40 Grupos de Pesquisa contribuem no desenvolvimento científico do IFRO
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) completou dez anos de existência no final de 2018 com 40 grupos de pesquisa certificados junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Segundo o Diretório dos Grupos de Pesquisa (DGP/CNPq), a definição de grupo de pesquisa é um conjunto de indivíduos organizados com uma ou, eventualmente, duas lideranças. O fundamento dessa organização é a experiência e a liderança no terreno científico ou tecnológico, existindo ainda o envolvimento profissional e permanente com a atividade de pesquisa e o trabalho que se organiza em torno de linhas comuns de pesquisa que se subordinam ao grupo.
Importantes por contribuírem com o desenvolvimento institucional, no Instituto Federal os grupos recebem apoio por meio da concessão bolsas aos estudantes e de auxílio financeiro à pesquisa (taxa de bancada). Além disso, a Propesp tem publicado editais específicos com objetivo de fortalecer e promover o desenvolvimento dos grupos certificados pela instituição junto ao DGP-CNPq.
A atividade permanente de pesquisa numa instituição é condição prévia para participação no Diretório Nacional. Conforme a Diretora de Pesquisa e Inovação da Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação (PROPESP/IFRO), Giselle Cavalcante Saldanha de Andrade, no âmbito do IFRO optamos por desenvolver pesquisas organizadas em grupos e suas linhas de pesquisa com vistas à geração de novos conhecimentos necessários ao desenvolvimento de projetos e de alternativas inovadoras para demandas concretas da sociedade rondoniense.
Os primeiros grupos de pesquisa do IFRO foram criados no ano de 2010. Na época, a PROPESP lançou edital para criação de Grupos de Pesquisa da instituição com o objetivo de disponibilizar no Diretório do Grupo de Pesquisa (DGP/CNPq) informações sobre as pesquisas desenvolvidas no Instituto Federal de Rondônia. A partir de então, outras ações foram desenvolvidas tanto no sentido de regulamentar as atividades, com a criação e aprovação do regulamento dos Grupos de Pesquisa e da Resolução de 16/2015 (aprovada pelo Conselho Superior - CONSUP/IFRO), como para promover o fortalecimento dos grupos por meio da concessão de recursos para aquisição de materiais permanentes necessários para o desenvolvimento dos projetos executados pelos grupos.
A diretora destaca também que o aumento na instituição do número de profissionais com doutorado promoveu a criação de novos grupos de pesquisa nas diversas áreas do conhecimento. Em relação às publicações na Plataforma Lattes, não há relação com subsídio junto ao CNPq e sim que, anualmente, o CNPQ utiliza os dados da Plataforma Lattes para fazer o censo dos grupos de pesquisa.
Estando entre os primeiros grupos de pesquisa (GP) que atenderam ao chamado do IFRO, o professor Ernando Balbinot, do Campus Colorado do Oeste, relembra que os departamentos de pesquisa e extensão estavam se estruturando nos campi. “Em 2010 criei o primeiro grupo de pesquisa, bem geral, para oportunizar aos servidores de várias áreas a participação e o GP se chamava Gestão Agroambiental da Amazônia Ocidental”, depois descontinuado. Intentando contribuir com o processo de pesquisa, ainda em fase inicial na instituição, o docente criou ainda em 2010 um grupo em Ciência de Alimentos, que depois passou a ser liderado pelo professor com doutorado na área de Ciências de Alimentos, Nélio Raniele Ferreira de Paula. Depois veio a criação de outro grupo, mais centralizado da sua área de Agronomia, denominado GP Sistemas Integrados de Produção Agropecuária na Amazônia Ocidental (INTEGRA), o qual lidera até o momento.
