IFRO desenvolve pesquisas de inovação em sustentabilidade e meio ambiente em Colorado do Oeste
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Colorado do Oeste, realizará projetos de pesquisa e inovação na região de Colorado do Oeste. Os projetos são desenvolvidos a partir do Departamento de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação (Depesp) da instituição, com apoio do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia (TJ-RO).
O Coordenador do Depesp/IFRO/Colorado, Flávio Henrique Bravim Caldeira, destaca que todos os projetos possuem grande relevância regional, em especial abordando as temáticas meio ambiente e sustentabilidade e já estão em execução. Ele explica que o recurso para a execução dos projetos veio através de contemplação no Edital 001/2024 do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 2° Vara Genérica da Comarca de Colorado do Oeste.
“A captação do recurso externo para a execução destes projetos dentro do IFRO é sempre muito bem-vinda e se deu graças a excelentes propostas organizadas por professores que trabalham nas áreas de saneamento, meio ambiente e desenvolvimento sustentável”, destacou. Dos projetos em andamento, um visa a garantir água segura para moradores de Colorado do Oeste, um inova com Inteligência Artificial para identificar erosão do solo nas localidades de Colorado do Oeste e Cabixi e o outro busca otimizar gestão de resíduos em Colorado do Oeste, com foco em garrafas PET e PEAD.
Proposta de monitoramento
Idealizado pelos Professores Camila Isabel de Menezes Fraga e Nélio Ranieli Ferreira de Paula, o projeto proposto visa a monitorar a qualidade microbiológica da água dos poços em Colorado do Oeste. A proposta nasceu da ideia de enfrentar os desafios na garantia de qualidade da água.
Em meio aos desafios persistentes na universalização do abastecimento de água no Brasil, o projeto surge como uma esperança para garantir a segurança hídrica para quem reside em Colorado do Oeste. No Brasil, muitas casas dependem de poços não monitorados para suprir suas necessidades domésticas, uma prática que pode representar riscos significativos à saúde pública. O consumo de água contaminada está associado a uma série de doenças graves, como diarreia, cólera, hepatite A e febre tifoide, além de comprometer a higiene e a qualidade de vida das comunidades.
A contaminação da água é frequentemente causada pelo descarte inadequado de esgotos e dejetos animais. Quando esgotos são despejados sem tratamento em vias públicas, córregos ou rios, a água pode se tornar um meio de transmissão para diversos patógenos, incluindo bactérias, vírus e parasitas. O uso de soluções alternativas de abastecimento, como poços, é uma prática comum em áreas com infraestrutura de abastecimento deficiente. No entanto, esses poços frequentemente não garantem a qualidade da água, aumentando o risco de doenças.
Conforme os proponentes do projeto, utilizando indicadores como coliformes totais e Escherichia coli, a ação conjunta entre IFRO e TJ-RO busca assegurar que a água utilizada para consumo, higiene e preparo de alimentos esteja livre de contaminantes prejudiciais. De acordo com a Portaria GM/MS nº 888, a água potável deve estar isenta de Escherichia coli, um sinal de contaminação fecal. Com a iniciativa, espera-se melhorar a segurança hídrica e promover a saúde e o bem-estar da população local, contribuindo também para o desenvolvimento socioeconômico da comunidade.
Inteligência Artificial
Outra proposta é o projeto de inovação a partir do uso de Inteligência Artificial (IA) para identificar erosão do solo em duas localidades. O projeto foi idealizado pela Professora Elaine Lima da Fonseca e está alinhado no esforço para enfrentar a crescente preocupação de cuidado com o solo. Nos municípios rondonienses de Colorado do Oeste e Cabixi, recebendo uma inovadora abordagem tecnológica com técnicas de IA, algoritmos avançados e imageamento remoto, o projeto visa a mapear e classificar a suscetibilidade à erosão em áreas críticas, oferecendo uma ferramenta essencial para a gestão sustentável do solo.
O objetivo principal do projeto é realizar uma análise detalhada das áreas propensas à erosão, fornecendo diagnósticos precisos e temporais sobre o estado de degradação dos solos. Através da aplicação de IA e técnicas de imageamento remoto, os pesquisadores poderão identificar e classificar regiões mais sensíveis, permitindo uma avaliação minuciosa das condições ambientais. Esse processo é crucial para recomendar práticas de uso do solo que minimizem o impacto ambiental e promovam a sustentabilidade.
“Com esta iniciativa, espera-se não apenas aprimorar o entendimento sobre a erosão do solo nas duas localidades, mas também fornecer uma base sólida para a conservação dos recursos naturais. Ao oferecer informações detalhadas e atualizadas, o projeto busca apoiar a gestão sustentável do solo, ajudando os municípios a adotar práticas que promovam a preservação ambiental e o uso eficiente dos recursos naturais. A integração de tecnologias avançadas representa um passo significativo para enfrentar os desafios ambientais e garantir a sustentabilidade a longo prazo da região”, explicou a docente.
Gestão de Resíduos
Coordenado pela Professora Camila Isabel de Menezes Fraga, o terceiro projeto integrante da parceria é voltado ao esforço para enfrentar os desafios da gestão de resíduos sólidos e promover a sustentabilidade. Intitulado “Destinação Sustentável de Garrafas PET e PEAD: Articulação entre Atores Sociais e Reconhecimento de Responsabilidades”, propõe trazer melhorias significativas para as escolas municipais de Colorado do Oeste. A iniciativa se alinha com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecida pela Lei nº 12.305/2010, que objetiva uma gestão integrada e ambientalmente correta dos resíduos.
O projeto ataca um problema persistente no Brasil: o descarte inadequado de resíduos. Apesar de uma cobertura de coleta de 90,8% em 2015, ainda foram descartadas inadequadamente 7,3 milhões de toneladas de resíduos urbanos, com o PET e PEAD (polietileno tereftalato e polietileno de alta densidade) se destacando como materiais valiosos, mas problemáticos quando não reciclados corretamente. O descarte inadequado desses plásticos pode resultar em aumento dos custos de coleta e na liberação de substâncias tóxicas, prejudiciais ao meio ambiente e à saúde pública.
Na proposta, serão implementadas estratégias de educação ambiental em quatro escolas municipais de Colorado do Oeste, focando na gestão eficiente de resíduos plásticos. A ideia é sensibilizar alunos, professores e funcionários sobre a importância da coleta seletiva e do correto gerenciamento de PET e PEAD. Ao promover práticas de reciclagem e engajar a comunidade escolar, o projeto pretende não apenas melhorar a qualidade do gerenciamento de resíduos nas escolas, mas também contribuir para a conservação ambiental e para uma maior responsabilidade compartilhada entre os atores sociais envolvidos. “Este passo é fundamental para transformar a abordagem local em relação aos resíduos e fomentar um futuro mais sustentável para a região”, explica a professora idealizadora do projeto.
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