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Incêndio no Museu Nacional acarreta perdas também para Rondônia

Publicado: Quinta, 06 de Setembro de 2018, 18h46 | Última atualização em Quinta, 06 de Setembro de 2018, 19h23

Museu de Arqueologia do Campus Ariquemes 2

O incêndio do último dia 2 de setembro no Museu Nacional no Rio de Janeiro trouxe momentos de reflexão também para a comunidade científica em Rondônia. Entre os projetos de preservação cultural do IFRO (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia) está a manutenção do museu instalado no Campus Ariquemes, assim como outros projetos em desenvolvimento que buscam a preservação da cultura e identidade local.

Para a Professora de História do Campus Colorado do Oeste, Vanessa Fronza, é importante neste momento “manifestar o apoio a uma das instituições mais importantes do Brasil. A destruição de boa parte do acervo do Museu Nacional representa uma perda imensurável não apenas para a pesquisa e divulgação científica no Brasil, mas também para a identidade, cultura e história que pertencem a toda população. Embora o Museu Nacional abrigasse peças das mais diversas origens, tais como a maior coleção egípcia da América Latina, iniciada pelo próprio Dom Pedro I; destaco particularmente os registros da Comissão Rondon por serem fundamentais para o conhecimento e a configuração histórica, cultural, etnográfica e científica da nossa região”.

Vinculado ao Ministério da Educação, o Museu Nacional é uma instituição autônoma, integrante do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que completou 200 anos em 2018. Ele foi criado por D. João VI, em 06 de junho de 1818 e, inicialmente, era sediado no Campo de Sant'Ana, servindo para atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico do país. O perfil dele é acadêmico e científico, cumprindo a finalidade precípua de produção e disseminação do conhecimento nas áreas de ciências naturais e antropológicas.

Especificamente da região de Rondônia, o Museu Nacional possuía exemplares de fauna e flora levados para estudo por meio do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. “Preservava em exposição e nas reservas técnicas um vasto material coletado durante a atividade da Comissão Rondon, que percorreu Mato Grosso e Amazônia com especialistas de diversas áreas - botânicos, antropólogos etc - responsáveis por catalogar aquilo que encontrassem na expedição. Entre espécies animais e vegetais, contatos com etnias indígenas e seus artefatos, material mineral, geológico e paleontológico; peças provenientes dos estudos e da coleta dos pesquisadores que acompanhavam Rondon passaram a povoar as salas do Museu Nacional. E isso ocorreu não apenas durante o período de existência da Comissão Rondon, vários materiais coletados posteriormente também foram enviados para lá”, explica a docente do IFRO.

Vanessa Fronza complementa dizendo que “muitos fósseis que aumentariam o conhecimento sobre a pré-história dos nossos vizinhos mato-grossenses estavam lá. Havia também um crânio de jacaré-açu proveniente de Rondônia, para citar um exemplo”.  As questões relacionadas à preservação de acervos documentais e culturais em geral também são levantadas pela bibliotecária da reitoria do IFRO, Cledenice Blackman, que analisa as políticas de manutenção de acervo de bens culturais do Brasil na região de Porto Velho, “temos como exemplo todo o espaço ferroviário que é tombado pelo IPHAN, entretanto, abandonado e destruído, seja por causas naturais como a grande cheia do Madeira em 2014, ou por conta do descaso em âmbito municipal, estadual e federal”.

Museu do IFRO

Campus Ariquemes sedia desde dezembro de 2014 o primeiro Museu de Arqueologia (MAR) do Instituto, instalado onde funcionava o prédio da biblioteca da antiga EMARC (Escola Média de Agropecuária Regional da Ceplac/Emarc), a partir da parceria entre o IFRO, a empresa Canaã Energia e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Rondônia (IPHAN-RO). A instituição de pesquisa e acervo foi criada com a finalidade de valorização, preservação, com ações comunicativas e educativas sobre o patrimônio arqueológico da Região Centro-Norte de Rondônia, contribuindo com a produção de novos conhecimentos na área, sua difusão e ampliação da consciência regional.

O Coordenador do Museu de Arqueologia (MAR), Oscar Costa Borche, também demonstra preocupação com as políticas públicas de preservação histórica e cultural, na qual o incêndio do Museu Nacional é um capítulo trágico da história recente. “Sabemos que a maior riqueza cultural de um povo é a sua história, ‘não existe futuro para um povo que não preserva a sua história’ e, pelo andar da carruagem, parece que precisamos dar razão ao antropólogo Darcy Ribeiro quando afirmava que ‘A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto’”. O docente ainda afirma ser necessário criar consciência coletiva para com as coisas que realmente importam.

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