiões afrobrasileiras a partir de imagens” e “Religiões afro-brasileiras na escola: exclusão e silenciamento”. Kerollyn é membro do NEABI/JIPA e vem desenvolvendo o estudo em parceria com Maria Eduarda Yamamoto. Para Kerollyn Custódio, “a participação de estudantes no VIII ENNEABI amplia nossa consciência social e histórica na luta por uma sociedade mais justa. A oportunidade de participar de eventos dessa natureza precisa ser estendida a mais estudantes”.

A coordenadora da pesquisa e diretora do Departamento de Educação Inclusiva e Diversidade do IFRO, Professora Mônica Apolinário, considera que a participação de estudantes no ENNEABI, para além do reconhecimento da produção acadêmica, promove o fortalecimento de uma educação envolvida com a defesa dos direitos das pessoas negras, quilombolas e indígenas. E cita: “o compartilhamento de experiências acadêmicas e vivências culturais entre estudantes e servidores da Rede Federal de Educação, em nível nacional, proporciona o diálogo entre a ciência e os saberes ancestrais, oferecendo visibilidade a povos e a comunidades marginalizadas”.

A Professora Rosa Gonçalves apresentou resultados da pesquisa “Entrelaçamentos e distâncias: reflexões sobre os fios históricos de Angola, Argentina, Brasil e Moçambique”, abordando como o epistemicídio reflete a eliminação dos modos alternativos dos saberes tradicionais ao impor uma visão única de mundo, desconsiderando as múltiplas formas de conhecimentos existentes, especialmente nas culturas indígenas e afro-brasileiras.

Com o trabalho intitulado “IFROCONSCIENTE: entre possibilidades e desafios emerge uma proposta antirracista no Instituto Federal de Rondônia, Campus Cacoal”, o Professor Gabriel Tenorio dos Santos apresentou um relato de experiência no âmbito do projeto de ensino IFROCONSCIENTE, ocorrido em novembro de 2024.

De acordo com a Professora Mônica Apolinário, a realização da atividade só foi possível graças ao suporte institucional da Reitoria, da Pró-Reitoria de Ensino e das Direções-Gerais dos Campi Vilhena, Cacoal e Ji-Paraná. A docente ressalta que “o Departamento de Educação Inclusiva e Diversidade agradece o compromisso institucional na construção de uma educação antirracista, plural e transformadora, que valoriza o protagonismo estudantil e defende os direitos humanos, a diversidade e a inclusão”.

VIII ENNEABI

Em relação ao VIII ENNEABI, o evento contou com a participação de mais de 700 participantes, que reforçaram a diversidade étnico-racial dos Institutos Federais, seja por meio da busca de avanços nas políticas de ensino para acesso e permanência dos estudantes pretos, pardos e indígenas, seja pela proposição de investimentos para a efetiva construção da educação antirracista e o letramento racial. Ademais, os núcleos proporcionam aos IFs o enfrentamento aos saberes eurocêntricos que, por séculos, dominam os espaços institucionais.

Na plenária final, várias proposições foram aprovadas, dentre as quais, como adotar sistemas alternativos ao modelo meritocrático nos processos seletivos dos cursos da Rede Federal, o reconhecimento da permanência dos estudantes pretos, pardos e indígenas como direito e reparação histórica, não como concessão orçamentária, além da implementação imediata de processos seletivos específicos para povos indígenas com acesso específico e diferenciado nos IFs.

Ainda como propostas, foram sugeridas a criação de casas do estudante indígena nos campi dos IFs, a inclusão de componentes curriculares obrigatórios sobre as línguas e as culturas indígenas brasileiras nos cursos ofertados pelos IFs em todos os níveis e modalidades de ensino e a adoção de percentual mínimo dos orçamentos para os núcleos de estudos afro-brasileiros e indígenas dentro dos IFs. O documento será encaminhado a várias esferas do poder público. Além disso, aprovou-se a escolha do Campus Souza do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) como sede do XI ENNEABI.