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Campus Porto Velho Calama fomenta a inclusão educacional

Publicado: Quinta, 26 de Dezembro de 2019, 16h03 | Última atualização em Quinta, 26 de Dezembro de 2019, 16h08 | Acessos: 37137

Evento de encerramento do projeto de inclusão educacionalO IFRO (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia), Campus Porto Velho Calama, desenvolveu o Projeto de Inclusão Educacional “História e Competências Narrativas: estratégias para inclusão educacional”, no âmbito do Edital 4/2019 da Pró-Reitoria de Ensino (PROEN/IFRO). Os dois alunos bolsistas do projeto são os primeiros alunos com paralisia cerebral a se formar em um curso técnico de nível médio em informática na rede federal.

No dia 22/11, em café da manhã no Centro de Idiomas do Campus Porto Velho Calama foi realizado o encerramento do ano de 2019. Além de servidores do campus e da PROEN e alunos bolsistas com paralisia cerebral, participaram os familiares. Já a certificação dos estudantes ocorre nesta sexta-feira (27), quando o campus celebra o final do curso do Técnico em Informática e em Eletrotécnica.

A ação teve participação do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE) do Campus Porto Velho Calama e da Coordenação de Educação Inclusiva da Pró-Reitoria de Ensino. O projeto coordenado pela professora Xênia de Castro Barbosa foi desenvolvido com os bolsistas João Gabriel Silva Teixeira e a Ludmilla Carvalho Marreiro Moreira.

Xênia relembra: “2016 foi um ano decisivo na minha formação docente, porque foi o ano que precisei desenvolver, por conta própria, um plano de estudos sobre diversidade e inclusão, para poder efetivar o ensino de História e a inclusão educacional de meus alunos com paralisia cerebral. Pela primeira vez, esse estudo que me propus desenvolver não foi por diletantismo ou para fins de titulação acadêmica, mas para algo muito mais sério: a inclusão educacional de PcD. Havia um componente ético muito sério envolvido, a responsabilidade institucional, a minha responsabilidade individual, como professora de História, de ajudá-los a ampliar os horizontes da cidadania, tudo isso com uma carga emocional muito grande envolvida”.

Para a estudante Ludmilla Carvalho Marreiro Moreira estudar no Campus Porto Velho Calama foi um divisor de águas. “Quando cheguei ao Instituto não sabia nem mesmo lidar com editais, e hoje poder dizer que participei dos projetos de Inclusão Educacional foi uma experiência enriquecedora. Aqui eu não só aprendi sobre Informática, como aprendi sobre tudo: História, Geografia, Filosofia, Redação”. Ela complementa dizendo que além dos projetos de Inclusão Educacional, também participou ainda no primeiro ano de curso do Coral e do Curso de Inglês no Centro de Idiomas, bem como apresentou o primeiro projeto no Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão (CONPEX/IFRO).

Agora Ludmilla pensa em cursar faculdade na área da saúde. “Quero que saibam que independente dos desafios vocês também são capazes de realizar coisas incríveis. E o IFRO pode proporcionar isso para vocês. Aqui há vastas oportunidades. Ficarei feliz se outros alunos PcD puderem receber também essa oportunidade. Espero que não se limitem, que sempre busquem conquistar novos espaços e lutem por direitos”.

João Gabriel Silva Teixeira concorda que o aprendizado no IFRO foi bom, em função dos professores que são especializados e dispostos a ajudar a desenvolver o conhecimento. “Não foi fácil ter sido estudante do IFRO, o curso de Informática é difícil, são muitas matérias para estudar. Por outro lado, ter sido aluno daqui foi muito bom, porque fiz vários amigos e me diverti muito”, resume.

Sobre o evento de encerramento do Projeto de Inclusão Educacional, a coordenadora de educação inclusiva da PROEN, Claudete Neves, explica que foi uma celebração junto aos alunos com paralisia cerebral e seus familiares, para agradecer a todos pela oportunidade de crescimento e aquisição de conhecimento por parte dos alunos. “Do aprender junto que a inclusão proporciona por parte da professora coordenadora, pela esperança em acreditar no IFRO como instituição inclusiva por parte do diretor-geral, pela oportunidade, apoio e acolhida por parte das mães em relação a elas e os seus filhos com deficiência, comumente excluídos ou discriminados, pela exemplificação do poder de transformação da educação por parte do pró-reitor de ensino”, diz.