O INTEGRA começou com quatro docentes, cerca de 30 alunos de graduação e outros 20 do ensino médio. “Nos primeiros editais, em 2011, iniciamos a submissão de propostas. Geralmente aprovamos dois projetos por docente a cada edição do edital da PROPESP, mas em alguns anos tivemos mais de cinco projetos cada. Nos últimos anos temos aprovado projetos em instituições de fomento externas (FAPERO, CNPq)”, ressalta o Professor Ernando. A média de bolsistas do grupo é de 12 de graduação, contando também com estudantes colaboradores na realização de atividades.
Com o avanço nas pesquisas e suas especificidades em determinadas áreas surgidas no âmbito dos diversos cursos de pós-graduação cursados, do grupo inicial em Colorado surgiu ainda o GP Estratégias de Produção e Conservação de Forragem para a Seca em Rondônia (GEFOS), liderado pelo Professor Rafael Reis. “Nossa proposta sempre foi o trabalho conjunto, então, independente do bolsista ligado ao projeto, todos sempre participaram de todas as atividades, o que certamente contribuiu para os integrantes do grupo, principalmente, o trabalho em equipe e o aprendizado prático. Além disso, foram elaborados e publicados muitos resumos expandidos, creio que mais de 150 nestes anos”, destaca.
O Núcleo de Estudos Históricos e Literários (NEHLI/IFRO) é sediado no Campus Porto Velho Calama e também foi um dos grupos criados pelo Edital 20 da PROPESP/IFRO, de 02 de junho de 2010. Tendo o propósito de contribuir para o desenvolvimento científico, tecnológico e social mediante estudos, pesquisas e ações educacionais, o NEHLI congrega pesquisadores da área das Ciências Humanas interessados no estudo da História e da Literatura em seus diversos campos, interfaces, problemas e possibilidades metodológicas, visando à compreensão dos problemas que tocam esses campos de investigação.
Segundo seus integrantes, o grupo tem contribuído com o Ensino, a Pesquisa e a Extensão no IFRO de diversas formas. Em relação ao Ensino, destaca-se o desenvolvimento de projetos de pesquisa como “Informática e sociedade: um estudo da efetividade do curso Técnico de Informática do IFRO” aprovado na Chamada FAPERO 02/2015, que embasado em metodologia qualitativa consolidou informações e indicadores capazes de contribuir com a coordenação do curso e rever estratégias para permanência e êxito no curso. No projeto aprovado na Chamada da Proen 06/2018, “História e diálogo: uma proposta pedagógica para a inclusão de estudantes com Paralisia Cerebral (PC) no IFRO”, foram atendidos dois estudantes com dificuldades de aprendizagem decorrentes de paralisia cerebral, contribuindo de modo significativo para a aprendizagem histórica e o desenvolvimento da autonomia dos estudantes, assim como na sensibilização para a educação inclusiva e um melhor conhecimento do potencial dos estudantes.
A participação de estudantes no NEHLI tem contribuído com a formação de habilidades acadêmicas, a conclusão dos cursos em tempo hábil e de forma exitosa e oportunizado a construção de currículos de destaque. Três estudantes do NEHLI foram aprovados para realizar pesquisas na Europa, mediante editais de mobilidade estudantil regidos pela Assessoria de Relações Internacionais (ARINT/IFRO) e vários estudantes já possuem publicações de artigos e capítulos de livro. A construção de competências acadêmicas dos estudantes é sempre trabalhada de forma alinhada com a formação ética e cidadã.
“No campo da extensão social, o grupo se destaca por abrigar o NEDET (Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial), no qual são desenvolvidos projetos de investigação e de ações extensionistas para comunidades rurais e povos e comunidades tradicionais de Rondônia, sobretudo do território Rural de Identidade Rio Machado. Vincula-se ainda ao grupo o sempre esperado Festival Hispânico, coordenado pelos professores Maria Rita Berto de Oliveira e Saulo Gomes, pesquisadores que atuam na linha de pesquisa de Literatura Hispano-Americana do grupo. Na seara da Extensão, avalia-se positiva a experiência que o grupo vem desenvolvendo com comunidades rurais”, afirma a professora do Campus Porto Velho Calama, Xênia de Castro Barbosa.
