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Projeto “Vire Arte” recria obras de arte pelos estudantes do Campus Guajará-Mirim

Publicado: Terça, 28 de Julho de 2020, 14h10 | Última atualização em Terça, 28 de Julho de 2020, 14h10 | Acessos: 70858

20200702 185617Os alunos dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio em Informática e em Biotecnologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Guajará-Mirim, no decorrer do primeiro semestre de 2020, desenvolveram na disciplina de Artes um trabalho de construção criativa. Criado pela Professora Marcela Lima, o objetivo do projeto “Vire Arte” foi refletir sobre o corpo e criar imagens advindas de releituras de obras de arte por meio da caracterização dos alunos (maquiagem e figurino), sobretudo na construção e na busca de novas formas expressivas e perceptivas no trabalho criativo com a fotografia.

Segundo a docente, a relevância do projeto está relacionada mais ao social: “por considerar que as produções artísticas inquietam, desconstroem, transgridem o construído e, também, fazem surgir novos pensares, novas atitudes e novas formas de ‘ver’”. Marcela complementa dizendo que “o trabalho com arte em tempos de isolamento social devido à pandemia é uma forma de buscar o humano, de trazer o ser ao ser, em uma relação sensível, afetiva e consciente da sua postura no mundo, aprendendo a conhecer-se, a valorizar-se, a respeitar-se como indivíduo, com potencialidades criativas que afluem da vida e interferem na vida”.

No início do semestre, foi proposta às turmas a construção de um Diário de Bordo, no qual deveriam escrever sobre as aulas, fazer relações possíveis com outros conteúdos e, sobretudo, com a vida. Em tempos de atividades remotas os alunos continuaram a escrever em seus diários, inclusive, com desabafos pessoais sobre como estão passando este momento tão difícil.

Entre os depoimentos desses diários, o estudante de Biotecnologia João Lage escreveu: “Escolhi uma obra do Renascimento feita por Michelangelo chamada Igneu. Achei que esta obra combinava comigo e resolvi reproduzi-la, então, pus as mãos à obra. Primeiro, arrumei o meu cabelo com a ajuda do meu irmão, passei um ‘reboco’ no rosto para ficar mais parecido com a obra e depois fiz a pose e, no fim, deu certo, gostei muito do resultado. Você professora sempre me ajuda a escolher uma forma de me expressar através da arte por meio das atividades, eu amo fazer os seus trabalhos e estou com saudades”.

Para Thainá Tobias de Informática: “O artista francês Gustave Courbet foi um dos mais verdadeiros em sua arte. Entregou-se a ela inteiramente, comprometido com a sua verdade, sendo muitas vezes incompreendido, mas venerado após sua morte. É dele a composição denominada ‘O Desespero’, dita como uma de suas obras-primas. Trata-se de um autorretrato, que se encontra entre as 50 obras mais famosas do mundo. Ele foi um pintor realista, em desconformidade com os critérios do academicismo de seu tempo. ‘O Desespero’ ( nome da obra) é a obra que posso ser fielmente, creio eu”.

 Israelly Rocha Limeira, também de Informática, gravou seu depoimento em formato de vídeo em Libras, que para a matéria recebeu a tradução: “A foto da mulher com tiara de flor, lá do passado, foi criada no ano de 1960. A pintura de uma mulher bonita, uma história real. É o desenho de uma jovem, humilde, bonita, maravilhosa. Eu acho o meu rosto parecido com o dela – a moça da pintura. Vou explicar porque escolhi a foto da mulher com tiara de flor. Meus olhos são bonitos iguais ao da moça da pintura. Minha mãe quando bebê tinha os olhos claros, quando nasci meus olhos eram verdes, fui crescendo e a cor dos meus olhos mudou, ficaram escuros, depois mudou de novo para um amarelado, não sei o porquê. O meu rosto acho parecido com o do meu pai, mas meus olhos são parecidos com os da minha mãe. Essa é a mistura da família. Meus olhos são parecidos com os da mulher da tiara de flor”.

