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Poesia é matéria concreta para alunos e servidores do IFRO

Publicado: Sexta, 12 de Março de 2021, 17h50 | Última atualização em Sexta, 12 de Março de 2021, 21h21

O Brasil é um terreno fértil para a poesia e possui grandes escritores que se dedicam à área. No Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), às vezes também se torna matéria em disciplinas dos cursos ofertados, em concursos realizados ou mesmo para a vida pessoal. De 2020 para cá, os Campi Cacoal, Vilhena e Ariquemes, por exemplo, realizaram/estão realizando eventos que selecionam boas criações. Inclusive, ainda há inscrições abertas em Ariquemes e em Cacoal.

No Campus Porto Velho Calama, Rebeca Coelho cursa o 2° ano do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio e conta que desde bem pequena sempre foi apaixonada por poesia, por crônicas e por escrever. “Minha escrita sempre foi baseada em acontecimentos ao meu redor, ou sobre vivências de pessoas que conheço, o que a torna mais dramática, e, principalmente, sincera. Durante as aulas de Língua Portuguesa e de Literatura, éramos muito incentivados à leitura de diversos gêneros textuais, e sempre realizávamos leituras em sala, tanto no presencial, quanto no ensino a distância. No 3° bimestre, a Professora Márcia Letícia nos apresentou a proposta de fazermos o nosso próprio sarau, após a leitura de “A Moreninha”, em que havia também um sarau; ali eu vi uma oportunidade de exibir meus poemas, e após aquela experiência, eu me senti ainda mais motivada a continuar escrevendo e lendo, pois é na escrita e na leitura que encontrei meu refúgio mental, e descobri um possível talento meu”, conta.

Entre seus escritos, ela diz que um dos favoritos se chama “Insônia”, que criou durante um dia turbulento.

 

Insônia

Todas as noites, tem sido difícil dormir
Não que eu não sinta sono
Apenas não consigo desligar minha mente do meu dia
Que logicamente, havia sido ruim.
Não consigo fechar meus olhos e ter paz
No lugar disso, sinto uma grande incerteza
Uma insegurança que não me permite dormir
E quando o consigo, já é tarde, preciso acordar...
Todos sempre me dizem “acorde para a vida” mas, eu já estou acordada, e odeio estar nela.
Quando eu me sinto completamente insuficiente
Meus pensamentos me fazem sentir pior ainda
E por mais que eu tente e lute contra meus próprios medos e demônios
Eu não consigo
Geralmente penso comigo mesma que sou apenas mais uma garota desajustada, que não consegue se encontrar
E eu realmente me perdi no fundo do meu ser
Eu não sou, nem fui, aquilo que sempre quis ser
A solidão é o motivo da minha insônia
E mesmo estando cercada de pessoas
Me sinto só
Ridiculamente tento ser diferente
Para os outros
Para mim
Não importa, nunca alcanço a mudança que desejo
Sempre me perco nos meus pensamentos, e acabo fazendo e me forçando a ser o que não era
A ser o que não sou
E minha mente, mesmo estando pesada
Faz com que meu corpo, tente reagir
Mas, ele também não consegue
E se torna só mais uma reação inútil
Continuo estagnada onde comecei
E certamente, hei de terminar ali também
No mesmo lugar
Todas as noites
Tendo apenas a insônia e meus fracassos e traumas como companhia.

(Rebeca Coelho)

 

Gabriella Frotamendes é outra aluna da Professora Marcia Leticia que diz ter a literatura a acompanhando desde muito cedo. “Sempre me encantei pelo fictício, por aquilo que poderia ser inventado ou aperfeiçoado em forma de escrita ou de ilustrações, sempre tive professores (mulheres, em sua maioria) que me incentivavam a me expressar e a encontrar prazer na leitura, estudei a vida inteira em colégios públicos e me sinto privilegiada por conhecer tanto sobre o assunto, ali eu soube o real significado de liberdade através da educação e as barreiras que ela nos faz atravessar”. Para ela, as aulas de literatura no IFRO são de suma importância para o aprendizado, especialmente por estar prestes a realizar o Enem.

