Instituto Federal de Rondônia

IV Seminário de Inclusão e Diversidade tem foco em equidade e valorização das identidades diversas

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) realizou o IV Seminário de Inclusão e Diversidade (SEIND), sediado no Campus Ji-Paraná, com o objetivo de promover o debate sobre equidade, respeito às diferenças e fortalecimento das políticas públicas voltadas à diversidade no ambiente educacional. O evento contou com palestras, mesas-redondas, mostras culturais e exposições artísticas produzidas por estudantes e servidores dos campi do IFRO.

A palestra de abertura, intitulada “Corpo, Gênero e Sexualidade nas Práticas Escolares”, foi ministrada pela Professora do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Lauri Miranda Silva. Ela destacou a importância de eventos como o SEIND. “Quando pensamos num evento como este, sendo feito pelo Instituto Federal de Rondônia, é um sinal de avanço e de pensar políticas de equidade, políticas públicas, uma construção coletiva de insurgências”, afirmou. Lauri ressaltou ainda o caráter transformador do encontro. “Esse evento foi insurgente no sentido de luta, de resistência, de sobrevivência, de pensar uma Rondônia melhor, de pensar futuros para as nossas e nossos estudantes”. E finalizou: “eu espero ter contribuído de alguma forma nesse sentido, a partir das minhas experiências, a partir das minhas trajetórias, enquanto mulher trans e afroindígena, enquanto porto-velhense, mesmo não estando morando no estado. E espero que tenha surtido algum efeito e que eu tenha contribuído de alguma forma na vida das pessoas que estiveram hoje aqui”.

Na abertura, a Programadora Visual Giulia Ieladian de Almeida havia abordado o significado de representar servidores na cerimônia. “Estar aqui nesta mesa, representando, porque sabemos que a classe LGBT, principalmente a letra T, é extremamente invisibilizada e estereotipada”. Ela relembrou também sua trajetória pessoal. “Quando fiz ensino médio algum tempo atrás, eu era a única pessoa GLBT assumida na minha escola, escola particular. Era muito difícil, querendo ou não, estar lá, no ensino médio, ser a única pessoa abertamente GLB e hoje estar aqui, no Instituto Federal, na frente de muitos alunos.”

Vindo do Instituto Federal do Amapá (IFAP), o Professor Raimundo Medeiros Neto ministrou a palestra “Relações Étnico-Raciais no Ensino de Ciências e Matemática: Experiência com Sequências Didáticas”. Ele enfatizou a importância da educação como ferramenta de combate à exclusão. “A minha contribuição gira em torno das temáticas da educação étnico-racial que têm como intuito compreender como historicamente pessoas negras foram excluídas dos espaços de oportunidade, inclusive dos espaços de produção de ciência”, explicou. Segundo ele, há um fortalecimento das políticas dos institutos federais, de modo a buscar ser antirracista, anticapacitista, mais inclusivo e com respeito às diferenças existentes no tecido social. E que cada vez mais acolhe e “produz pesquisas que subsidiam a inclusão de fato na educação, na ciência e na tecnologia”.

Entre os participantes, o estudante indígena Douglas Puruborá compartilhou sua experiência no IFRO. “A presença crescente de indígenas nos institutos federais mostra a importância de fortalecer políticas de inclusão e garantir que todos tenham voz e oportunidades iguais”, afirmou. “Foi o trabalho do Neabi que fez toda a diferença, oferecendo suporte e orientação que me permitiram seguir firme nos estudos”, ressaltou o apoio recebido do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas.

A estudante do Campus Porto Velho Zona Norte, Luciene Lisboa, também destacou o impacto do evento. “É muito importante, muito potente. Eu senti aqui um compromisso realmente com os nossos institutos. Estou muito esperançosa que esse movimento faça a diferença no corpo discente e docente de todos os IFs”, declarou. Para ela, a inclusão “precisa ser diversa e ativa no nosso Instituto. Eu como uma mulher negra hoje me sinto contemplada neste evento. Espero que outras mulheres e crianças possam participar, entender e se sentirem realmente acolhidas nas instituições”.

Durante os dois dias de programação, o SEIND contou com apresentações poéticas, exibições audiovisuais e mostras temáticas, como a Exposição de Máscaras Africanas do Coletivo Afro-brasileiro Abomalê e a Mostra Fotográfica das Olimpíadas Indígenas organizada pelo Neabi/Ji-Paraná. Também foram exibidos os curtas “Artistas negros e indígenas de Rondônia na perspectiva dos estudantes do IFRO” e “As Aventuras de Kekey”, além de exposições literárias e artísticas da escritora Cledenice Blackman.

Mônica Apolinário, da equipe organizadora, ressaltou o caráter estratégico do evento. Segundo ela, o seminário “serviu para discutir e refletir a questão da diversidade e da inclusão, de modo a criar estratégias e planos de ação para os próximos anos voltados para a inclusão”. A docente destacou ainda que o SEIND reuniu “apresentações de trabalhos, fotografias, mostras de vídeo e produções feitas pelos servidores dos campi do IFRO, com o objetivo de mostrar o quanto a diversidade é importante e significativa para o avanço e o desenvolvimento da instituição”.

O IV Seminário de Inclusão e Diversidade do IFRO consolidou-se como um espaço de diálogo e aprendizado coletivo, fortalecendo a educação pública cada vez mais inclusiva, plural e democrática. O encerramento do evento contou com a participação do Reitor do IFRO, Moisés José Rosa Souza, e demais representantes dos núcleos institucionais (Nugeds, Napnes e Neabis) que apresentaram deliberações e encaminhamentos voltados ao fortalecimento das políticas de inclusão.