Instituto Federal de Rondônia

Professores do IFRO apresentam resultados de pesquisa na França

Resultados de pesquisa realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Colorado do Oeste, foram apresentados na França. Durante o Colóquio Internacional “Ciências, saberes e práticas dos resíduos: diálogos entre mundos europeus e americanos”, no Instituto das Américas da Universidade de Paris III, de 22 a 25 de novembro, estavam em debate temas ligados a resíduos como objeto de ciência, de saberes e de práticas.

A pesquisa dos professores do IFRO, Aurélio Ferreira e Marcel Eméric, é intitulada “Política brasileira de resíduos sólidos: organização da sociedade e do território”. Eles explicam que o objetivo do estudo é avaliar se há correlação entre variáveis sociodemográficas e a preocupação com resíduos sólidos originários entre populações rurais e urbanas do Território de Identidade Cone Sul, Rondônia. A pesquisa foi realizada nos municípios rondonienses de Cerejeiras, Colorado do Oeste, Corumbiara e Vilhena.

Conforme os docentes, devido à crescente preocupação da destinação destes materiais em escala global, o evento francês teve por objetivo indagar a “virada epistemológica” nas ciências humanas e sociais em torno do tema, para a organização das sociedades e dos territórios. A proposta foi estabelecer diálogos entre pesquisadores, artistas, agentes técnicos e representantes políticos, questionando os modos de construção do conhecimento sobre os sistemas organizacionais e representativos dos resíduos.

A execução da pesquisa provém de dois projetos financiados no Campus Colorado, ambos aprovados pelas chamadas número 11/2014 e 16/2016 do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). As pesquisas estão em andamento, uma delas refere-se à extensão tecnológica realizada em dois Territórios de Identidade Rural de Rondônia, coordenada pelo professor do Campus Colorado do Oeste, Aurélio Ferreira. E a segunda ocorre por meio do Doutorado Dinter, resultado de convênio com a UNESP/IFRO, na qual as pesquisas do professor Marcel Eméric, cujo coorientador é o professor Aurélio Ferreira, estão sendo coletados os dados e avaliados para a posterior defesa da tese de doutorado.

Na conclusão da pesquisa, cerca de 60% dos entrevistados declararam em setembro de 2017 receber até dois salários mínimos mensais (até U$ 590,15 ou 502,40 €) e responderam sua maioria que “Minha comunidade é atendida de maneira adequada pelo serviço de coleta”.  Trata-se de correlações negativas, conforme coeficiente de Spearman, utilizado pelos pesquisadores para tabular os dados.

Por meio da teoria utilizada na pesquisa, verificou-se que nos dois países (França e Brasil) essa percepção diferenciada entre técnicos e comunidades epistêmicas (povos e comunidades tradicionais, populações urbanas) acaba por criar dificuldades em posicionar os resíduos do ponto de vista epistemológico, já que se questiona a distribuição de competências. Um exemplo seriam os efeitos desconhecidos de alguns resíduos em locais de disposição final, como as nano partículas dos aparatos tecnológicos, que remetem tanto às contribuições da bioquímica como ao melhor entendimento social das práticas de consumo e descarte.

“Estes destaques têm um impacto concreto sobre a organização e a gestão territorial. A incerteza ambiental, os debates sobre a aceitabilidade social e a questão de práticas sustentáveis comprometem os saberes políticos e a ética prática de diversos agentes do campo: governos locais, associações, ONGs, empresas, cidadãos, entre outros”, ressaltam os professores, que continuam a realizar novas etapas das pesquisas, para posteriores publicações e apresentação de novos resultados.