FOPER fortalece a pesquisa em formação docente e destaca inclusão e inovação na educação em Rondônia
O I Fórum de Pesquisa, Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Rondônia (FOPER) integrou a programação da I Bienal Integrada de Pesquisa, Ensino, Extensão e Inovação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (BIPEI/IFRO). A programação foi realizada de 11 a 13 de novembro no Campus Porto Velho Zona Norte.
Com mais de 150 participantes, entre estudantes das licenciaturas, professores, gestores e pesquisadores da educação básica e superior, o evento se consolidou como um espaço estratégico para discutir práticas pedagógicas, tecnologias educacionais e inovação na formação de professores.
O FOPER surgiu para suprir a ausência de eventos em Rondônia, dedicados exclusivamente à pesquisa aplicada em educação. O objetivo é ampliar o diálogo entre instituições formadoras e as escolas públicas, fortalecendo a investigação acadêmica e a produção de práticas pedagógicas contextualizadas ao cenário amazônico. Além disso, atende às exigências da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) relacionadas à divulgação dos resultados do Pibid (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência). E vai além: propõe integrar saberes, promover ambientes colaborativos e incentivar soluções inovadoras para desafios reais do ensino.
Participação e integração entre instituições
O Fórum reuniu discentes e docentes de todos os campi do IFRO, pesquisadores da UNIR (Universidade Federal de Rondônia), coordenadores do Pibid, além de gestores e profissionais da educação básica. A programação contou com apresentação de pôsteres, relatos de práticas exitosas e mostra de produtos educacionais, evidenciando a diversidade de iniciativas desenvolvidas nas licenciaturas e sua articulação com a escola pública.
O estudante André Allan de Souza, autor do trabalho “Desenvolvimento de uma Calculadora Trigonométrica Acessível com Audiodescrição e Representação Tátil de Ângulos”, destacou que a motivação para criar o dispositivo veio de uma lacuna observada durante atividades do Pibid e de projetos de extensão.
“Quando começamos a produzir materiais didáticos para as escolas, percebemos uma dificuldade recorrente: quase nada do que era elaborado considerava, de fato, os estudantes cegos ou com deficiência visual. Muitos dos recursos dependiam exclusivamente do olhar, o que excluía parte dos alunos das atividades. A partir dessa constatação, comecei a buscar soluções que integrassem tecnologia, tato e audiodescrição de maneira que o conteúdo pudesse ser acessível por outros sentidos. Isso exigiu repensar como ângulos, gráficos e relações trigonométricas poderiam ser percebidos sem a visão. A calculadora nasceu dessa inquietação e mostra que, quando a inclusão é considerada desde o início, surgem soluções capazes de transformar a aprendizagem e abrir caminhos para que qualquer estudante tenha acesso ao mesmo conteúdo”, explicou.
O coordenador do projeto, Marcos Pinheiro Matos, reforçou o impacto pedagógico da iniciativa dizendo que “a proposta desenvolvida pelo André evidencia de forma muito clara como a formação docente pode ser orientada por princípios de inclusão. Trata-se de uma construção que ultrapassa a dimensão tecnológica: ela nos lembra que o recurso pedagógico precisa ser pensado para todos os estudantes, e não apenas para aqueles que aprendem pelos meios tradicionais. Esse tipo de material mostra que é possível trabalhar conteúdos complexos, como trigonometria, sem manter a dependência exclusiva do visual. A integração entre o tato, o som e a tecnologia expandem as possibilidades de ensino e demonstram que o PIBID tem cumprido um papel decisivo ao incentivar práticas pedagógicas que dialogam com a diversidade real das salas de aula”.
Para o Pró-Reitor de Ensino do IFRO, Jean Peixoto Campos, o evento integrado ampliou a visibilidade da formação de professores no estado. “O FOPER permitiu que enxergássemos com mais clareza a capacidade dos nossos cursos de licenciatura de articular teoria, prática e inovação”. E completou: “a produção apresentada pelos discentes e coordenadores evidencia que os campi têm desenvolvido ações robustas, alinhadas às demandas da educação básica e às especificidades regionais. O evento contribuiu para elevar o nível técnico da discussão sobre o fazer educacional no IFRO e abriu espaço para que a comunidade externa percebesse a qualidade do trabalho realizado pelos nossos servidores e estudantes. Sem dúvida, essa articulação fortalece nosso compromisso com a formação docente e com o papel social da instituição no estado”.
Premiação
O FOPER avaliou trabalhos submetidos em três modalidades centrais: apresentação de pôsteres – Pibid; práticas exitosas de ensino; e mostra de produtos educacionais e tecnologias acessíveis. Os trabalhos foram premiados conforme as modalidades.
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Pôsteres – Pibid
1º lugar — Avaliação Formativa e Gêneros Textuais na EJA: Anna Kamylly Teixeira, Maria Eduarda da Silva;
2º lugar — Gamificação: o Kahoot como Ferramenta de Revisão no Ensino de Ciências: Beatriz Victória Gomes Banza Vaz;
3º lugar — Cara a Cara das Doenças Transmissíveis: Loislene Castro, Michel Monteiro Duran.
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Práticas exitosas de ensino
Mateus Neimog — GINQUÍMICA: uma proposta lúdica para o ensino da Tabela Periódica no Ensino Médio.
Premiada com 1º lugar no Pibid, Anna Kamylly conta que “mesmo diante de um imprevisto, consegui expor meu trabalho nos minutos finais do evento. Ser premiada em 1º lugar foi um impacto profundo na minha trajetória e uma conquista que renovou minha confiança e força. Essa vitória é um reconhecimento do valor da prática desenvolvida na EJA, uma modalidade que já transforma o meu olhar todos os dias. Essa experiência não só fortalece meu compromisso com uma educação significativa e minha dedicação ao Pibid, mas também me transforma como pessoa e professora”.
Já a Professora Marilandia Machado afirmou que participar do evento foi uma experiência profundamente gratificante. “Não imaginávamos receber o prêmio, pois nosso maior objetivo era oferecer aos alunos do 4º período em Pedagogia a oportunidade de vivenciar o ambiente acadêmico de forma mais próxima e inspiradora. Queríamos que eles percebessem o valor do que produzem, reconhecessem suas próprias práticas e sentissem orgulho do caminho que estão construindo. Os trabalhos apresentados foram frutos da curricularização da extensão na disciplina de Avaliação da Aprendizagem. Cada detalhe refletiu o empenho, a criatividade e o compromisso dos estudantes. Essa vivência certamente marcou a todos nós. Voltamos do evento com o coração cheio, a certeza de que estamos no caminho certo e a alegria de ver nossos alunos brilharem”, concluiu.
Além da apresentação de pesquisas e práticas pedagógicas, o FOPER promoveu debates sobre o cenário atual da formação de professores no estado. Também contou com a participação da Professora Andréa Almeida, representante institucional do Pibid/UNIR, que apresentou a contribuição da universidade pública no processo de formação docente em Rondônia.
O evento marcou ainda a divulgação do Fórum das Licenciaturas do IFRO, instância consultiva instituída pela Resolução nº 53/Consup/2025, que atuará na proposição de ações voltadas ao fortalecimento e à integração dos cursos de formação de professores.
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