E na área de pesquisa, entre os projetos aprovados pelo NEHLI, o de maior repercussão foi o projeto “Cidade e Direito: uma análise da situação do lixo eletrônico em Porto Velho/RO”, aprovado no Edital 18/IFRO/2015, que resultou para a orientadora e os bolsistas (João Baraldi Neto e José Ítalo Oliveira dos Santos) publicação em revista Qualis A1 e convites para contribuir com a discussão de políticas públicas ambientais na Prefeitura de Porto Velho. A coordenação atual é da professora do Campus Porto Velho Calama, Márcia Letícia Gomes, para desenvolver projeto de pesquisa e extensão com imigrantes venezuelanos em Porto Velho.
Linguagem
O professor do Campus Cacoal, Sérgio Nunes de Jesus, lidera o Grupo de Pesquisa: Linguagem, Cultura e Sociedade: Saberes e Práticas Discursivas na Amazônia (PDA), também iniciado em 2010, no mês de maio, no Campus Cacoal, de onde vem desenvolvendo atividades de pesquisa, extensão e ensino, como cursos para alunos dentro do próprio campus, com atividades para o Enem, de leitura e de produção de texto.
“Produzimos pesquisas voltadas à produção de textos, entre elas, um projeto que culminou no ano passado e foi apresentado em Pittsburgh, nos Estados Unidos, e esse ano estou desenvolvendo uma atividade na York Université, aqui em Toronto, no Canadá, também sobre a produção de texto na área de linguagem. Esses textos são produzidos, evidentemente, por alunos estrangeiros, consonante estejam aprendendo a língua portuguesa. É uma parceria que estamos fazendo e aproveitando estou fazendo o curso”, explica Sérgio Nunes, que no mês de fevereiro de 2019 está em visita ao Departamento de Linguagens, Literaturas e Linguística da York Université.
Entre as atividades de extensão, o grupo PDA realizou de 2015 a 2018 o Simpósio de mesmo nome, obtendo mais de 80 parceiros e resultando em duas parcerias com comunidades indígenas, os Cintas Largas em Espigão do Oeste e os Suruís em Cacoal. “Acreditamos que todas essas parcerias foram e são importantes ao longo desses anos para que o grupo de pesquisa se fortalecesse, e a partir daí tivesse mais credibilidade, dando até mesmo mais credibilidade ao nosso campus, em cada uma delas”, acrescenta o Professor Sérgio. Ele ainda relembra que na extensão há parceria com a Secretaria de Estado de Educação (SEDUC), em que são desenvolvidas atividades nas linhas e regiões circunvizinhas. “Ao logo desses quase nove anos de existência desenvolvemos atividades de extensão mais pautadas para ajudar instituições carentes, entre elas o Hospital do Câncer de Cacoal, a Guarda-Mirim e outras instituições de Cacoal, Pimenta Bueno, Rolim de Moura, Espigão do Oeste e Ji-Paraná”, afirma.
Matemática
Junto aos grupos de pesquisa mais antigos do IFRO está ainda o Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Matemática, com base no Campus Ji-Paraná. O Professor Gilmar Alves Lima Junior, que lidera o grupo, explica que participam pesquisadores nas áreas de Biologia, Química, Física, Matemática e Informática. Nos projetos de pesquisas desenvolvidos há participação de alunos bolsistas de iniciação científica dos cursos técnicos em Química e Informática, da Licenciatura em Química e do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas.
