Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Educação Física: Campus Calama possui identidade de valorização da área

Publicado: Segunda, 10 de Abril de 2023, 17h24 | Última atualização em Segunda, 10 de Abril de 2023, 19h07 | Acessos: 32071

Esquenta verdeO Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Calama, está se organizando para a realização dos XI Jogos Internos (JICs). As competições serão no período de 24 a 28 de abril, com a abertura às 19 horas do dia 20 de abril. A décima primeira edição dos JICs vai apresentar oito modalidades de jogos: futsal, basquetebol, vôlei, vôlei de areia, handebol, atletismo, xadrez e tênis de mesa.

Para o Esquenta JICs, estão sendo entrevistados os docentes de Educação Física da unidade. Para ler a primeira matéria, clique neste link. A ação é parte do incentivo para que sempre um maior número de alunos pratique os esportes oferecidos como forma de congraçamento entre eles. Nesta segunda entrevista, o Professor Olakson Pedrosa afirma que foi criada uma identidade de valorização da Educação Física no campus.

Ao falar sobre sua trajetória profissional no campus, ele comenta sobre as dificuldades enfrentadas e que ser do IFRO sempre foi um sonho, pois trabalha na área há 35 anos. Especialista em Atividade Física e Saúde, Mestre em Saúde Coletiva e Doutor em Saúde e Ambiente, diz: “até então eu só havia trabalhado na rede privada do ensino. E a rede privada tem uma educação que não é muito a realidade da iniciativa pública. Quando eu vi o projeto do IFRO, que eu vi aquela perspectiva de você ter um aluno de um curso de ensino médio integrado e depois de um tempo aquele aluno poder fazer uma graduação e quiçá um mestrado, um doutorado, aquilo me deixou extremamente curioso. Mas não foi só curiosidade, aquilo despertou um desejo, uma vontade de fazer parte disso aqui na minha área de formação, na época eu estava na Ulbra”.

Olakson era Coordenador do Curso de Educação Física da Ulbra de Porto Velho. “Quando fiz o concurso, fui embora para Colorado do Oeste. E assim que eu cheguei lá, eu queria realmente mudar de vida, mas eu resolvi voltar. Por um lado foi bom porque eu vi uma realidade da Educação Física dentro do estado de Rondônia totalmente diferente do que eu estava acostumado a ver. Quando eu vim para o IFRO aqui, eu notei uma diferença muito grande do interior, porque a gente não tinha nada, não tinha quadra, nós dávamos aula de Educação Física no estacionamento, e era de pedra brita, e era no sol. E então ficava um grupo de alunos executando atividades e tinha um grupo de alunos que eram os anjos da guarda, que eles ficam protegendo os carros dos professores para a bola não pegar”, conta.

A memória é referente ao ano de 2011. “Nós tínhamos poucas turmas e a perspectiva era essa, a gente tinha professor, mas não tinha espaço nenhum. Então às vezes, quando nós conseguíamos, nós emprestávamos alguma quadra de alguma instituição próxima para que nós pudéssemos ali desenvolver algumas atividades com os alunos. Fora isso, as aulas eram teóricas, a gente optou na época por resgatar o valor e a importância da Educação Física na promoção da saúde dos alunos, conscientizá-los a respeito da questão que nós chamamos de corporeidade, cultura corporal de movimento, então nós falamos: – tem tanta coisa interessante que uma aula na semana não é suficiente na Educação Física para mudar o perfil estético de um aluno, emagrecer ou ganhar massa muscular ou até mesmo melhorar o condicionamento físico, uma aula é muito pouco”, pontuou.

