Estudantes do Calama participam de aula de campo em comunidades indígenas de Porto Velho
Visita à Comunidade Cassupá-Salamãi promove reflexão sobre direitos indígenas e aproxima alunos da realidade local
Acadêmicos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Calama, participaram de uma aula de campo na Comunidade Indígena Cassupá-Salamãi, localizada na capital rondoniense.
A atividade foi na última semana, conduzida pelo Professor Cassio Lus, da disciplina de Direitos Humanos e Relações Étnico-raciais. A iniciativa teve como objetivo ampliar a compreensão dos alunos sobre a realidade dos povos indígenas que vivem em contextos urbanos, promovendo uma vivência prática do conteúdo teórico discutido em sala de aula. “Queremos proporcionar aos alunos uma reflexão sobre a questão indígena no Estado de Rondônia, na Amazônia, através de uma comunidade que poucos porto-velhenses conhecem”, destacou o docente.
A comunidade Cassupá, também conhecida como Kassupá, pertence à família linguística Aikanã e divide seu território com o povo Salamãi em uma área anteriormente ocupada pelo Ministério da Agricultura e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ambos os grupos enfrentam desafios relacionados à demarcação do território tradicional e à efetivação de seus direitos, permanecendo em processo de reconhecimento pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Durante a visita, os estudantes foram recepcionados por duas representantes indígenas que compartilharam relatos sobre a trajetória dos povos até sua fixação em Porto Velho, os principais desafios enfrentados e as conquistas já alcançadas, especialmente na luta por direitos. Entre as demandas da comunidade está a ampliação do território em mais cinco hectares, com o intuito de desenvolver atividades de cultivo, criação de animais e etnoturismo — projeto que visa a receber visitantes para compartilhar a cultura e vivência dos povos indígenas locais.
A atividade fora de sala de aula conectou a teoria com as realidades sociais e culturais da região, estimulando o respeito à diversidade e a valorização dos saberes tradicionais. Segundo Cassio Lus, a experiência foi enriquecedora para os estudantes, que demonstraram grande interesse e realizaram diversos questionamentos. “Muitos nunca haviam tido contato com uma comunidade indígena e não sabiam da existência dos povos Cassupá e Salamãi dentro da cidade”. Para o professor, a atividade reforçou a importância do contato direto com as realidades estudadas teoricamente, contribuindo para a formação crítica e cidadã dos alunos.
O estudante Gustavo Izias Furtado, que participou da visita, destacou o impacto pessoal da atividade. “Como também faço parte de uma minoria, a comunidade surda, reconheço como é relevante que saibamos as lutas que outras pessoas enfrentam. Foi uma experiência que enriqueceu e ampliou a minha visão de mundo”, afirmou, reforçando a importância de ações que promovam a integração entre a comunidade acadêmica e os povos tradicionais.
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