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Mestrado PROFEPT recebe liderança indígena

Publicado: Terça, 15 de Outubro de 2019, 09h33 | Última atualização em Quarta, 20 de Novembro de 2019, 10h50 | Acessos: 805

Seminário ProfEPTProfessores do Programa de Mestrado em Rede Nacional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do IFRO (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia), Campus Porto Velho Calama, tiveram a oportunidade de dialogar com Miguel Suruí, cacique do povo indígena Paiter Suruí residente da Aldeia Bethel, localizada no distrito de Boa Vista do Pacarana, em Espigão d’Oeste (RO).

O diálogo fez parte do “I Seminário ProfEPT e Povos e Comunidades Tradicionais”, desenvolvido pela coordenação local do mestrado em parceria com o Departamento de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação (Depesp) do Campus Porto Velho Calama, no dia 4 de outubro de 2019.

O objetivo do evento foi ouvir representantes de povos e comunidades tradicionais de Rondônia acerca de suas demandas de Educação Profissional e Tecnológica (EPT), apresentar as pesquisas que estão sendo desenvolvidas sobre a temática indígena no referido programa de mestrado, em escala local, e discutir formas de colaboração do ProfEPT Rondônia para com os povos originários.

O cacique Miguel Suruí falou sobre a situação da educação nas aldeias do povo suruí. “Em nossa aldeia mesmo, o professor Ibobinha Suruí é o único professor que nós temos para atender a todos os alunos, de todas as séries: cerca de 18 alunos. E não temos mais escola, o barracão que era a escola estava desabando, tivemos de derrubar. O professor dava aula no tempo [ao relento], no calor. Diante da falta de condições, a maioria dos alunos precisou mudar para escola rural do distrito”.

“Nós temos uma criança surda em nossa aldeia, que está em idade escolar, precisa ser alfabetizada em nossa língua, na língua portuguesa e na língua brasileira de sinais, para ser incluída na sociedade, para ter uma vida menos difícil, mas está desassistida. Não temos uma escola, não temos recursos, não temos professores, não temos capacitação profissional. Em nossa aldeia também não temos internet, o programa de Mediotec não chegou. Não há oportunidade de nossos alunos cursarem o Ensino Médio. A única forma é se eles forem embora para a cidade”.

Questionado pela docente do ProfEPT, Xênia de Castro Barbosa, sobre a principal necessidade da comunidade por ele representada em relação à educação, o cacique respondeu que a maior necessidade é a formação de professores para trabalhar nas escolas indígenas. Disse ainda que muitos professores da cidade não querem atuar nas aldeias e que, por isso, é preciso investir na formação docente dos próprios indígenas, sendo esta sua principal expectativa em relação ao ProfEPT e ao IFRO.

Em entrevista concedida por Miguel Suruí ao professor de Sociologia do Campus Porto Velho Calama, Cássio Alves Luz, a temática da educação pode ser aprofundada. O cacique destacou que a educação é fundamental para a sobrevivência física e cultural de seu povo, e que seu maior sonho é que as crianças e jovens de sua aldeia possam estudar, para manter a própria língua e a própria cultura, mas também para saber se relacionar com a cultura não indígena, produzir e conquistar autonomia financeira.

O cacique tem claro que as culturas estão em interação e que as pressões econômicas do tempo presente desafiam os indígenas a modernizar sua agricultura e a buscar tecnologias que promovam maior rendimento econômico, seja na agricultura, seja na exploração dos recursos naturais presentes em seus território, mas tem claro que isso deve se feito de modo alinhado à conservação ambiental e, para isso, o acesso à educação profissional e tecnológica é decisivo.

Para o professor Cássio Luz, promover a interação entre o IFRO e os povos e comunidades tradicionais é relevante para a construção de relações interculturais baseadas no respeito e na solidariedade. O professor elogiou a forma como o Seminário foi conduzido e o fato de os alunos do Ensino Médio terem tido a oportunidade de participar do evento, juntamente com os alunos do Mestrado.

O coordenador do ProfEPT, Antonio dos Santos Junior, avaliou positivamente a experiência e se colocou à disposição para planejar com os professores e estudantes do mestrado ações de apoio à educação escolar indígena, incentivando docentes e discentes a desenvolverem pesquisas sobre a temática da inclusão indígena e da formação de professores indígenas.

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