Cerca de 60 pessoas assistiram ao Filme Ex-Pajé no auditório do IFRO (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia), Campus Ji-Paraná. Participaram estudantes do IFRO e acadêmicos indígenas do curso de Licenciatura Intercultural da UNIR (Universidade Federal de Rondônia) e professores da rede pública de Ji-Paraná.
Realizado pelo GETEA (Grupo de Estudos em Temáticas Étnicas na Amazônia), o evento ocorreu no dia 27 de maio. O filme foi seguido de debate, levantando como tema de discussão a presença de missionários evangélicos em aldeias indígenas a partir do ponto de vista dos próprios indígenas. A atividade faz parte do projeto de extensão “Abril Indígena” e conta com a colaboração a professora Gicele Sucupira da UNIR e do técnico Marlos Hubner da CGTI/IFRO.
A professora Lediane Fani Felzke explica que o filme “é muito relevante não só pelos prêmios nacionais e internacionais que recebeu, mas especialmente porque foi filmado em uma aldeia do povo Suruí daqui de Rondônia, ou seja, traz para o público uma realidade muito próxima de nós”. Lediane complementa que o debate em torno do filme “é muito importante para compreensão do que ocorre nas terras indígenas não só de Rondônia, mas de toda a Amazônia, que sofrem influências muitas vezes nefastas dos não indígenas”.
Para Fabrício Gurkewicz Ferreira “o filme apresenta uma temática muito interessante que é a interferência cultural causada pelo contato com a sociedade ocidental nas etnias indígenas do nosso País. Retrata as dificuldades enfrentadas por um indígena que durante boa parte de sua vida era o pajé da sua aldeia e que agora pelo contato com a sociedade ocidental, de modo especial pelo contato com uma religião cristã, não estava exercendo mais esta função na sua aldeia. Então, o que me impressionou bastante como esse intercâmbio cultural geralmente tem uma sobreposição de uma cultura em relação a outra e no caso do contato entre a cultura ocidental e a cultura indígena a sociedade tradicional ocorre em detrimento dela”.
O docente de Educação Física do Campus Ji-Paraná possui projeto sobre a inserção das corporalidades indígenas nas aulas. Fabrício ainda comenta que no filme é possível “perceber como os hábitos daquela etnia que são seculares, pelo menos, e que eram passados de geração em geração. E que neste momento atual eles eram bastante alterados pelo que conseguimos acompanhar no filme não de uma maneira benéfica, porque percebemos a angústia, a aflição daquele indígena que, anteriormente exercia a função de pajé, por não encontrar uma função um motivo para continuar sua existência e viver no dia a dia. A gente percebe que ele teve que mudar seus hábitos, mas teve que entrar em conflito pelo fato de estar indo contra aquilo que ele foi condicionado na sua cultura, rompendo com aquilo que acreditava e por questão de necessidade na visão dele, precisou romper com o que ele acreditava”.
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