Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Projeto Comunidades Fortes do IFRO apresenta resultados no XXVI Encontro Nacional de Geografia Agrária realizado no Maranhão

Publicado: Terça, 02 de Julho de 2024, 12h35 | Última atualização em Terça, 02 de Julho de 2024, 12h35 | Acessos: 107

ComunidadesFortes 8Na última semana do mês de junho, a equipe coordenadora do Projeto Comunidades Fortes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) participou do XXVI Encontro Nacional de Geografia Agrária (ENGA), em São Luís (MA). A equipe é composta por Áurea Dayse Cosmo da Silva, Mônica Apolinário, Marcel Emeric Bizerra Araújo, Márcio Moreira Costa, Odair Antônio Barbizan e William Kennedy do Amaral Souza.

Os trabalhos apresentados pelos docentes resultam das ações de diagnóstico socioprodutivo das comunidades beneficiadas no projeto. As Professoras Áurea Dayse e Mônica Apolinário fizeram explanações sobre os povos indígenas Karipunas e Wari, respectivamente. Dados decorrentes de visita in loco às comunidades evidenciam elementos substanciais acerca da sustentabilidade econômica e ambiental das comunidades tradicionais na Amazônia. Informações e percepções originárias do diagnóstico social, cultural e produtivo das comunidades indígenas indicam que a presença e a manutenção das práticas produtivas sustentáveis são cruciais para resguardar minimamente a zona de conservação que seus territórios representam.

Segundo a pesquisa, o ser humano amazônico, em especial o/a indígena, é concebido em um universo múltiplo no qual seu modo de vida leva em consideração o tempo da natureza e a gestão sustentável dos recursos na organização de suas atividades produtivas. Essas comunidades têm na produção de farinha de mandioca e na coleta da castanha e açaí as principais fontes de renda. Dificuldades com o transporte devido à precariedade das estradas, fornecimento de energia insuficiente para o uso de equipamentos adequados ao processamento e pouco investimento em formação profissional foram alguns dos gargalos identificados, que afetam o processo produtivo do grupo.

Na Comunidade Quilombola Rolim de Moura do Guaporé, o diagnóstico realizado serviu de base para os trabalhos apresentados pelos Professores Márcio Moreira Costa e Odair Barbizan. No processo de composição dos quilombos guaporeanos, homens e mulheres libertos das amarras da escravidão, cultivaram a terra, desenvolveram a agricultura, sempre considerando as especificidades do bioma amazônico, cercada pela presença dos indígenas das etnias Wajuru, Sakirabiar e Guarassuê. A consolidação de um território afrodescendente se estende por áreas em todo o Vale do Guaporé e constitui um elemento aglutinador na conformação da identidade afro-guaporeana, e que foi incorporada a elementos indígenas e europeus. Os negros assimilaram práticas indígenas de convívio com a natureza e recriaram outras maneiras sustentáveis de ser e viver na floresta amazônica.

A região é um dos destinos mais procurados do estado de Rondônia em atividades de pesca e ecoturismo. Os membros da comunidade demonstraram interesse na produção e no beneficiamento de polpas de frutas, uma vez que esses produtos são adquiridos com custo elevado nas cidades mais próximas. Diante das informações obtidas e da realidade observada, considera-se vital o desenvolvimento de práticas sustentáveis e autônomas pela comunidade, como mecanismo de fortalecimento, geração de renda e permanência dos mais jovens na comunidade.

O Coordenador-Geral do projeto, William Kennedy, versou sobre a maneira em que o empresariado capitalista que, historicamente, já concentra a maior porção das terras no país e ataca os modos de vida de povos e comunidades tradicionais para a tentativa da tomada de territórios. Na mesma perspectiva, o Professor Marcel Emeric tratou de discutir estratégias de resistência em assentamentos de reforma agrária visando à ressignificação do campesinato no atual estágio do capitalismo.

Para o Professor William, a participação do Comunidades Fortes no ENGA mostrou-se de extrema importância. “Tivemos a oportunidade de apresentar os resultados parciais do projeto que, por sinal, foi muito elogiado pela plenária do ENGA. Também foi gratificante trocar experiências com pesquisadores e pesquisadoras de outras partes do país, que, de um modo ou de outro, congregam o mesmo objetivo do Comunidades Fortes, qual seja, a melhoria da qualidade de vida de povos e comunidades tradicionais, ampliando as suas possibilidades de permanência nos territórios. E sabemos que a permanência de povos e comunidades tradicionais em seus territórios trazem impactos benéficos para todo o planeta, já que povos e comunidades tradicionais são os verdadeiros guardiões da biodiversidade e da floresta em pé”, destacou o Coordenador.

Por meio do Projeto Comunidades Fortes, o IFRO busca uma adesão voluntária, equilibrada e participativa dos membros da comunidade, levando em consideração o conhecimento tradicional no planejamento das ações, conjecturando a sustentabilidade, a manutenção dos modos de vida dos povos indígenas, conferindo-lhes meios de sobrevivência e autonomia para manter suas reivindicações e promover o processo produtivo.

 

Sobre o Comunidades Fortes

O objetivo do projeto é a realização de um conjunto de atividades de formação e de extensão técnica e tecnológica para povos e comunidades tradicionais de Rondônia, principalmente os que se encontram no Vale dos Rios Guaporé e Mamoré, como forma de agregar valor aos arranjos produtivos dessas comunidades, promover desenvolvimento sustentável e preservar as tradições culturais. O Comunidades Fortes contempla planos de ação extensionistas (cursos e assessorias) e aquisição de máquinas, equipamentos e materiais em geral, no intuito de melhorar a formação do público-alvo, criando uma infraestrutura que proporcione o máximo de experiência durante os cursos, palestras e oficinas práticas.

 

ENGA 2024

O XXVI Encontro Nacional de Geografia Agrária (ENGA) representa a continuidade e o amadurecimento de um processo de estudos e de debates das temáticas agrárias, que se originou nos anos de 1970, reunindo pesquisadores da Geografia Agrária brasileira, que buscavam, a partir da realização de um encontro temático, o fortalecimento deste campo do conhecimento. Recentemente, o Encontro tem buscado ampliar e fortalecer o diálogo da academia (pesquisadores, professores, estudantes de graduação e pós-graduação) com os movimentos sociais do campo brasileiro.

  • ComunidadesFortes_1
  • ComunidadesFortes_10
  • ComunidadesFortes_11
  • ComunidadesFortes_12
  • ComunidadesFortes_13
  • ComunidadesFortes_2
  • ComunidadesFortes_3
  • ComunidadesFortes_4
  • ComunidadesFortes_5
  • ComunidadesFortes_6
  • ComunidadesFortes_7
  • ComunidadesFortes_8
  • ComunidadesFortes_9
Fim do conteúdo da página