Segundo a Professora Marcela, em 2011 já havia realizado esse projeto com o nome de “Teatro Bidimensional” na URCA (Universidade Regional do Cariri), na qual lecionou nos cursos de Licenciatura em Artes Visuais e Licenciatura em Teatro. “Na época, a proposta foi inovadora e desencadeou em uma exposição fotográfica no Sesc Crato (CE) e no desenvolvimento de vários artigos e apresentações em diferentes congressos, como o Confaeb em São Paulo e o Congresso Internacional ‘Poéticas da Criação’ realizado pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Compreendia que as disciplinas de Elementos Visuais do Espetáculo – EVE I, II e III encontravam-se em um lugar híbrido e interdisciplinar, dialogando não apenas com a construção de imagens cênicas (dentro do contexto do Teatro, Dança e Performance), mas também com outras linguagens visuais, como a pintura e a fotografia. O trabalho realizado nas referidas disciplinas utilizavam-se da caracterização visual de atores, sendo essa a base e o ponto de diálogo para traduzir as interseções entre teatro e fotografia”.

A docente do Campus Guajará-Mirim é também artista e pesquisadora. Ela conta que um dos exemplos de trabalhos produzidos na URCA é da aluna Jussyane Emídio (atualmente doutoranda em Teatro pela UDESC) e sua reprodução da obra “Moça com Brinco de Pérola”, de Vermmer, que serviu também como inspiração para os alunos do IFRO.

“Este ano, com o isolamento social devido ao contexto atual, diferentes museus pelo mundo lançaram o desafio para que as pessoas ‘tornassem’ obras de arte realizando as releituras a partir da fotografia. Isso virou uma febre nos meios midiáticos e, no Brasil, o programa ‘Arte 1’ fez o mesmo desafio. Essas imagens que coletei pela internet e nas minhas páginas sociais também serviram de inspiração e exemplos para a produção criativa dos alunos. O ponto inicial para o desenvolvimento dos trabalhos foi a questão: ‘Se sua vida fosse uma obra de arte, que obra você seria?’ E, assim, nasceu o projeto ‘Vire Arte’. Para o embasamento teórico/prático, trabalhamos com as obras da fotógrafa norte-americana Cindy Sherman e também com a História da Arte até o contexto do Modernismo”.

O Projeto “Vire Arte” encontra-se no âmbito da “Fotografia Encenada”, na qual o processo se identifica e se aproxima da criação cênica, sendo necessário pensar o cenário, a luz, o figurino e a maquiagem para a realização do registro fotográfico. Assume, ainda, um grande poder de teatralização ao abrir as potencialidades a múltiplas leituras.

Conforme Marcela Lima, é possível perceber a relação que os trabalhos fotográficos realizam com a postura cênica na construção da obra e na (re)invenção de si mesmos. “Foi necessário que os alunos representassem não apenas a postura, mas o olhar, a expressão, a cor, a textura, os contrastes e que se pusessem a uma encenação para um registro fotográfico. Houve alunos como o Gustavo e o Antoniel Nogueira do 1º Biotecnologia Matutino, que realizaram o trabalho a partir de naturezas-mortas, o que foi muito interessante, pois todas as questões relacionadas aos elementos visuais como profundidade, cor, contraste – claro/escuro, enfim, estavam ali presentes”.

A docente explica que o Projeto “Vire Arte”, durante o seu processo de construção e durante as trocas realizadas pelo AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) e pelo WhatsApp, a fez perceber a infinidade de possibilidades de construção de identidades estéticas. “A atividade envolveu os alunos e, também, seus familiares. Além disso, quando se iniciou o isolamento social, foi necessário repensar os conteúdos abordados na disciplina, acrescentei ‘Arte e Pandemia’ e estudamos como no contexto da história da arte os artistas retrataram diferentes pandemias no decorrer dos séculos. Os alunos também produziram vídeos sobre o que fazer durante o isolamento social. Acredito que seja importante olhar para o que estamos vivendo atualmente e fazer relações possíveis no âmbito dos afetos, que também é a base para o pensamento e o ato criativo. É um momento de interrogação, de angústia e de muitas incertezas. Será necessário pensar futuramente sobre como iremos nos relacionar como seres humanos e como humanidade, talvez uma nova ética nas relações deva ser construída e, de certa forma, uma nova possibilidade de fazer e fruir arte. Sendo assim, o ensino da arte não está fora de todo este contexto”.

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