 

Esporte para sair do sedentarismo

“Nós falamos, nossa missão vai passar por isso, no sentido de sensibilizar para que eles vejam a importância disso tudo, aí nós encontramos também nos esportes uma forma de ter mais práticas, de sair do sedentarismo, nós estávamos nessa época, nessa discussão, de sair do sedentarismo. E aí a gente vem iniciando um trabalho e a gente vem criando dentro do Campus Calama, nós criamos uma espécie de política de Educação Física, ou consciência, ou como queira chamar, mas acima de tudo, nós criamos uma identidade da Educação Física no Calama que é de valorizar a profissão, a área, e levar para os alunos o que realmente poderia, de fato, ser passado para eles, porque só uma atividade física por fazer não seria suficiente, mas a ideia de que a gente pudesse conscientizar, sensibilizar, fazer eventos, atividades, então nós fizemos Festival de Pipas, Festival de Jogos e Brincadeiras, participavam os professores juntos, mostrando para os alunos como eram as brincadeiras dos tempos deles, e aí nisso surgem os Jogos”.

Neste ano de 2023, também se envolve a parte cultural. São 24 etnias indígenas homenageadas nos XI Jogos Internos (JICs), já que 24 equipes do ensino médio foram divididas entre as turmas de Edificações, Informática, Eletrotécnica e Química para a competição. Os Jogos Internos revelam o papel da instituição nesta modalidade de competições que estimula os alunos a praticar esportes, desenvolver as habilidades de interação e companheirismo, utilizando a competição como meio de destaque e integração.

 

Os primeiros jogos internos

Olakson lembra que o primeiro evento dos jogos foi feito na Ulbra. Ele trabalhava na Ulbra e conseguiu o ginásio para a primeira edição dos Jogos Internos. “Aí o Professor Juarez, de Educação Física, chegou lá. Teve o hasteamento de Bandeira, mas por incrível que pareça, a bandeira era uma bandeirinha presa num pedacinho de tala de madeira. E os meninos fizeram, cantaram o hino, não tinha som, não tinha bandeiras, não tinha pira, não tinha tocha. Os jogos foram se construindo e se consolidando ao longo do tempo porque os alunos foram dando uma importância e os servidores também”.

“E a partir dali, a gente foi tendo a possibilidade de melhorar tudo isso, já não tinha quadra, os alunos faziam aula na brita, e aí então a gente começa a reivindicar, através da união e a justificativa para os nossos gestores da importância de se dar atenção para essa questão da atividade física dentro da nossa instituição e a gente acaba meio que se unindo com os campi do interior que já tinham uma possibilidade um pouco melhor que a nossa. Colorado era o exemplo melhor que tinha um baita ginásio, e eu acabei trazendo um pouco daquela experiência. Como tinha lá, nós queríamos também e a gente acaba percebendo dentro dos jogos, além de identificar um ou outro talento, a gente acaba percebendo uma forma fantástica de promover a socialização entre os alunos e aquilo ali passa a ser uma espécie, aquilo ali fica incorporado no calendário acadêmico como uma ação extremamente importante dentro desse processo que nós falamos, que é o de valorizar a formação integral dos nossos alunos”.

O docente observa a maior responsabilidade com a formação integral, em oferecer cultura, arte, esporte: “oferecer possibilidades de transformar os nossos alunos em cidadãos de fato, que eles possam conviver nessas diversas faces da nossa sociedade e que eles possam ter acesso às coisas. Aí começa a nossa luta e chegamos até aqui, né? Hoje temos um ginásio coberto, uma estrutura que eu recebi recentemente a visita de alunos da faculdade e eles disseram: – mas, ninguém tem essa estrutura. O envolvimento dos alunos é total. Nós criamos um mecanismo de diálogo, quebramos barreiras e muros que pudessem ter e possibilitamos, incentivamos os alunos a serem críticos, mas não só, a ter ações, se posicionarem, e quando eles também passam a se posicionar reivindicando espaço físico, reivindicando essa vivência, nós nos fortalecemos, enquanto Educação Física, não só os professores, mas a área dentro da instituição”, observa.

Olakson afirma que a estrutura é fortalecida por conta da união de todos; “dessa possibilidade que se cria entre professor e aluno, desse diálogo saudável que nós temos com eles. Nunca esquecendo de que nós somos educadores, que estamos ali facilitando um processo e nós temos a responsabilidade disciplinar, e não podemos esquecer isso jamais, porque eles são adolescentes, não podemos nunca esquecer isso. Cada edição de jogos houve uma evolução. A primeira edição, por exemplo, tinha futsal e vôlei, não tinha handebol, só vôlei e atletismo, só essas três modalidades, hoje nós temos: futsal, vôlei, vôlei de areia, basquete, handebol, atletismo, tênis de mesa e xadrez e hoje temos toda uma organização, nosso evento está institucionalizado e tem a destinação de uma verba para execução”.