A discente conta que prestes a concluir o ensino médio e o curso técnico jamais poderia esperar que a literatura estivesse em sua lista de prioridades. “O máximo que eu gostaria eram aulas de redação. Lembro-me que foi lendo por indicação da professora para um trabalho em grupo um poema de uma escritora negra que me desconstruí em vários aspectos, mudou completamente a minha visão sobre feminismo, racismo e outras vertentes, tudo isso apenas lendo um poema e tentando elaborar algo para explicar na frente da turma. Mais tarde, tivemos a honra de conhecer a poetisa Mel Duarte, outra escritora negra vencedora do Slam, lembro-me desse dia com carinho porque pude reafirmar o que aprendi lendo o poema anterior, nesse mesmo dia pude conhecer melhor o lado artístico de algumas colegas e percebi que todas tínhamos em comum a vontade de expressar as injustiças que passam pelos nossos olhos e às vezes que sentimos na pele. Uma experiência única e maravilhosa”. Inclusive, agora compartilha seus escritos numa página do Instagram, conheça clicando AQUI.

 

A dor tem sido música
Dançando por entre meus pensamentos
Escorrendo pelos dedos
Se esvaindo pelos olhos
E pintando de vermelho todo o meu rosto
Adentrando linhas dos livros
Se disfarçando de arte
Só pra deixar tudo mais bonito

(Gabriella Frotamendes)

 

Entre os servidores do Instituto Federal de Rondônia, há os que se dedicam à poesia, com publicações em livros ou divulgação em outros espaços (ou mesmo as guardando para si próprios).

A servidora do Departamento de Apoio ao Ensino (Dape) do Campus Porto Velho Zona Norte, Janaina Kelly Leite Chaves, explica participar do Grupo de Pesquisa em Educação, Filosofia e tecnologias (GET), em que o núcleo de estudos sobre Gênero e Literaturas está trabalhando na publicação futura do livro “Partos(Di)Versos”, que é “símbolo da mulher que gesta e pare do verbo parir”, explica. “Nosso e-book será lançado em parceria com o Clube de Escritoras de Rondônia”, completa, dizendo que a obra será toda escrita e ilustrada por mulheres, dentro de uma ação iniciada em período de pandemia, e que ainda estão tentando também alcançar uma tiragem impressa. A servidora também está em uma oficina de Escrita Criativa, realizada pelo projeto Sonora Lab, em Porto Velho, com a escritora Nina Rizzi, e compartilha uma das criações que fez no último encontro:

 

Meus olhos comem, digerem, transformam em energia: Liberdade
Nada importa mais nessa vida do que ser livre
Nada importa mais nessa vida do que Ser
Torpezas infinitas foram feitas com meus ancestrais
Incomensuráveis violações são feitas o tempo todo
Meus olhos viajam por locais difíceis de olhar
Eles passeiam do outro lado da janela para que
eu possa acalmar a fome
fome de que todos os homens
possam acender os abajures de suas almas
parando de parir lamaçal
meus olhos são sóis
tem sabor de mar Além

(jjana leite)

 

Um dia para a Poesia

Até 2015, 14 de março era o Dia Nacional da Poesia, tendo por referência o aniversário de Castro Alves.  Com a publicação da Lei 13.131, agora a homenagem ocorre no aniversário de Carlos Drummond de Andrade em 31 de outubro. Já 21 de março é o Dia Mundial da Poesia, conforme definido na Conferência Geral da Unesco em 1999.

A poesia é tão importante nacionalmente que ainda se comemora, em 20 de outubro, o Dia do Poeta. Existem regionalmente as celebrações de âmbito estadual: Acre, Pará, Amapá, Minas Gerais, Goiás (homenageando o aniversário de Cora Coralina) e Mato Grosso (homenageando o aniversário de Manoel de Barros).

 

Ariquemes

O IFRO Campus Ariquemes conclui em maio o evento “1ª Edição do Concurso Isolad@ Mente de Expressão Literária: Produção e Declamação de Poemas e Contos”. A atividade contempla membros da comunidade interna e externa do município. As inscrições devem ser realizadas através do seguinte link https://forms.gle/UpjreyKXrjm2BXkr9 até o próximo dia 26 de fevereiro.

O Concurso está sendo promovido pelo Departamento de Extensão do Campus Ariquemes e tem por objetivos específicos intensificar o gênero poema e conto na produção textual, assim como a criatividade e a expressão de estudantes e outros em geral como processo de melhoria da leitura e da escrita; ampliar as oportunidades de expressão artística aos interessados na cidade de Ariquemes - Rondônia; oportunizar a expressão de vivências singulares; promover a difusão cultural da arte literária a partir da produção local contemporânea.

