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Novembro Afro destaca ancestralidade africana e desafios da educação antirracista em palestra no Campus Calama

Publicado: Sexta, 05 de Dezembro de 2025, 08h57 | Última atualização em Sexta, 05 de Dezembro de 2025, 08h57 | Acessos: 100

Professor Ivo QueirozO mês de novembro no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Calama, foi marcado por uma série de atividades promovidas pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), que contou com rodas de conversa; recepção da Romaria do Divino do Guaporé; mostras fotográficas e a palestra antirracista proferida pelo professor Ivo Pereira de Queiroz.

Doutor em Tecnologia pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), com pós-doutorado em Bioética, Ivo Pereira de Queiroz é Professor titular aposentado da UTFPR, atuou em Filosofia, Ética e estudos sobre ancestralidade, educação tecnológica e tecnologia. Foi recepcionado pelo Diretor-Geral do Campus Calama, Willians de Paula Pereira e pelos membros do Neabi, que destacaram na ocasião a satisfação em receber o professor Ivo Queiroz para compor a programação do Novembro Afro.

Ao ser recebido pela Direção do campus, o professor agradeceu o acolhimento, ressaltou a importância das parcerias institucionais e reforçou o papel do IFRO como espaço de diálogo e construção coletiva. A palestra promoveu uma profunda reflexão sobre ancestralidade africana, educação antirracista e o papel atual dos Institutos Federais na formação crítica da sociedade. As reflexões filosóficas são intercaladas por canções que evidenciam sua vivência cotidiana e são apresentadas ao toque de violão. Ivo Queiroz relembrou uma experiência vivida em 1986, quando quase se mudou para Rondônia no início da carreira, e destacou que retornar ao estado décadas depois traz à tona reflexões sobre escolhas de vida e caminhos profissionais.

Durante sua fala, o convidado recordou que, nos anos iniciais dos Institutos Federais, havia críticas de que as instituições seriam uma política de caráter neoliberal, voltada apenas à formação técnica. Ele destacou, no entanto, que a atuação comprometida de servidores e servidoras ao longo dos anos transformou profundamente esse cenário. Segundo ele, o IFRO e os demais institutos se consolidaram como espaços republicanos, científicos e socialmente engajados, assumindo papel central na democratização do acesso ao conhecimento.

 

Filosofia Africana

Ao relatar sua trajetória acadêmica, o professor lembrou que sempre se dedicou à filosofia, mas enfrentou resistência ao tentar estudar relações raciais na área. No Brasil, afirmou, por muito tempo não havia abertura para discutir filosofia africana ou temas ligados ao racismo dentro dos programas tradicionais. Ele mencionou episódios marcantes, como aconselhamentos de docentes que afirmavam não existir espaço para tais pesquisas, e ressaltou que esse apagamento não era fruto de falta de produção, mas de ausência de reconhecimento.

O cenário, segundo ele, mudou expressivamente nas últimas décadas. Hoje, grupos de pesquisa, jovens pesquisadores, traduções e obras dedicadas à filosofia africana e afro-diaspórica se multiplicam no Brasil e no mundo. Países como África do Sul, Estados Unidos, Jamaica e Colômbia se destacam como polos desse movimento, além do crescimento de coletivos no próprio país.

Ivo lembrou ainda que a história da filosofia ocidental carrega forte influência africana — frequentemente omitida —, ressaltando a passagem de pensadores como Pitágoras e Platão pelo Egito antigo e a riqueza científica desse território ancestral.

Ao dialogar com estudantes e servidores, o palestrante reforçou que pensar filosofia é repensar o próprio pensamento, questionar o que já foi estabelecido e manter viva a curiosidade intelectual. Para ele, a educação antirracista deve partir de um olhar para o passado, reconhecendo violências e apagamentos, mas também a força da ancestralidade africana na construção de um futuro mais justo. Ele destacou que o Brasil — país que recebeu o maior número de africanos escravizados nas Américas e que abriga hoje a segunda maior população negra do mundo — mantém um vínculo indiscutível com o continente africano, visível na cultura, nos nomes, nas tradições e na formação da identidade nacional.

 

Reflexão Coletiva

A pergunta orientadora da palestra foi apresentada como convite à reflexão coletiva. Conforme o Professor Ivo, compreender os impactos da colonização europeia e do “espírito da conquista”, conceito analisado pelo filósofo Enrique Dussel, é fundamental para desconstruir imaginários racistas que ainda atravessam a sociedade. Ao final, os participantes foram estimulados a pensar em práticas educacionais que promovam liberdade, diálogo e reconhecimento das múltiplas heranças que compõem o Brasil.

 

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