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Em meio ao ensino técnico, espaço para poesia

Publicado: Terça, 21 de Março de 2017, 14h26 | Última atualização em Quinta, 23 de Março de 2017, 08h26 | Acessos: 1788

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O dia 21 de março é Dia Mundial da Poesia. A data comemorativa foi criada durante Conferência Geral da UNESCO no ano de 1999, para promover a leitura, escrita, publicação e ensino da poesia através do mundo. E num ambiente destinado à ciência e ao conhecimento técnico, qual espaço há para a poesia?

Com formação em Letras, o Diretor de Programas e Projetos de Extensão no IFRO, Sergio Francisco Loss Franzin, acredita que na verdade a poesia está em todo lugar, “o que precisamos apenas é saber apreendê-la e transformá-la em algum tipo de linguagem nos objetos que produzimos. Portanto, sim, ela tem espaço mesmo nos contextos mais objetivos e formais que existem, nos acontecimentos cotidianos, na música, na pintura e, claro, na sua forma mais cativa, que é o verso. Nas instituições de educação profissional, seu espaço permanece, porque dele nunca saiu, mas precisa ser trabalhada como objeto de aperfeiçoamento da sensibilidade, como instrumento de condução das emoções, como forma de sacudir alguma monotonia e injetar ânimo espiritual nas relações de trabalho e estudo”.

O Coordenador de Ensino de Graduação do IFRO, Thonny Hawany, explica que em todos os cursos e níveis de ensino, as disciplinas ligadas à Língua Portuguesa podem se ocupar da Literatura, na qual existe espaço para a poesia. Apesar de não haver um movimento poético expressivo, em que envolvam publicações, recitais, com vernissage, mesmo assim sempre haverá espaço para esta forma de linguagem. “Nos novos tempos, ela está legada a conteúdos dentro de disciplinas, mas a poesia já cumpriu funções sociais muito importantes. Era a forma primitiva de registro histórico, já foi um meio de entretenimento da corte e do povo, foi grito de protesto como pode ser observado em diversos momentos. Um dos exemplos é o da Inconfidência Mineira, em que os poetas utilizaram a poesia como instrumento de denúncia contra o regime político da época. E hoje, não só dentro do Instituto, mas de forma geral, vemos a poesia esvaziada em se tratando de função social”.

Quando estava lotado no Campus Ariquemes, o professor Thonny trabalhou com poesia nacional e com “haicai”, que é um poema pequeno de origem japonesa e que com poucas palavras busca dar conta de algum tema mais amplo. Sobre a participação das turmas, ele diz que o aluno precisa ser levado a entender, “precisa ser mostrado esse lado bom da poesia. Quando se trabalha a poesia ‘arcaica’, dotada de uma linguagem não acessível por conta do próprio português da época, quando o aluno lê a poesia e não consegue atingir níveis semânticos em profundidade, não consegue perceber a significação e intenção do poeta, isso acaba sendo desestimulador. A poesia moderna tem um olhar para diversas modalidades: poesia concreta, poesia marginal, um retorno à poesia clássica numa linguagem moderna. Quando chegamos nessa função social, com temas mais modernos, os gritos sociais rompendo barreiras, preconceitos e buscando igualdade social, multicultural, percebemos que a poesia acaba ganhando a adesão do aluno”.

“A poesia é uma das formas de linguagem que os alunos, inclusive dos cursos de formação profissional, precisam desenvolver no seu cotidiano. Portanto, nem se trata de uma escolha, mas de uma necessidade nas aulas de Língua Portuguesa. Ao mesmo tempo, o trabalho com poesia alivia o peso da carga das disciplinas, motiva os estudantes e abre diversas expectativas de desenvolvimento pessoal e até profissional. Afinal, os poetas nascem o tempo todo, precisam apenas se descobrirem ou serem descobertos”, acrescenta Sergio Loss.

Completando 18 anos de criação do Dia Mundial da Poesia, o momento é também voltado a celebrar a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação. Para a servidora Débora Lima, atualmente diretora de Gestão de Pessoas, este é mais que um modo de expressar sentimentos. Um dos registros que Débora guarda foi escrito em 1995:

"Gostaria de fazer versos, mais como não tenho inspiração, escrevo somente o que sinto dentro do coração.
O que sinto? Amor
O que espero? a Paz
Quem sabe a paz cresça qualquer dia como uma rosa forme um botão e depois desabroche
Quem sabe o amor venha como a chuva, caia gota a gota até formar um temporal.
E todos amem uns aos outros, para então vivermos em um mundo de paz e amor, sem mais guerra sem mais ódio, simplesmente com o amor e esperança no coração."

(Débora Gonçalves de Lima)

A data visa fazer uma reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das habilidades criativas de cada pessoa. No Brasil, se comemora ainda o Dia Nacional da Poesia em 31 de outubro, em homenagem ao nascimento do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade, e outras datas relativas ao tema.

Quando trabalhou o tema poesia em sala de aula, no IFRO ou em outras escolas que foi professor, Sergio Loss obteve com suas turmas bons resultados em concursos e outras formas de inserção dos alunos nesta forma de trabalho da linguagem. Para ele “ser poeta hoje, assim como ser músico ou qualquer outra expressão de artista, quando tudo transparece tão trivial e mecanizado, é muito mais do que buscar dentro de si a inspiração e conduzi-la com técnica, prazer e empenho; é ser estratégico e conseguir tocar as pessoas, quando elas se abrem para isso. Precisamos de mais saraus, de mais rodas de amigos, de um pouco de fôlego diante da massificação midiática das mesmices, artificialidades e produtos de encomenda”.

"Em terra de bons leitores,
Quem tem mais literaturas
Vê com os olhos de águia.

Mineral, animal, vegetal e literário:
Amalgamando os três primeiros,
O quarto reino é o infinito.

Pelas entrepáginas dos intertextos,
Transdisciplinarizamos os contextos
Na pan-hegemonia do libertar."

(Sergio F. Loss Franzin)

 

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