Cooperação por meio de mediadores virtuais contribui em atividades de ensino no Campus Guajará-Mirim
Os alunos com Necessidades Educacionais Específicas (NEE) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Guajará-Mirim, têm a possibilidade de serem acompanhados por um colega de classe na execução das atividades acadêmicas. Por meio do Napne (Núcleo de Atendimento a Portadores de Necessidades Especiais), desde 2021 são lançados editais com bolsas para os mediadores virtuais.
No início do ano é aberto o edital para seleção de novos alunos que serão mediadores virtuais. O objetivo é promover a cooperação mútua entre discentes-docentes e discente-discente, por meio da mediação virtual aos estudantes com NEE. A cooperação ocorre nas atividades de ensino, visando o êxito do processo ensino-aprendizagem. Em 2022, foram selecionados quatro mediadores para auxiliar os alunos com surdez, cegueira, deficiência intelectual e autismo. A bolsa mensal por mediador é de R$ 200,00, sendo necessário um investimento total de R$ 7.200,00 para execução da ação.
Antes do lançamento do edital, o campus verifica entre os alunos quais possuem necessidades educacionais específicas e que tenham interesse em ser acompanhados por um mediador. Segundo o Coordenador Napne de Guajará-Mirim, Laurindo Joaquim dos Santos Neto, para algumas pessoas com deficiência ou transtorno é difícil acompanhar todo o fluxo das atividades acadêmicas, pois durante cada bimestre existem diversas atividades que são desenvolvidas. Além disso, como o mediador está em contato frequente com o aluno, é mais fácil para ele identificar em quais assuntos houve uma maior dificuldade de compreensão.
Com isso, os mediadores poderão auxiliar de maneira mais efetiva o aluno, o professor e o Napne. Entre suas atribuições estão contribuir no atendimento e orientação, visando a adaptação e maior integração no uso do Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA); auxiliar na realização das atividades propostas pelos docentes sempre que compatível com seu grau de conhecimento e experiência; colaborar com o Napne e os docentes na identificação de melhorias na execução do processo de ensino, propondo medidas ou recursos alternativos a serem implementados; e apresentar relatório mensal de atividades desenvolvidas.
“Como instituição, nosso objetivo no município onde estamos inseridos é ser referência não só no ensino, pesquisa e extensão, mas também ser referência na formação de cidadãos capazes de serem agentes de transformação social, fazendo isso também por meio da inclusão e respeito às diferenças. Ações como essa, mostram o comprometimento do IFRO em ser uma organização que valoriza a equidade e o respeito”, avalia Laurindo Neto.
Para a Professora Luciana Alves Ranzula, “nas minhas aulas de Biologia o mediador tem um papel fundamental na aprendizagem do estudante que apresenta algum tipo de deficiência ou transtorno, pois muitas vezes o aluno apresenta dificuldades em entender o conteúdo durante as aulas e quando o mediador auxilia em horário oposto às aulas, percebo que ocorre a aprendizagem de forma significativa”.
A acadêmica da Licenciatura em Biologia, Angélica Ferreira, diz considerar a iniciativa como uma boa ação. “No período on-line eu tinha dificuldade de entrar no AVA, se precisasse baixar algum PDF, ver algum PDF ou, por exemplo, na hora das avaliações o professor mandava alguma avaliação em PDF ela cortava questão por questão e enviava para mim em texto no Whatsapp. Eu respondia e ela colocava de novo no PDF e enviava. A ajuda da Jéssica nessa parte técnica foi muito boa, porque se fosse só eu, muita coisa eu não conseguiria fazer. Uma vez que fizemos um trabalho que teve o experimento do plantio do feijão, para verificar a germinação. Ela me ajudou, fui fotografando e ela montou para mim. Seria quase impossível eu continuar sem essa ajuda. Por exemplo, nos relatórios do estágio eu fazia e enviava para ela formatar de acordo com a ABNT, seria quase impossível para eu fazer sozinha, foi muito útil ter esse auxílio”.
Sobre a contribuição do processo de mediação com o desenvolvimento pessoal, a Mediadora Thainá Tobias, conta que se “começa a olhar as coisas com outros olhos, tentando entender as dificuldades e o que o ambiente, como sociedade, deveria adaptar. Creio que o processo me ajuda imensamente com a empatia, potencializa que os indivíduos são diferentes e nós, como sociedade, devemos estar preparados (ao menos tentar estar) para lidar com todos, com suas singularidades e proporcioná-los um ambiente igualitário”.
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