Servidores do Campus Calama participam de encontro sobre território e luta antirracista em Brasília
Evento foi aberto pela Marcha das Mulheres Negras, que reuniu negros, indígenas, quilombolas e ciganos de diversas regiões do país
Servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Calama, participaram do 3° Encontro de Negras, Negros, Indígenas e Quilombolas (ENNIQ), realizado entre os dias 25 e 29 de novembro, em Brasília (DF). O evento foi promovido pelo Instituto Federal de Brasília (IFB), em parceria com o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), reunindo participantes de diferentes regiões do país para debater políticas públicas, educação antirracista, território e direitos dos povos tradicionais.
Do Calama, estiveram presentes: Alyne Lourenço; Joilson Arruda; Cledenice Blackman, Uillian Nogueira e Maria Rita Berto de Oliveira, com apoio do Sinasefe-Rondônia (Seção Integrada Porto Velho, Ariquemes e Guajará-Mirim). A abertura do encontro foi marcada pela Marcha das Mulheres Negras, realizada no Eixo Monumental, que reuniu milhares de mulheres negras, indígenas, quilombolas e ciganas, além de representantes internacionais, em defesa da reparação histórica e do bem viver.
A mobilização reforçou o protagonismo das mulheres negras na luta por direitos e visibilidade. Segundo a Professora Alyne Lourenço, a participação dos docentes do IFRO no encontro está diretamente ligada ao compromisso com uma educação pública mais inclusiva e antirracista. “O ENNIQ é um espaço de discussão sobre políticas públicas, educação antirracista e a estrutura das instituições federais em relação ao combate ao racismo e à permanência de estudantes negros, indígenas e quilombolas. A atuação do sindicato foi fundamental para viabilizar nossa participação”, resumiu.
A Bibliotecária Cledenice Blackman avaliou o encontro como uma experiência enriquecedora e necessária. Segundo ela, o evento permitiu fortalecer perspectivas pedagógicas voltadas para a equidade racial e ampliar o diálogo entre educadores comprometidos com a construção de práticas antirracistas no ensino. Ela destacou que o encontro reforçou a importância de se compreender os territórios como espaços de identidade, memória e resistência e ampliou a troca de experiências sobre políticas educacionais que valorizam a diversidade, como também contribuiu para reafirmar o compromisso ético e profissional com uma educação antirracista e socialmente justa.
Ainda de acordo com Cledenice, durante o evento, foi destacada a necessidade de ampliar a presença de mulheres negras em espaços de gestão, especialmente considerando o decreto de 2023 que estabelece a meta de 30% de pessoas negras em cargos de direção. Embora existam mulheres altamente capacitadas — inclusive de comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e ciganas — a representatividade ainda é limitada e precisa avançar.
Durante a programação cultural do evento foi também exibido o audiovisual “As aventuras de Kekey”, de Cledenice Blackman. O curta-metragem é uma animação baseada no livro infanto juvenil “Do Mar do Caribe à Beira do Madeira: A Travessia de uma Família de Barbados para o Brasil”, produzido pela servidora sobre a questão étnico-racial, que trata da imigração de famílias do Caribe inglês para a Amazônia e, particularmente, para Porto Velho.
Além da marcha, o evento contou com mesas temáticas, audiências públicas, oficinas e grupos de trabalho voltados à discussão de temas como a distribuição de cargos no serviço público, a implementação das leis de educação antirracista e indígena, a permanência estudantil e a valorização dos povos tradicionais no ambiente educacional.
Para a Professora Maria Rita Berto de Oliveira, a experiência foi marcante tanto no aspecto pessoal quanto profissional. “O ENNIQ fortalece nosso compromisso enquanto educadoras e educadores. As discussões sobre território, raça, gênero e classe dialogam diretamente com a nossa prática pedagógica e com a responsabilidade que temos dentro da escola pública”, destacou.
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