Como outra função dos grupos de pesquisa dentro das universidades, instituições de ensino ou em institutos de pesquisa científicas e tecnológicas estão o desenvolvimento da pesquisa e a articulação de cursos de pós-graduação (Strictu Sensu ou Lato Sensu). O líder do grupo conta que “ao longo de mais de oito anos de atuação, o grupo se aprofundou nas linhas de desenvolvimento de tecnologias de informação para o ensino de ciências, com a prática de novas metodologias de ensino em sala de aula, nas áreas de ciências e matemática. Com base na produção da maior parte do corpo de pesquisadores, no campus, temos laboratórios e ensino de Física, Química e Matemática e uma Pós-graduação Lato Sensu em Ensino de Ciências e Matemática que deverá ser ofertada em breve”, comenta.
O grupo publicou em 2016 o livro “Metodologias Alternativas de Ciências para o Ensino Médio, Técnico e Tecnológico”, organizado pelos Professores José Antonio Avelar Baptista e Renato Zan, contribuindo para a divulgação científica e popularização da ciência. Gilmar mostra que “o desafio para os próximos anos é a produção científica em conjunto, a partir de projetos desenvolvidos entre os membros do grupo, com maior afinidade, conforme objetivo do Grupo de Pesquisa, ofertando e fortalecendo a Pós-graduação Lato Sensu aprovada”, afirma o Professor Gilmar, que atualmente é o Pró-Reitor de Pesquisa do IFRO.
Educação
No Brasil, cada grupo de pesquisa pode ser composto com um ou mais pesquisadores e seus estudantes, que são acompanhados pelo CNPq, especialmente quanto aos recursos humanos constituintes dos grupos (pesquisadores, estudantes e técnicos), às linhas de pesquisa em andamento, às especialidades do conhecimento, aos setores de aplicação envolvidos, à produção científica, tecnológica e artística e às parcerias estabelecidas entre os grupos e as instituições, sobretudo com as empresas do setor produtivo.
Conforme a Técnica em Assuntos Educacionais, lotada na Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional (PRODIN/IFRO), Rosa Martins Costa Pereira, um dos primeiros grupos de pesquisa do IFRO a ter como foco a Educação Escolar e Tecnologias como eixo norteador foi o Grupo de Pesquisa em Educação, Filosofia e Tecnologias (GET/IFRO), o qual ela fomentou o início das atividades em 2011.
O GET é o primeiro e único grupo até o momento proposto por servidores da reitoria e organizado a partir da necessidade de estudo e desenvolvimento de técnicos administrativos e professores que ali atuavam. “À época, os editais e as informações de pesquisa eram destinadas exclusivamente aos professores. Ficamos felizes por saber que o GET foi precursor para a criação e grande demandante desse espaço que hoje os TAEs possuem, tanto em editais de pesquisa e extensão quanto na qualificação profissional. Além de mobilizar, na reitoria, servidores para que continuem estudando, pesquisando suas práticas e buscando soluções tecnológicas para os problemas socioeducacionais”, destaca.
O GET conseguiu aprovação por agências externas, como a FAPERO (Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia) e CNPq, e nos editais internos também há propostas aceitas em todos os anos desde 2011. “O projeto mais recente aprovado pelo CNPq foi submetido à Chamada ARC nº 06/2018 L3, que subsidiará a segunda edição do Seminário Internacional sobre Educação e Migração em junho deste ano. O Seminário promoverá a discussão, em âmbito internacional, sobre problemáticas e soluções que envolvem as áreas da Educação, Fronteira, Inclusão, Linguagens, Imigração, Cultura e espaços formativos”, afirma a pesquisadora.
O GET, que atualmente tem na liderança a professora do Campus Porto Velho Calama, Iza Reis Gomes Ortiz, e da TAE/Reitoria, Rosália Aparecida da Silva, surgiu de um grupo de estudo que se reunia no horário de almoço, na reitoria. Atualmente o grupo agrega aproximadamente 50 pesquisadores e estudantes de diferentes campi do IFRO e de outras instituições. “Fruto de um trabalho coletivo de muita persistência frente às adversidades, principalmente, na legislação da carreira dos TAEs, que não possuem carga horária para o desenvolvimento de pesquisas”, destaca a técnica Rosa Martins.
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