Os gêneros textuais exclusivamente aceitos são o poema, escrito em versos e o conto em prosa. As categorias de participantes são quatro: Categoria 01 - Poema: pessoas com idade entre 14 e 50 anos; Categoria 02 - Poema: pessoas com idade acima de 51 anos; Categoria 03 - Conto: pessoas com idade entre 14 e 50 anos; Categoria 04 - Conto: pessoas com idade acima de 51 anos.

A produção textual do poema (como domínio da produção escrita) e a declamação (como arte da expressão individual) constituem as duas partes de uma mesma unidade no processo de seleção, de modo que os pontos a serem alcançados (como recurso de avaliação) serão unificados entre as duas dimensões. Ou seja, uma Comissão Avaliadora pré-selecionará os cinco melhores textos para cada categoria de participantes que deverão, em seguida, enviar suas gravações para o link: https://forms.gle/KQx1HBJCKSH9sbve7. As dez maiores pontuações gerais serão premiadas e os vencedores deverão retirar seu prêmio no Campus Ariquemes.

Segundo a Coordenadora do concurso, Andrirlei Santos de Sousa, além de intensificar o gênero poema e conto na produção textual, o concurso oportuniza o registro de experiências de vida ocasionadas pela pandemia. “A história documentará os fatos ocorridos durante a pandemia, porém o I Concurso Isolad@ Mente registrará as experiências e vivências da alma humana durante esse período fatídico. Bom ou ruim, o isolamento trouxe muitas histórias marcantes. Faça história, mostre sua vivência. Participe! Você tem muito para mostrar!”, convida a docente.

Mais informações e o cronograma podem ser consultados no Edital, disponível AQUI

 

Cacoal

Quem também está com inscrições abertas (até 15 de fevereiro de 2021) é o evento promovido pelo IFRO Campus Cacoal e pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Intitulada “I Concurso Literário de Contos (IFRO/Unemat)”, a atividade visa fomentar a representatividade negra e indígena na literatura a fim de que a comunidade constitua uma visão de mundo mais ampla a respeito do local onde seus membros estão inseridos. Podem participar do concurso mulheres negras e indígenas, maiores de 18 anos e residentes em Rondônia ou Mato Grosso há doze meses ou mais.

O Concurso é uma das ações do Projeto de Ensino e Extensão “Concurso Literário de Contos” aprovado pelos Departamentos de Extensão e de Ensino do IFRO do Campus Cacoal, em parceria com a Unemat. O objetivo do concurso é selecionar dez contos literários inéditos que irão compor uma obra que será publicada pela Editora da Unemat.

As inscrições podem ser realizadas por meio do link: https://forms.gle/RT4k8UHvsZzeP59z5. O resultado final será divulgado na página do IFRO no dia 18 de março de 2021. Além da publicação do conto, as autoras dos textos selecionadas terão uma contrapartida em dinheiro, sendo R$ 450 ao primeiro e ao segundo lugar, e R$ 200 do terceiro ao décimo lugar. As autoras também participarão do lançamento on-line da obra, previsto para ocorrer até julho de 2021. Mais informações podem ser verificadas no Edital do Concurso, disponível no link: https://bit.ly/2K3vuqh.

O projeto tem como coordenadora a Professora Jeciane de Paula Oliveira e conta com a colaboração dos professores Laelba Batista (IFRO) e Agnaldo Rodrigues (Unemat), com a colaboração do Técnico em Informática Rodrigo Avelino (IFRO) e de discentes das duas instituições envolvidas. “O concurso é apenas uma das etapas do projeto. A proposta é que os textos publicados sejam lidos e discutidos por discentes das duas instituições envolvidas, e que a obra publicada seja impressa e doada a escolas públicas de Rondônia e Mato Grosso”, destaca Jeciane. 

 

Vilhena

Em concurso realizado entre os meses de outubro e novembro de 2020, o IFRO Campus Vilhena inclusive já fez o lançamento da Antologia “Vilhena entre Encantamentos e Versos”, idealizada para homenagear o município de Vilhena. O lançamento ocorreu pelo canal oficial do Campus Vilhena no YouTube.

Também participaram autores convidados do Brasil e de Portugal.  Além de homenagear o município de Vilhena, a antologia objetiva reavivar as memórias dos vilhenenses, pioneiros e admiradores da cidade, assim como despertar a curiosidade em quem ainda não conhece o município e estimular a escrita literária, conforme a Professora de Língua Portuguesa e Literatura do Campus Vilhena, Rosa Maria Silva Gonçalves.

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