Projeto de Ensino “Controlada Mente” é realizado no Campus Guajará-Mirim
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Guajará-Mirim, nos dias 10 e 11 de maio de 2021, recebeu a culminância do Projeto de Ensino “Controlada Mente”. Sob coordenação dos Professores Maria das Graças Freitas e Antônio Ramiro de Mattos, os dois dias ocorreram em encontros via webconferência. A ideia era desenvolver um trabalho interdisciplinar entre Sociologia e Literatura.
O debate e a reflexão levaram em consideração temas pertinentes para a construção de uma sociedade fundamentada em equidade. Na junção das duas áreas de conhecimento, utilizou-se a obra “O Alienista” de Machado de Assis e o conceito de Ação Social do Sociólogo Max Weber. Os alunos fizeram a comparação das sociedades dos séculos XIX e XXI, com o objetivo de debater, refletir e analisar como a imposição da padronização de costumes e comportamentos sociais podem ser apresentados de forma impositiva ou disfarçados de cultura e aprendizados.
O formato webconferência foi escolhido devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Participaram do projeto estudantes dos segundos anos dos Cursos Técnicos em Biotecnologia e em Informática do Campus Guajará-Mirim. “Os discentes apresentaram seminários criativos, interativos e inclusivos, pois ao final das apresentações todos os grupos apresentaram uma frase motivacional em Libras escolhidas por eles”, contam os coordenadores.
No debate estavam colocadas as seguintes questões: Qual o preço emocional causado pelos moldes impostos socialmente? Como é determinado o conceito de normalidade ou anormalidade social? Esses questionamentos nos levaram a refletir sobre as relações sociais, liberdade de expressão, inteligência emocional, socialização e ideologias de dominação. O projeto demonstrou que o Instituto desenvolve junto aos alunos a formação profissional e humana, estimulando o senso crítico, através do conhecimento imparcial, resultando em ações pautadas em resiliência, empatia e coletividade, formando cidadãos livres com consciência social e senso crítico.
Segundo a Professora de Artes Campus Guajará-Mirim, Marcela dos Santos Lima: “participar do projeto ‘Controlada Mente’ foi um enorme prazer pelo sentido da qualidade da experiência. A interdisciplinaridade nas áreas: Português, Sociologia e Arte intensifica a essência humana na busca pela ética, nas diferentes experiências humanas, criticidade, afeto e nas relações de amizade. Em meio às turbulentas exigências durante o tempo pandêmico e um novo cotidiano que nos foi imposto, tratar sobre aquilo que não é comum ou considerado fora da normalidade social e, sendo assim, rejeitado pelo contexto, é de alguma forma realizar diferentes traduções existenciais. Parabéns aos coordenadores e alunos do ‘Controlada Mente’ pelas possibilidades de conexões, aproximações e percepções entre a obra machadiana, a sociedade brasileira do século XIX e seus desdobramentos na atualidade. Mas, também, de trazer a diversidade de perspectivas e interpretações afetivas sobre o assunto abordado”.
Carmem Solange Rocha Limeira, mãe da aluna Israelly Rocha Limeira do segundo ano matutino do Curso Técnico em Informática, diz que no início a filha sentiu um pouco de dificuldade na leitura do livro “O Alienista”. “Mas foi essa dificuldade que a fez pesquisar sobre o livro e os conteúdos acessíveis aos surdos. A partir da compreensão do livro, da história que explicava sobre a ‘loucura’ de uma sociedade. Israelly sempre fazia relações com o cotidiano atual, sempre que comentava a história com alguém. O que chamou atenção também foram as interações no grupo do projeto no WhatsApp. A felicidade da Israelly era gigantesca ao ver professores e alunos interagindo acerca da língua de sinais e também ao ser solicitada para ajudar os alunos a interpretarem as frases de suas apresentações. Foi perceptível o interesse e a ansiedade da Israelly em estar participando do projeto”.
A mãe completa: “Eu que acompanho todas suas atividades escolares cheguei a achar que ela não conseguiria apresentar tudo que foi proposto a ela. Enganei-me! Israelly garantiu que conseguiria e que fazia questão de participar da apresentação final e fez isso lindamente. Fiquei muito orgulhosa e, como mãe, muito feliz de ver os alunos falando a mesma língua que minha filha”.
Conforme o relato de Marcela Medeiros Kochem, do segundo ano de Biotecnologia matutino, o projeto foi importante na sua formação. “Foi o primeiro projeto que eu realmente ajudei, foi uma ótima experiência, um conhecimento a mais, o tema do projeto também foi mais incrível ainda. E o aprendizado adquirido irá contribuir bastante, nunca fui uma pessoa tão extrovertida ou de falar com várias pessoas, mas mesmo assim me esforcei bastante em ajudar nesse projeto e toda essa experiência que eu tive vou guardar para momentos no meu futuro”.
Já Priscila Muzzi Pereira Gervásio, do segundo ano vespertino do curso Técnico em Informática, fez a seguinte narrativa: “O projeto me fez aprender bastante sobre o tema que foi passado, sobre as pessoas e tudo o que aconteceu naquele tempo, também, controlar-me enquanto apresentava o projeto superando a timidez. Passei a me cuidar mais e a valorizar as coisas que temos”.
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