O professor comenta que atualmente ainda não é como gostariam que fosse e fala de algumas dificuldades ainda existentes, “a gente ainda tem algumas dificuldades como contratação de arbitragem, fica um pouco desgastante para nós que organizamos, pouca participação dos colegas da gestão, agora temos tido uma participação até mais expressiva. Os chamados temas que a gente sempre procurou colocar nos jogos, quando iniciou se fosse época de copa do mundo, de falar dos países, e aí a gente acaba conhecendo mais a cultura dos países, os meninos acabam investigando a cultura, a bandeira, apresentar alguma coisa nesse sentido e realmente esse ano é uma edição muito feliz pela escolha do tema, que é a questão do respeito de povos que deram uma contribuição muito grande para nós da área da Educação Física, as práticas corporais dos indígenas que já existiam, elas foram e serão balizadoras para algumas coisas que surgiram. Então, ver os nossos povos da Amazônia tão discriminada. Fiquei muito feliz hoje, descobri que temos um aluno chamado Tenharim. Perguntei: de onde é seu nome, e ele falou, da minha tribo, porque meu pai é Tenharim e ele contou um pouco da história dele”.

“Para mim é muito gratificante, enquanto professor, perceber que essas questões relacionadas à nossa cultura, a cultura do nosso povo indígena, no nosso país tão discriminado, nos traz uma reflexão de tudo o que a gente precisa fazer para resgatar. Não digo corrigir porque ninguém corrige os erros que foram cometidos, mas em respeito a todos os erros que aconteceram, a tudo o que nós temos de uma dívida cultural, social com os povos, acho que é muito importante nesse sentido também. Temos que trazer a galera para refletir. A ideia é sempre essa. Hoje a educação, ela está pautada nisso. Ela sempre deveria estar pautada nisso, trazer para a reflexão, permitir a participação mais efetiva e os jogos eles servem muito para isso, o congraçamento, no caso o congraçamento do Instituto Federal, dos alunos, dos professores, dos servidores, todo mundo se envolve, às vezes a participação pode mesmo não ser o que a gente esperava, mas existe um envolvimento, e existe um clamor também pelo envolvimento, um pedido pela participação dos colegas que não são da área, que os alunos, inclusive, pedem isso. Isso é muito importante. Envolver todo o corpo docente, para que os professores também se sintam pertencentes, porque o evento não é da Educação Física, é um evento da nossa Instituição. A gente às vezes sente falta disso. Aproximar todos fora das quatro paredes da sala de aula. Destaco acima de tudo a capacidade de aprender, a sensibilidade com o ser humano, a capacidade de entender que nunca você sabe tudo e saber que essa pequena parte dessa contribuição que nós deixamos, ela não deixa de ser um pouco a história da minha vida, que eu trouxe e todos nós, deixamos um legado para os colegas, para os professores. Acho que é isso, a grande ideia de que fiz e dei a minha parcela de contribuição”, finaliza o professor.

  • Esquenta_verde
  • O_professor_Olakson_com_o_time_do_Ifro
  • Olakson_nos_primeiros_jogos_do_Calama
  • Professor_Olakson_comemora_vitória_com_alunos_vencedores
  • Professor_Olakson_e_o_time_de_futsal_feminino
  • Professor_Olakson_no_JIcs
  • Professor_Olakson_no_X_JICs
Fim do conteúdo da página
Consentimento para o uso de cookies
Este site armazena cookies em seu computador. Os cookies são usados para coletar informações sobre como você interage com nosso site e nos permite lembrar de você. Usamos essas informações para melhorar e personalizar sua experiência de navegação e para análises e métricas sobre nossos visitantes. Se você recusar, suas informações não serão rastreadas quando você visitar este site. Um único cookie será usado em seu navegador para lembrar sua preferência de não ser rastreado.