Claudete ainda explica que quanto à acessibilidade educacional, o IFRO segue o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), com vigência de 2018-2022, assim como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015).

Permanência e êxito

O Diretor-Geral do Campus Porto Velho Calama, Leonardo Leocádio, acredita que desafio da inclusão educacional sempre esteve presente. “Somos um campus que nasceu plural, multicultural, multiétnico. Sempre tivemos o desafio de assegurar o ingresso, permanência e êxito de estudantes provenientes de classes sociais desfavorecidas, imigrantes e minorias étnicas”.

De um total de 11 cursos ofertados no Campus Porto Velho Calama, o ano de 2019 fechou com 1.441 matrículas. Sendo 92% destas vagas nos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio. Em todo o IFRO, os atendimentos por tipo de deficiência alcançam 71 alunos, com necessidades diversas (físicas, auditivas, visual, transtornos de desenvolvimento, altas habilidades, entre outras), conforme dados de atendimento do NAPNE nos campi.

“Em 2016 esse desafio se tornou ainda maior porque recebemos nossos primeiros estudantes com paralisia cerebral. Não sabíamos como seria, não sabíamos quais métodos de ensino utilizar, como avaliar, como garantir que se sentissem bem no nosso espaço. Tivemos de aprender tudo, aprender com eles. Somos gratos porque eles foram muito pacientes conosco. E somos gratos à Pro-Reitoria de Ensino, que por meio dos editais de Inclusção Educacional tem feito toda a diferença em nosso campus, estimulando nossos professores a pesquisarem, a desenvolverem novas metodologias e ampliarem as condições de inclusão educacional”.

Estudantes em apresentação de projeto 2

A professora Xênia conta que o trabalho de inclusão de sua disciplina nasceu em vista dos desafios que a sala de aula colocava a cada dia. Foram dois projetos de Inclusão Educacional: “História e diálogo: uma proposta pedagógica para a inclusão de estudantes com Paralisia Cerebral (PC) no IFRO” aprovado pelo Edital 6/2018 da PROEN/IFRO e o projeto “História e Competência Narrativa: uma proposta pedagógica para a inclusão, permanência e êxito de estudantes com dificuldades de aprendizagem decorrentes de Paralisia Cerebral”, aprovado no Edital 4/2019 da PROEN.

“Esses editais são muito importantes para promover a inclusão: primeiramente, eles nos desafiam a pensar os problemas que nos cercam e a sistematizar ideias para resolvê-los, em segundo lugar eles disponibilizam bolsas que fomentam a permanência e disponibilizam recursos para os professores comprarem materiais didático-pedagógicos para utilizarem nos projetos. Gostaria muito que esses editais continuassem a existir e que fossem autorizados aos professores adquirir também materiais permanentes, com o recurso da taxa de bancada, como livros, por exemplo, para melhorar a sua formação”.

Ao desenvolver ambos os projetos, ela explica ter tido a oportunidade de refletir sobre a prática docente e melhorá-la. “Foi um período intenso de orientação acadêmica, com atendimento semanal aos alunos acometidos de paralisia cerebral. Juntos pudemos estudar historiografia, testar aplicativos eletrônicos para o estudo de história, esboçar conteúdos e recursos para o nosso, que estamos desenvolvendo, pensar e exercitar variados gêneros textuais, desenvolver competências narrativas, revisar o currículo ensinado na sala de aula, conversar muito sobre a vida, tomar café, comer chocolate. Foi um período desafiador e delicioso de minha vida profissional e vou sentir saudade”, ressalta.

Como avaliação sobre as atividades desenvolvidas dentro de projetos de ensino, destaca que a principal motivação é a permanência e êxito dos alunos. Ainda assim foi possível haver produção científica, “publicamos um capítulo de livro sobre a experiência vivenciada e participamos de dois eventos, o CONPEX de 2018, onde nosso projeto recebeu menção honrosa, e a Jornada do HistedBR em Rondônia, também em 2018. Neste ano não foi possível participar do CONPEX 2019, devido à distância geográfica e os desafios da acessibilidade. Seria difícil para eles viajar sem a presença dos pais ou cuidadores, então preferimos permanecer em Porto Velho e priorizar a redação dos relatórios de estágio de conclusão do curso”, conclui a professora.

  • Estudantes_em_apresentação_de_projeto_1
  • Estudantes_em_apresentação_de_projeto_2
  • Evento_de_encerramento_do_projeto_de_inclusão_educacional
          

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